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4.2 CARACTERÍSTICAS DO EFLUENTE DO WETLAND CONSTRUÍDO

4.2.2 Sólidos Suspensos Totais

Os parâmetros analisados quanto a sólidos suspensos totais (SST), sólidos suspensos voláteis (SSV) e sólidos suspensos fixos (SSF) e seus respectivos valores de média aritmética, desvio padrão e eficiência estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Concentração média, desvio padrão e eficiência - Ef (%) dos parâmetros de qualidade do efluente, quanto aos SST, SSV e SSF.

Unidades SST SSV SSF

Entrada Saída Ef Entrada Saída Ef Entrada Saída Ef

WC1 578 ± 106 346 ± 54,2 41 444 ± 95,7 276 ± 70,2 40 134 ± 87,5 71 ± 77,5 43 WC2 578 ± 106 321 ± 73 44 444 ± 95,7 251 ± 73,2 43 134 ± 87,5 82 ± 76,8 39 WC geral 578 ± 106 289 ± 51,8 50 444 ± 95,7 240 ± 61,5 46 134 ± 87,5 70 ± 54,3 48 -Para todos os parâmetros a unidade adotada é mg/L, com exceção de Eficiência – Ef (%).

-Eficiência expressa em concentração: (concentração afluente – concentração efluente)/concentração afluente.

Da mesma forma que para os parâmetros relativos à remoção de matéria orgânica, as concentrações de sólidos suspensos (SST, SSV e SSF) presentes no efluente do filtro anaeróbio e dos WC foram bastante removidos. O efluente, após o

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filtro anaeróbio, apresentava concentrações médias de SST, SSV e SSF relativamente altas, 578, 444 e 134 mg.L-1, respectivamente. Após o tratamento via WC, o efluente geral da ETE “Bacia D” apresentou concentrações médias de SST de 289 mg.L-1, SSV de 240 mg.L-1 e de SSF de 70 mg.L-1. Apresentando uma eficiência média de remoção de 50 % para SST, 46 % para SSV e 48 % para SSF.

As Figuras 4.6 e 4.7 mostram o gráfico boxplot da eficiência e da evolução dos dados de SST e SSV durante o período monitorado para o efluente do filtro anaeróbio (entrada dos WC) e dos wetlands construídos. Os gráficos boxplot mostram os dados estatísticos com valores mínimos, máximos e média, e quartis inferior (25 % percentis) e superior (75 % percentis).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

Observou-se o elevado aporte de sólidos suspensos totais nos wetlands construídos decorrente do mau desempenho do filtro anaeróbio utilizado como pré-tratamento (ver Tabela 2, Figura 4.6). Cerca de 75 % dos dados de concentração de sólidos suspensos no efluente do filtro anaeróbio, encontram-se na concentração inferior de 668 mg.L-1. Essa elevada concentração dos sólidos afeta diretamente o desempenho dos wetlands construídos a longo prazo, não só na remoção dos sólidos, mas também da maioria dos outros parâmetros, por exemplo o nitrogênio. O aporte excessivo de sólidos no sistema de WHFSS pode contribuir consideravelmente para a colmatação do meio filtrante e afetar o desempenho geral (DE PAOLI, 2010, 2013; VON SPERLING, 2014).

Figura 4.6 - Gráfico tipo boxplot, destacando as concentrações efluentes de SST e SSV do filtro anaeróbio e dos wetlands construídos.

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Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

A Figura 4.8 apresenta a série temporal da evolução dos dados de SST e SSV durante o período monitorado para o efluente do filtro anaeróbio (entrada dos WC) e dos wetlands construídos.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

Vimos pelas Figuras 4.7 e 4.8 que a eficiência das unidades de WC da ETE “Bacia D” do Bairro Aparecida foi constante durante o período do monitoramento, registrando uma eficiência média de remoção dos sólidos suspensos para as unidades WC1, WC2 e WC geral de 41, 44 e 50 % para SST e 40, 43 e 46 % para SSV, respectivamente. Tais resultados evidenciam a capacidade de retenção de sólidos suspensos nas unidades de wetlands construídos. Os parâmetros SSV e SSF tiveram Figura 4.7 - Gráfico tipo boxplot, destacando as eficiências de remoção de SST e

SSV dos wetlands construídos.

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retenção semelhante que o SST nas unidades de WC, quanto à eficiência de retenção dos sólidos no leito filtrante.

Ainda tratando dos riscos do aporte excessivo de sólidos no leito filtrante, ou seja, a obstrução dos poros, tendo, agora, como base a taxa de carregamento de sólidos recomendável para WHFSS, Wojciehowska et al. (2010) propuseram valores máximos de 54 kg.ha-1.d-1 de SST, enquanto a Usepa (2000) e o German Guideline ATV-AG62, citados por Wojciehowska et al. (2010), sugerem concentração máxima no afluente de 100 mg.L-1 de SST.

Com um aporte médio de 578 mg.L-1 de SST nas unidades de wetlands construídos, aproximadamente um valor seis vezes superior ao recomendado, as unidades deste estudo apresentaram resultados satisfatórios para remoção da série de sólidos analisados, durante o período do monitoramento.

Essa retenção de sólidos nos sistemas de wetlands construídos ocorre principalmente através do processo de coagem das partículas no meio poroso que atua como um verdadeiro meio filtrante (DE PAOLI, 2010; KADLEC; WALLACE, 2009; MATOS, 2015; ANSARI et al., 2016). Mesmo com uma eficiência média de 41, 44 e 50 % para as unidades WC1, WC2 e WC geral, respectivamente na retenção dos sólidos suspensos totais, os wetlands construídos foram alvo do fenômeno natural denominado de colmatação, o qual teve suas primeiras ocorrências no terceiro mês do monitoramento (outubro), ou no oitavo mês de seu funcionamento. Este fenômeno consiste no aparecimento de escoamento superficial nas unidades, no qual deveria ser subsuperficial, onde já foi explicado no item 2.3.1.

O alto aporte de SST (578 mg.L-1) diminuiu consideravelmente a vida útil do material filtrante presente nas unidades de WC deste estudo, em que foram registrados os primeiros indícios de escoamento superficial no mês de outubro em uma das quatro unidades de WC. Já nos meses seguintes também apresentaram escoamento superficial nas demais unidades e, com aproximadamente um ano de operação (janeiro 2017) as unidades de WC não suportaram a alta sobrecarga dos SST, sendo necessário a interrupção de duas unidades para fazer a manutenção. A manutenção foi executada, substituindo o material filtrante areia por pedrisco, afim de aumentar a condutividade hidráulica na última etapa do leito filtrante e consequentemente uma maior velocidade de escoamento do esgoto ocorre, diminuindo a possibilidade de gerar escoamento superficial.

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As unidades de WC apresentaram melhor desempenho nos meses iniciais de sua operação, segundo De Paoli (2010) o rápido desenvolvimento das macrófitas e presença das raízes nos interstícios do meio filtrante, diminuem a porosidade do meio e retém um maior número de partículas. Em contrapartida a presença das plantas pode interferir no desempenho do sistema plantado ao longo da operação, piorando a eficiência de remoção dos SST, devido aos restos vegetais sob o leito e no seu interior (sistema radicular em decomposição) nos períodos pós-poda. Este comentário está de acordo com a USEPA (2000), que afirma que os sólidos no efluente das wetlands não são os mesmos que estavam no afluente, mas, certamente, são materiais convertidos ou produzidos dentro do próprio sistema.

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