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1. OS CAMINHOS DA AVALIAÇÃO

1.1. O campo de investigação

1.1.5. Saúde, Educação e Índices de desenvolvimento

Também em relação à saúde os dados são insuficientes para uma análise que corresponda à realidade do município, sendo identificados apenas os indicadores em relação a nascimento e óbitos de criança e a incidência de Acidente Vascular Cerebral - AVC em adultos, no ano de 2015. Assim, conforme dados do IPECE, foram registrados, 144 nascidos vivos, e 3 óbitos de crianças menores de 1 ano de idade. Em relação à incidência de AVC, em adultos, o registro é de 02 casos.

No setor de educação, o município dispõe do ensino pré-escolar e fundamental da rede municipal, e o ensino médio, da rede estadual de ensino. A pesquisa do IBGE Cidades aponta que no ano de 2015 foram realizadas 2.961 matrículas escolares, sendo 324 matrículas no pré-escolar, 2.027 no ensino fundamental, e 610 no ensino médio, distribuídas em 27 escolas, sendo 12 do ensino pré-escolar, 14 do fundamental e 1 do ensino médio. Para compreender melhor a situação do município no setor de educação, foi realizada uma análise comparativa do fluxo de matrículas escolares nos períodos de 2009, 2012 e 2015, conforme gráfico 7, abaixo:

G7. MATRICULA ESCOLAR EM MARTINÓPOLE - PERÍODOS 2009/2012/2015

Fonte: IBGE Cidades. Elaboração própria

O gráfico demonstra que o maior número de matrículas é no ensino fundamental, mesmo apresentando redução de matrículas, de um período para

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

Pré - escolar Fundamental Médio

Matrícula escolar

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outro. O ensino pré-escolar também apresenta redução de matrículas. O ensino médio apresentou elevação do número de matrículas em 2012 e redução no período seguinte. A análise revela que a situação da educação no município é controversa, pois existe apenas um estabelecimento de ensino do nível médio para atender toda a demanda do ensino fundamental, embora tenha apresentado elevação do número de matrículas no período anterior, o movimento indica baixo investimento no setor, com predominância do nível de escolaridade no ensino fundamental.

A análise do desenvolvimento social dos municípios cearenses, de acordo com o IPECE, considera dois aspectos básicos: a oferta de serviços públicos na área social, identificada pelo Índice de Desenvolvimento Social de Oferta (IDS-O), e indicadores de resultados, mensurada pelo Índice de Desenvolvimento Social de Resultado (IDS-R). Para cada um desses aspectos, propõe-se um índice sintético que contempla quatro dimensões fundamentais: educação, saúde, condições de moradia, emprego e renda. A partir da definição desses índices, então, será possível identificar quais são os fatores de oferta que mais influenciam os resultados em geral ou em relação a cada dimensão considerada. Assim, o município registra em 2009 o IDS-O com valor de 0,361 e o IDS-R com valor de 0,466, ocupando, respectivamente as posições de 130 e 122 no ranking estadual, conforme escala abaixo, de elaboração própria, para melhor visualização e análise da situação geral do município.

Escala da posição de Martinópole IDS-R e IDS-O no ranking estadual – 2009

1 50 100 122 130 150 184

Alto Médio Baixo Muito baixo

IDS-R IDS-O

Outro índice de desenvolvimento identificado para o município, em 2010, é o índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com valor de 0,599, ocupando a posição 133 no ranking estadual; em 2012 o Índice de Desenvolvimento Municipal (IDM), a partir dos aspectos fisiográficos, fundiário e agrícolas; demográficos e econômicos; infraestrutura e sociais, apresenta o valor de 22,47, ocupando a posição 99 no ranking estadual, conforme escalas abaixo:

Escala da posição de Martinópole IDH no ranking estadual – 2010

1 50 100 133 150 184

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Escala da posição de Martinópole IDM no ranking estadual – 2012

1 50 99100 150 184

Alto Médio Baixo Muito baixo

De um modo geral, podemos dizer que essas posições do município o classifica em situação de baixo desenvolvimento social.

Poderíamos, a princípio, considerar esses dados satisfatórios para uma conclusão sobre o desenvolvimento local, no entanto, optamos em observar estudos mais profundos sobre desigualdade e exclusão social, confirmando-se que a situação do município é bastante desfavorável. Pochmann e Amorim (2003) afirmam que há, no Brasil, uma ampla selva de exclusão social, apresentando-se, de forma mais clara, nas regiões Norte e Nordeste, onde se expressam manifestações da forma mais brutal de exclusão, a “velha” exclusão social, caracterizada pela fome, famílias numerosas em situação de grave pobreza e analfabetismo. Também nessas regiões são registrados alguns “acampamentos” de inclusão social, todavia em menor quantidade.

Para a confirmação dessa afirmativa, os estudiosos desenvolveram oito indicadores que revelam a desigualdade entre os acampamentos de inclusão social e a imensa selva de exclusão social no Brasil. O primeiro indicador mensura a participação de cidadãos com até 19 anos de idade no total da população; o segundo afere a existência de analfabetismo; o terceiro mede o nível de instrução do chefe de família; o quarto mede a participação dos assalariados em ocupações formais; o quinto, afere a violência local; o sexto, mede a pobreza; o sétimo mede a desigualdade; e finalmente o oitavo, mede o índice de exclusão social. Os indicadores apontam índices que variam de 0.0 a 1.0, sendo que quanto mais próximo de 1, melhor a posição; assim, a partir do conjunto de indicadores foi desenvolvido um ranking nacional, com a posição de cada município brasileiro, no ano de 2000, sendo possível identificar a situação do município de Martinópole, conforme quadro 1:

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Q1.POSIÇÃO DE MARTINÓPOLE NO ÍNDICE DE EXCLUSÃO SOCIAL NO BRASIL - 2000

Município de Martinópole

Indicadores índice Indicadores índice

Pobreza 0,147 Emprego Formal 0,045

Juventude 0,445 Violência 1

Alfabetização 0,518 Desigualdades 0,014

Escolaridade 0,249 Exclusão 0,318

Posição no ranking nacional: 4.906

Fonte: Pochmann e Amorim (2003). Elaboração própria

A análise dos índices dos indicadores do município de Martinópole traz como positivo o indicador de violência, no entanto, nos demais, o município apresenta índices desfavoráveis, o que o levou a ocupar uma das últimas posições no ranking nacional, uma vez que o país apresentava, na data da pesquisa, um total de 5.507 municípios. A pesquisa de Pochmann e Amorim confirma o que já se sabia de antemão a respeito do município, que, pela sua localização e características socioeconômicas, pertence à “selva” de exclusão social da região nordeste.

Compreendemos que diante desse cenário, o desafio da Política de Assistência Social é apresentar ações que contribuam para a busca da autonomia e o fortalecimento da cidadania, de modo que seja possível mudar a figura do município, construindo um novo cenário, de crescimento e desenvolvimento econômico e social. A mudança não se faz apenas no aspecto econômico, mas sobretudo no aspecto político, que é fundamental para a implementação das ações necessárias para que a cidadania seja uma realidade palpável, uma vez que,

Alterar a configuração geoeconômica do Brasil não é simples e tão- somente estimular a produção, incentivando o espalhamento da lógica industrial no nordeste e norte brasileiros. Vai além, significa enfrentar e eliminar velhas práticas políticas e implementar ações sociais que resgatem a cidadania da população excluída, dando-lhe as condições para a sua emancipação econômica. (POCHMANN; AMORIM, 2003 p. 75)

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