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Súmula e impossibilidade de ADPF: Os enunciados das súmulas dos tribunais não podem ser concebidos como atos do Poder Público lesivos a preceito fundamental, não podendo

ser objeto de ADPF. Isso é porque os enunciados de súmula não são normas obrigatórias, mas orientações de como os tribunais costumam julgar determinados temas (STF, ADPF 80/DF- AgR).

3) O STF decidiu que não podem ser alcançados pela eficácia da decisão de ADPF (liminar ou definitiva) os efeitos de sentenças já transitadas em julgado ou convalidadas por lei superveniente (ADPF 79/PE-AgR).

§ 2.º – As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela EC n.º 45/04)

§ 3.º – No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros (Incluído pela EC n.º 45/04).

46 Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (Redação da EC n.º 45/04)

I – o Presidente da República; II – a Mesa do Senado Federal;

III – a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV – a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (Redação da EC n.º 45/04)

V – o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (Redação da EC n.º 45/04) VI – o Procurador-Geral da República;

VII – o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII – partido político com representação no Congresso Nacional; IX – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

O elenco do art. 103 indica não só os legitimados ativos para o ajuizamento da ADI genérica e da ADC, mas também os legitimados da ADI por omissão (CF, art. 103, § 2.º) e da ADPF (art. 102, § 1.º, da CF, e art. 2.º, I, da Lei n.º 9.882/99).

Essas são quatro das cinco ações de controle de constitucionalidade concentrado, abstrato e principal admitidas pelo Direito brasileiro. Apenas a última dessas ações, a ADI interventiva (CF, art. 34, VII, combinado com o art. 36, III), possui uma legitimidade diferenciada, considerando que apenas o procurador-geral da República pode ajuizá-la.

Apesar de a CF não ter feito qualquer distinção entre os legitimados do art. 103, a jurisprudência do STF passou a exigir de alguns legitimados a demonstração de um vínculo entre a matéria impugnada na lei e as suas finalidades institucionais ou objetivos estatutários, a que se deu o nome de pertinência temática.

O STF passou, então, a reconhecer dois tipos de legitimados:

a) os legitimados neutros ou universais, que não precisam comprovar a sua pertinência temática, podendo ajuizar ADI em face de leis e atos normativos, independentemente do seu conteúdo, pois presumidamente possuem pertinência temática sobre qualquer matéria; e

b) os legitimados interessados ou especiais, que devem demonstrar a existência de um vínculo entre a matéria impugnada na lei e as suas finalidades institucionais ou objetivos estatutários específicos. Exs.: o governador, ao ajuizar uma ADI, deve demonstrar que a lei impugnada tem repercussão no seu estado; a entidade de classe de âmbito nacional somente pode ajuizar ADI para impugnar matéria relacionada com os interesses dos seus associados.

Para o STF, os legitimados universais são: o presidente da República, as Mesas do Senado e da Câmara, o PGR, o Conselho Federal da OAB e os partidos políticos com representação no Congresso Nacional.

Já os legitimados especiais são: o governador de estado (e do DF), as mesas de assembléia legislativa (e da Câmara Legislativa do DF), as confederações sindicais e as entidades de classe de âmbito nacional.

Para o partido político ter legitimidade para ajuizar ADI, basta ele possuir um deputado federal ou senador no momento da propositura da ação. De acordo com o STF, a perda superveniente dessa representação no Congresso não prejudica a ADI nem desqualifica o partido a continuar como autor da ação (ADI 2.427/PR).

§ 1.º – O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.

§ 2.º – Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

O presente dispositivo prevê a ADI por omissão, que foi introduzida no Direito brasileiro pela CF/88 (juntamente com o mandado de injunção — CF, art. 5.º, LXXI). A introdução dessas ações que combatem a inconstitucionalidade por omissão se deve ao

47 entendimento de que o desrespeito à Constituição tanto pode ocorrer por ação estatal, quanto por inércia governamental.

O objetivo, portanto, da ADI por omissão e do mandado de injunção é dar plena efetividade às normas constitucionais que dependem de uma atuação do administrador público ou de uma regulamentação legislativa para serem aplicadas na prática (denominadas de normas constitucionais de eficácia limitada, na classificação do prof. José Afonso da Silva).

ADI por omissão (CF, art. 103, § 2.º)

Mandado de injunção (MI) (CF, art. 5.º, LXXI) - É hipótese de controle abstrato,

concentrado e principal de

constitucionalidade.

- É hipótese de controle difuso, concreto e incidental de constitucionalidade.

- Os legitimados ativos são os previstos no art. 103 da CF/88.

- Qualquer pessoa física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, prejudicada com a falta da norma regulamentadora da CF pode impetrar o MI.

- Só pode ser ajuizada no STF (ou no TJ, se for criada uma ADI por omissão estadual pela constituição do estado-membro).

- Pode ser impetrado no: STF (art. 102, I, q), STJ (art. 105, I, h), TRE com recurso para o TSE (art.121, § 4.º, V) e TJ (art.125, § 1.º). - Seu objetivo é declarar a mora do

legislador ou do administrador público e exigir a elaboração da norma regulamentadora da CF.

- Seu objetivo não é exigir a elaboração da norma, mas dar o direito constitucional ainda não regulamentado no caso concreto.

§ 3.º – Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.

§ 4.º – (Revogado).

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela EC n.º 45/04)

A súmula vinculante (SV) foi entregue exclusivamente ao STF (e não a qualquer outro tribunal brasileiro). A partir desse dispositivo, a Suprema Corte brasileira poderá:

a) mediante dois terços dos seus membros (i.e., oito Ministros);

b) editar uma súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial (efeitos, portanto, ex nunc, não retroativos);

c) produzirá os mesmos efeitos vinculantes já previstos para a ADI e a ADC (CF, art. 102, § 2.º);

d) ou seja, que vinculam os demais órgãos do Poder Judiciário (não vinculando o próprio STF, que poderá cancelar ou revisar o seu conteúdo) e toda a administração pública direta e indireta das esferas: federal, estadual, distrital e municipal.

§ 1.º – A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.

§ 2.º – Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.

48 § 3.º – Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de quinze membros com mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo: (Redação dada pela EC n.º 61/09)

I – o Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela EC n.º 61/09) II – um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal; III – um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal;

IV – um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;

V – um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;

VI – um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;

VII – um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;

VIII – um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;

IX – um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;

X – um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República;

XI – um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;

XII – dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

XIII – dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

§ 1.º – O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela EC n.º 61/09)

§ 2.º – Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. (Redação dada pela EC n.º 61/09)

§ 3.º – Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal.

A EC n.º 45/04 criou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com o claro objetivo de controlar as atividades do Poder Judiciário, nos seus aspectos administrativos e financeiros, além de zelar pelo cumprimento dos deveres funcionais dos magistrados.

Ressalte-se que não será tolerada a intervenção desse Conselho no mérito da atividade jurisdicional exercida pelos juízes, mas tão-somente no controle dos atos administrativos do Judiciário e na fiscalização do cumprimento dos deveres funcionais pelos magistrados, aplicando-lhes sanções disciplinares, quando for o caso.

O CNJ foi idealizado com quinze membros: nove juízes e seis não juízes, i.e., com uma maioria de membros do Judiciário, considerando que esse Conselho é órgão integrante da estrutura do Poder Judiciário nacional (CF, art. 92, I-A).

A EC n.º 61/09 produziu pequenas modificações na composição do Conselho Nacional de Justiça, a saber:

a) O CNJ terá como membro o ministro-presidente do STF (e não mais um ministro do STF, indicado por esse Tribunal).

b) O CNJ será presidido pelo presidente do STF e, em suas ausências e impedimentos, pelo vice-presidente do Supremo.

c) Não são todos os membros do CNJ que precisam ser nomeados pelo presidente da República, após aprovação da escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, pois o

49 presidente do STF é automaticamente membro do CNJ, sem necessidade de sua nomeação pelo chefe do Poder Executivo federal ou de sabatina pelo Senado Federal, de acordo com o novo § 2.º do art. 103-B da CF.

Os membros do CNJ serão julgados pelo Senado Federal, em relação aos crimes de responsabilidade que cometerem (CF, art. 52, II).

MEMBROS DO CNJ