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PARTICIPANTES E MÉTODOS 1 DELINEAMENTO

SÓ VALORES “NORMAIS” LEUCÓCITOS 6,71 6,83 6,85 6,

dp=1,76 dp=1,71 dp=1,68 dp=1,68 (508) (513) (309) (518) HEMOGLOBINA 14,08 14,27 14,28 14,01 dp=1,21 dp=1,29 dp=1,42 dp=1,29 (463) (469) (272) (469) UREIA 30,9 32,9 31,0 30,6 dp=6,6 dp=6,4 dp=6,8 dp=7,1 (352) (290) (199) (323) GLICEMIA 90,2 93,6 87,5 89,7 dp=11,7 dp=11,5 dp=12,6 dp=12,6 (431) (425) (262) (452) COLESTEROL 190,8 190,7 188,1 188,9 dp=18,7 dp=19,0 dp=21,5 dp=20,2 (124) (124) (64) (101) TODOS OS VALORES LEUCÓCITOS 7,16 7,43 6,96 7,19 dp=4,60 dp=5,73 dp=2,30 dp=4,58 (577) (575) (338) (600) HEMOGLOBINA 13,69 13,82 13,82 13,53 dp=1,53 dp=1,73 dp=1,76 dp=1,68 (577) (575) (338) (600) UREIA 40,1 44,9 43,2 41,2 dp=27,1 dp=28,6 dp=30,0 dp=24,6 (479) (480) (281) (491) GLICEMIA 99,4 102,5 97,1 98,2 dp=34,7 dp=31,6 dp=38,0 dp=32,6 (493) (480) (302) (516) COLESTEROL 200,8 207,9 191,2 197,6 dp=44,7 dp=48,0 dp=43,0 dp=55,2 (295) (296) (169) (260)

Temp. max. do ar (ºC) ( média) 16,3 19,1 24,3 35,8

FONTES: * Laboratório de Patologia Clínica do Hospital de S. Teotónio; ** Instituto de Meteorologia dp- desvio-padrão (… ) – número de efectivos utilizados no cálculo

Pode constatar-se que em nenhum dos parâmetros analisados foram encontradas diferenças relevantes entre os valores médios obtidos para cada um dos períodos, nem nenhuma tendência crescente ou de- crescente desses valores.

É de realçar que, na amostra de utentes da consulta externa do Hospital, no período 1- 12.Maio (durante o qual ocorreu a colheita de amostras em GE), os valores médios dos 5 parâmetros não foram inferiores aos dos dois períodos seguintes, como seria de esperar se o efeito de temperaturas eleva- das gerasse hemoconcentração.

Mesmo durante o último período,

correspondente à intensa onda de calor então ocorrida em Portugal, os valores médios não foram, em regra, mais altos do que nos períodos com temperaturas mais baixas.

Saliente-se ainda que este padrão teve lugar tanto na comparação das médias do conjunto de todos os valores como na comparação apenas dos valores “normais”. Por outro lado, deve salientar-se que também a variabilidade dos valores, apreciada pelos desvios-padrão, não mostrou, em regra, diferenças relevantes entre os quatro períodos de tempo considerados.

Assim, afigura-se adequado concluir que as temperaturas do ar na altura das colheitas não terão induzido vieses nas comparações dos parâmetros biológicos obtidos nos grupos GE e GN e, consequentemente, não afectaram as comparações dos parâmetros biológicos obtidos nos grupos GE e GN.

1.2.3.2 -Possível efeito do período de fé- rias na constituição da amostra GN

As entrevistas e colheitas de amostras biológicas em várias freguesias GN (Sátão e Campo) tiveram lugar em período de férias (Julho e Agosto de 2003) ao contrário do que aconteceu com GE em que o trabalho de campo se estendeu do final de Abril a meio de Junho.

Por outro lado, a percentagem de não- respondentes foi apreciável tanto em GE (34,4%) como em GN (42,0%).

É igualmente provável que, parte das não- respostas por “impossibilidade de contacto” estejam relacionadas com ausências ocasionais dos indivíduos devido a férias. Pode também admitir-se que, prova- velmente, os indivíduos que se ausentam para férias são, em geral, mais saudáveis do que aqueles que o não fazem. Por isso, os seus parâmetros e características terão valores, em média, mais próximos dos valores “normais”.

Se esta situação for real pode ocorrer um potencial viés na comparação entre GE e GN. Com efeito, os não-respondentes da amostra GN poderão incluir uma proporção apreciável de indivíduos em férias e, por isso, eventualmente mais saudáveis. Tal selecção não terá acontecido com GE já que a abordagem dos indivíduos desse grupo aconteceu antes do período de férias. Então, em GN, as médias dos parâmetros laboratoriais poderão estar artificialmente desviadas no sentido de valores anormais, já que os indivíduos “doentes” poderão estar sobre-representados e os “saudáveis” sub– representados.

O mesmo poderá ocorrer no que respeita às percentagens de indivíduos com determina- das doenças ou características “anormais”.

Não é possível excluir a existência deste viés. Saliente-se, contudo, que o seu efeito tenderia, sempre a diminuir as diferenças entre GE e GN (tendo o GE médias ou per- centagens desviadas no sentido da “anor- malidade”).

Em suma, seja qual for o parâmetro ou característica considerada, nenhuma das diferenças encontradas, estaria diminuída ou anulada por este potencial viés. Pelo contrário, o viés, a existir, poderá estar a diminuir ou mesmo a anular diferenças que eventualmente existam entre os dois grupos de comparação.

2 - A EXPOSIÇÃO À MINA DA URGEI- RIÇA E À RESPECTIVA ESCOM- BREIRA PODE SER CAUSA DAS DIFERENÇAS ENCONTRADAS?

Os resultados mostram uma forte evidência de que existem, de facto, diferenças na maioria dos parâmetros usados na comparação de GE com os grupos de comparação. O acaso não explica essas diferenças e há evidência que também não são facilmente explicáveis pelos potenciais vieses enunciados atrás.

Assim sendo, a exposição da população de Canas de Senhorim à mina e à escombreira apresentam-se como causa provável das diferenças encontradas. Essa constituía, aliás, a exposição sob suspeita, tida em conta nos objectivos e no delineamento do estudo.

No entanto, outra exposição ambiental poderia explicar as diferenças. Com efeito a Companhia Portuguesa de Fornos Eléctricos funcionou durante largos anos, em Canas de Senhorim, expondo a população a níveis elevados de poluição do ar.

Esta empresa produzia silício a partir de quartzo e dava origem a um elevado empoeiramento da atmosfera como resulta- do do funcionamento dos seus fornos. Tanto quanto foi possível apurar, a sílica era a componente dessa poluição mais preocu-

pante para a saúde. É pouco provável que a exposição à poluição atmosférica gerada pela CPFE esteja na origem das diferenças encontradas entre a população de Canas de Senhorim e as das freguesias de comparação.

Com efeito, seria difícil que uma exposição a poluentes atmosféricos, por via inalatória, de natureza profissional, ou não, estivesse na origem de efeitos tão diferentes e específicos como a diminuição das funções tiroideia e reprodutiva ou as alterações hematológicas.

Por outro lado, não foi possível identificar outras exposições, actuais ou passadas, que afectando a população de Canas de Senhorim, pudessem explicar as diferenças encontradas.

3. RESULTADOS AINDA NÃO DISPO- NÍVEIS

Importa notar que os resultados referentes às alterações cromossómicas e a parte das determinações de 210Po no cabelo não

constam deste relatório, visto que só estarão disponíveis no final do ano de 2005.

Esses resultados serão um complemento importante para as conclusões deste estudo, embora não invalidem os resultados apresentados no presente relatório.

CONCLUSÕES