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4 FORMAÇÃO INICIAL DO PEDAGOGO E A EXPERIÊNCIA NO PIBID

4.3 Construção de saberes na formação inicial a partir do Pibid

4.3.4 Saberes de formação profissional

Para Tardif (2014, p. 37), os saberes de formação profissional são “saberes destinados à formação científica ou erudita dos professores, e, caso sejam incorporados à prática docente,

esta pode transformar-se em prática cientifica”, assim é o conjunto de saberes transmitido pelas instituições de formação.

Nesta subcategoria, intenciona-se destacar o que as bolsistas e ex-bolsistas apresentam como saberes de formação profissional. Estes saberes se constituem como o conjunto de informações apreendidas durante a formação inicial, o que compreende não apenas conhecimentos curriculares e disciplinares, mas ainda aqueles que advém de sua vivência na universidade, e também aquilo que a instituição formadora proporciona, como cursos, seminários, congressos, debates, entre outros.

No que concerne à percepção das alunas e ex-alunas sobre sua formação inicial como profissionais e/ou futuros profissionais, elas afirmaram que o curso de Pedagogia da UFC

oferece uma boa formação, como indicam a EB1 “a UFC tem um curso bom,...”e B2 “mas eu considero como um curso muito bom tem professores que são realmente bons na sua área”.

Em contrapartida, elas também denunciaram que o curso apresentava lacunas, assim como alguns pontos que sugeriam melhorias no que diz respeito ao tema da inclusão. Como já mencionado anteriormente, a discussão sobre o assunto é abordado de forma tímida na universidade, e se centraliza em alguns ambientes, e nem todos os alunos do curso têm acesso.

Nesta pesquisa, destaca-se também o caráter proativo do sujeito participante do Pibid. Tendo em vista que ele tem a oportunidade de agir de modo autônomo ao longo de sua atuação na escola, assim como de participar de eventos científicos, apresentar trabalhos e se envolver com pesquisas.

Constatou-se que, apesar dos sujeitos deste estudo reconhecerem que o curso oferece uma boa formação, eles se queixaram que ela é frágil e superficial e que não prepara o aluno para atuar em sala de aula como professor. O relato de EB2 reafirma esse sentimento de despreparo para atuar como professora, na medida em que ela sugere que “me tornei professora enfrentando as demandas da escola”. A B1 corrobora com essa posição de EB2 ao

afirmar que “muitos colegas meus estão terminando agora e fizeram só educação inclusiva ou educação especial, não têm muita noção de entrarem em sala com alunos com deficiência ou então alunos que têm dificuldades …” (B1).

Tomando como referência os trechos destacados, infere-se que a formação inicial do curso de Pedagogia da UFC parece não atender às necessidades dos alunos em relação à realidade escolar que acolhe pessoas com deficiência nas salas de aula comuns. A fragilidade da formação docente poderá ocasionar desistências do magistério, além de interferir na qualidade do ensino. No que concerne ainda às fragilidades apresentadas na formação inicial, a EB1 se refere à intenção do curso de formar do profissional polivalente:

Querem formar um profissional polivalente, mas sem aprofundar em nenhuma área, fica um profissional totalmente solto, com conhecimentos básicos de várias áreas e profundidade zero em nenhuma, a não ser que você queira escolher um desses temas e você mesmo buscar cursos, buscar leituras, buscar se envolver em bolsas, buscar realmente gastar tempo para se aprofundar, porque eu acredito que com esse currículo nosso se forma um pedagogo muito superficial, muito. Ele conhece as teorias da educação, conhece um pouco de docência, um pouco de didática, um pouco de inclusão, um pouco de educação infantil, mas nada realmente de substância para atuar de fato naquela área específica. EB1

[...], então se eu fosse caracterizar essa formação, a minha formação docente, eu não daria tanto mérito a UFC, eu daria mérito a mim e às pessoas que me ajudaram a crescer, porque a UFC tem um curso bom, tem, claro que tem, uma das melhores universidades do país não poderia ser diferente, mas ela poderia investir muito mais na formação do pedagogo, quem é o pedagogo? (EB1)

As queixas apontadas por EB1 são de grande relevância para este estudo, posto que o pedagogo em sua prática docente pode ser tradicional ou não, inclusivo ou não. Deste modo, infere-se que um curso de Pedagogia baseado apenas nas atividades de ensino formará um profissional de base frágil, que poderá negligenciar em sua prática. Enquanto uma formação inicial que considera além do ensino, a dimensão prática para produzir experiências exitosas ou não, e contribuir para a construção de um sujeito pesquisador de sua prática, poderá possibilitar a formação de um profissional com uma identidade docente diferenciada.

Nesta categoria abordou-se os saberes curriculares, disciplinares, de experiência e formação profissional, apontados pelos sujeitos participantes desta investigação na experiência no Pibid. Em seus relatos, identificou-se a presença significativa do saber de experiência na formação inicial desses sujeitos. Essa marca atribui ao saber da experiência um papel de destaque no desenvolvimento de uma identidade docente inclusiva.

Em relação aos saberes curriculares e disciplinares, verificou-se que estes se apresentaram de forma frágil, em decorrência, talvez de três motivos: 1 - a quase inexistência de articulação entre as disciplinas do curso; 2 - a oferta escassa de disciplinas numa perspectiva inclusiva; 3 - a superficial integração entre teoria e prática no processo formativo, o que torna a formação pouco significativa.

Quanto ao saber profissional, não se identificou de modo evidente nos relatos dos participantes. No entanto, destaca-se que eles reconheceram o caráter autônomo de sua formação profissional, e avaliaram de modo positivo sua formação profissional na Universidade.

Na próxima e última categoria de análise deste trabalho, desenvolve-se uma discussão sobre a articulação entre a formação inicial do professor e inclusão, a partir da participação dos alunos no Pibid.

4.4. FORMAÇÃO E INCLUSÃO A PARTIR DA PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS NO