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Capitulo III – Comunicação em Saúde

3.1. Saúde Pública

Existem diferentes perspetivas sobre o conceito de Saúde Pública (Pires & Fernando Molinos, 1987) porque as pessoas não são vazias de saber e como tal cada um à sua maneira acaba por fazer inferências sobre o conceito. Elas agem e reagem porque têm a capacidade de reflexão e a autonomia para pensar, independentemente dos seus atributos ou estratos sociais a que pertencem.

Para uns é algo não muito bem definido, confuso e até quase complicado que não lhes diz respeito direto ou imediato. Para outros, pertence ainda ao campo em que o saber da saúde se volta para o campo daquilo que é o coletivo e pertença de todos. Outros ainda, é tudo isso e mais ainda. É um setor da sociedade, à semelhança daquilo que é a educação ou a habitação, algo que se desenvolve na própria sociedade.

Desta forma, estes dois autores definem a Saúde Pública como que tudo isto que foi referido sejam linhas de pensamento que levam a um tipo de reflexão e compreensão. O que dita a compreensão é o tipo de interesse que é manifestado e que produz à adoção de uma determinada postura para um determinado resultado.

Parece um pouco confuso, mas aquilo que os autores defendem é que para podermos definir este conceito de Saúde Pública temos que perceber qual o grau de interesse e envolvência que existe com o

mesmo, porque se perguntarmos a um profissional de saúde o que significa para ele Saúde Pública a resposta, certamente, que será diferente da de um cidadão anónimo completamente saudável.

Ou seja, quero com isto dizer e acompanhando a linha dos autores, que aquilo que condiciona o interesse tem a ver com o papel que o individuo desempenha na sociedade. Se um profissional de saúde encara a noção de saúde pública com uma postura igualmente profissional e de dever de proteção e ajuda para com os cidadãos. Da mesma forma a procura pela solução também está relacionada com o desempenho desse papel na sociedade, ou seja, uma preocupação voltada para o grupo.

Se olharmos numa perspetiva política, no sentido de preocupação social, pensamos como um recurso humano, que orienta e dinamiza a vida em sociedade ao mesmo tempo que viabiliza a coexistência social, pensamos numa postura voltada para o grupo enquanto classes sociais, que procura soluções voltadas para o bem social a partir dos interesses de cada individuo.

De fato falar de problemas de ordem de Saúde Pública é falarmos de questões relacionadas com as estruturas que fazem parte desse sistema e que compõem o funcionamento dos serviços de Saúde Pública. Em Portugal este é um papel desempenhado pelo Estado, tal como foi referido no capítulo anterior no ponto da Saúde em Portugal, o papel do Estado é também zelar pela saúde do povo português usando mecanismos de controlo e acesso a todos os cidadãos reduzindo desigualdades, tentando do mesmo modo gerir verbas para essas estruturas. Para estes autores a resolução dos problemas de Saúde Pública passa pela mudança na forma de organização das próprias sociedades.

3.1.2. Advocacia

A advocacia em Saúde, ou a defesa da Saúde, é uma estratégia para aumentar os níveis de familiaridade com a saúde e promover a saúde e o acesso a serviços de cuidados de saúde e saúde pública de qualidade num nível individual e comunitário. A partir do momento em que é possível ciar compromissos entre entidades políticas de apoio, órgãos sociais e sistemas sociais que levam à sua aceitação torna-se possível criar essa tal mudança nas estruturas das sociedades51.

Para o ECDC52 este modelo de defesa da saúde pode ser adotado numa dimensão educativa quando são identificadas questões emergentes de saúde pública que exijam ação não só entre as entidades competentes, mas também a cooperação entre os próprios cidadãos.

Mas então chegamos a uma outra questão ainda mais pertinente: o que é que devemos considerar como um assunto de Saúde Pública? Será que tudo o que tem a ver com a Saúde Pública interessa? Talvez sejam questões que possam perder a sua força com o tempo se para isso houver um princípio básico de educação em saúde em que as pessoas são informadas e orientadas para boas práticas e bons comportamentos em saúde.

3.2.3. Educação para a saúde

De acordo com ECDC, mais uma vez, uma das principais tarefas de educação em saúde é informar os diferentes grupos sociais sobre os estilos de vida e comportamentos que ajudam as pessoas a prevenir

51 ECDC; Disponível em: http://www.ecdc.europa.eu/en/healthtopics/health_advocacy/Pages/index.aspx, consultado em 12 de

Maio de 2013

várias doenças. Neste sentido, visa influenciar o conhecimento, atitudes e comportamentos ligados à saúde de forma positiva. É um processo que ensina as pessoas a tomarem conta da sua própria saúde e da de outras pessoas bem como adotar comportamentos preventivos.53

A educação em saúde é todo o conjunto de atividades que envolvem a informação sobre saúde às pessoas e tenta preencher a lacuna entre o que sabemos sobre a saúde e o que as pessoas realmente praticam. A Educação em Saúde pode ser feita em qualquer lugar, desde o espaço da família até às escolas e centros de cuidados de saúde através de profissionais de saúde, no trabalho em ações de formação ou ainda nos supermercados através de promoções, por exemplo. (Zarcadoolas et al; 2006) Todo este percurso que tenho vindo a descrever conduz a um ponto que considero essencial das nossas sociedades de hoje em dia. As desigualdades sociais e as diferentes dificuldades que existem no acesso à informação em saúde e a forma como essa informação é compreendida e usada para benefício próprio, ou seja, refiro-me à literacia em saúde e a capacidade de fazer uso dessa literacia por parte dos cidadãos comuns. Na prática aquilo que quero dizer é que nem compreendem as instruções médicas, nem têm a mesma capacidade de leitura e compreensão dos folhetos que acompanham os medicamentos.

De forma simplificada a literacia em Saúde é a capacidade que um individuo tem de aceder e utilizar de forma eficaz as informações relativas a Saúde no sentido de promover54 e manter uma boa saúde e ao mesmo desenvolver a capacidade de tomar as decisões por si próprio em prol de uma saúde cada vez melhor.

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