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Claramente percebemos que Singer, através de sua teoria ética, consegue chamar a atenção das pessoas para a causa animal, tornando-se um dos pioneiros na defesa do que ele define como animais não-humanos. Como já apontamos acima, não há como negar que o utilitarismo de preferências de Singer se tornou referência no mundo, pela sua importância e, consequentemente, pelos benefícios por ela já alcançados até dias de hoje.

A teoria ética de Singer é uma forma de prevenção contra o preconceito dirigido aos animais não-humanos, oferecendo uma nova perspectiva para de combater o especismo.

E para combater o especismo, Singer insiste em nossa condição enquanto animais humanos com uma capacidade cognitiva mais qualificado, temos por esta razão a responsabilidade moral com os animais não-humanos.

Portanto, para Singer, uma verdadeira igualdade moral só seria alcançada quando definitivamente se rejeitar o especismo, conforme esclarece:

Se um ser sofre, não pode haver qualquer justificativa moral para deixarmos de levar em conta esse sofrimento. Não importa a natureza do ser, o princípio da igualdade requer que seu sofrimento seja considerado em pé de igualdade com os sofrimentos semelhantes [...] o limite da senciência [...] é a única fronteira defensável de consideração dos interesses alheios. [...] Os racistas violam o princípio da igualdade ao conferirem mais peso aos interesses de membros de sua própria raça quando há um conflito entre seus interesses e os daqueles que pertencem a outras raças. Os sexistas violam o princípio da igualdade ao favorecerem os interesses de seu próprio sexo. Analogamente, os especistas permitem que os interesses de sua própria espécie se sobreponham àqueles maiores de membros de outras espécies. O padrão é idêntico em todos os casos. (2002, p. 67).

Assim, para Singer, o que fundamenta o princípio de igual consideração de interesse é a ideia de que, para interesses iguais, deve haver uma consideração igual, independentemente da espécie. Por esta razão, Singer procura incluir os membros de outras espécies oferecendo- lhes direitos iguais. Esta advertência ganha relevância ao lembrar que, embora haja diferenças entre as espécies, todos devem igualmente ser considerados. Por esta razão, Singer destaca que o princípio ético sobre o qual se assenta a igualdade humana nos obriga a ter igual consideração para com os animais não-humanos. Mas este mesmo princípio ético básico de igualdade não implica um tratamento igual ou idêntico entre animais humanos e animais não- humanos, mas sim consideração igual para ambas as espécies.

49 Por esta razão, Singer procura ser enfático quando destaca que o direito à vida deve ser igualmente garantido a todos os seres, sobretudo aos animais não humanos. E diz, ainda, que os animais não-humanos não deveriam ser assegurados por um princípio do “direito legal” ou pelos “direitos naturais inalienáveis”, mas exclusivamente por um princípio moral.

A teoria ética prática de Singer se assenta nas atitudes dos seres humanos e seus consequentes resultados, que podem gerar. Como um filósofo utilitarista de preferência, Singer oferece fundamentados esclarecimentos, testemunhando que a ética não pode estar refém de pressupostos dogmáticos e, muito menos, eternos.

Embora tendo todo o seu referencial teórico embasado na filosofia utilitarista, sublinhamos que Peter Singer se caracteriza como um filósofo que dá primazia à causa animal e se apresenta como um apologista da difusão do princípio da equivalência da dor e do sofrimento, sobretudo na relação de interesses e escolhas entre animais humanos e animais não humanos.

Para Singer (2002), os seres humanos não são os únicos capazes de sentir dor ou aflição. Segundo Singer, devemos estar cientes da responsabilidade e seriedade diante de uma ação que pode tirar uma vida, independentemente do sexo, raça, ou até mesmo da espécie a que pertence determinado ser. E fazer alguém sentir dor é infligir sofrimento. É algo ruim e imoral. Para Singer:

A dor é ruim e não importa quem está sentindo a dor, quantidades semelhantes de dor são igualmente ruins. A título de ‘dor’ eu incluiria aqui todos os tipos de sofrimento e de aflição. Isso não quer dizer que a dor seja a única coisa que é ruim, nem que infligir sofrimento seja sempre errado. (...) Por outro lado, prazer e felicidade são bons, não importa de quem sejam, embora possa estar errado fazer algo para obter prazer e felicidade se, por exemplo, ao fazê-lo, prejudicarmos os outros. (2002, p. 11).

É manifesto que toda obra filosófica de Singer transita com robustez na esfera das considerações morais, tendo como centro a causa animal. Reconhece que os grandes avanços que a humanidade alcançou até o presente momento foram sempre marcados por evoluções tecnológicas e, sem dúvida, proporcionaram uma vida mais confortável para a humanidade. Por outro lado, este grande progresso científico não contemplou moralmente a consciência humana em relação às outras espécies. Os animais, segundo este autor, são percebidos como objetos e, portanto, descartáveis e, ao fim e ao cabo, sendo utilizados exclusivamente para fins econômicos. Exemplo claro desta disparidade, entre avanços tecnológicos e moral, vem acontecendo na agricultura moderna, conforme afirma Singer:

50 As grandes empresas e aqueles que têm de concorrer com elas não têm preocupações ao nível do sentido da harmonia existente entre plantas, animais e natureza em geral. A agricultura é competitiva e os métodos adaptados são aqueles quereduzem os custos e aumentam a produção. De modo que agora a agricultura é “industrial” os animais são tratados como máquinas que convertem ração de baixo custo em carne de preço elevado, sendo prontamente adaptada qualquer inovação que tenhacomo resultado uma "relação de conversão" com custos mais reduzidos. A maior parte deste capítulo é apenas uma descrição destes métodos e daquilo que estes implicam para os animais aos quais são aplicados. O objetivo é demonstrar que, com a aplicação destes métodos, os animais levam vidas terríveis desde o nascimento até ao abate. Uma vez mais, no entanto, não quero afirmar que as pessoas que fazem estas coisas aos animais são cruéis ou malvadas. Pelo contrário, as atitudes dos consumidores e dos produtoresnão são fundamentalmente diferentes. Os métodos de criação que vou descrever em seguida são meramente a aplicação lógica das atitudes e dos preconceitos debatidos noutras passagens deste livro. Uma vez colocados os animais fora da nossa esfera deconsideração moral e vistos como coisas que utilizamos para satisfação dos nossos desejos, o resultado torna-se previsível. (1975, p. 77).

Singer não deixa de condenar o tradicional pensamento filosófico que superestima a importância moral dos animais humanos. É o que a teoria ética de Singer procura, ou seja, ampliar o universo de razões ou motivos do animal humano, para que possa viabilizar a inserção dos animais não humanos na coletividade moral, utilizando para isto o fundamento da equivalência de importância de inclinações idênticas. Em síntese, o que Singer propõe é a consideração igual entre animais humanos e animais não humanos:

A extensão do princípio básico da igualdade de um grupo a outro não implica que devamos tratar ambos os grupos exatamente da mesma forma, ou conceder os mesmos direitos aos dois grupos, uma vez que isso depende da natureza dos membros dos grupos. O princípio básico da igualdade não requer um tratamento igual ou idêntico; requer consideração igual. A consideração igual para com os diferentes seres pode conduzir a tratamento diferente e a direitos diferentes. (SINGER, 1975, p. 16).

Singer parte do princípio de que uma conduta só poderá ser considerada ética se houver preocupação com aquilo que é distinto de nós e pode ser atingido de alguma forma quando evidenciamos algumas preferências que podem causar dor e sofrimento, principalmente aos animais não humanos.

Para Singer, a suscetibilidade ou a qualidade de sentir sofrimento, conectada à percepção dessa dor (senciente), é parâmetro para identificar os seres submetidos a condições que expressam aflição, neste caso, os animais não humanos. Neste aspecto, cabe ressaltar mais uma vez a influência de Jeremy Bentham na teoria ética de Singer, quando se refere a não haver diferenças diante do sofrimento dos animais não humanos e humanos e que devemos buscar que o direito seja equivalente para ambos, conforme o comentário de Singer sobre a declaração de Jeremy Bentham, já especulava que:

51 Talvez chegue o dia em que o restante da criação animal venha a adquirir os direitos dos quais jamais poderiam ter sido privados a não ser pela mão da tirania. Os franceses já descobriram que o escuro da pele não é motivo para um ser humano seja abandonado, irreparavelmente, aos caprichos de um torturador. É possível que algum dia se reconheça que o número de pernas, a vilosidade da pele ou a terminação dos sacrum são motivos igualmente insuficientes para se abandonar um ser sensível ao mesmo destino. O que mais deveria traçar a linha insuperável? A faculdade da razão, ou, talvez, a capacidade de falar? Mas, para lá de toda comparação possível, um cavalo ou um cão adulto são muito mais racionais, além de bem mais sociáveis, do que um bebê de um dia, uma semana, ou até mesmo um mês. Imaginemos, porém, que as coisas não fossem assim; que importância teria tal fato? A questão não é saber se são capazes de raciocinar, ou se conseguem falar, mas sim, se são passíveis de sofrimento. (SINGER,1975, p. 66-67).

Já ficou mais que evidente que Singer é um dos filósofos de maior expressão e, sem dúvida, o pioneiro em trazer à luz a causa animal, pois foi a partir dos anos setenta do século passado que a sua teoria ética alcançou o mundo. A partir de Singer, percebemos que o bem- estar animal está cada vez mais presente no discurso dos que realmente se preocupam com as questões que envolvem as reflexões éticas. Embora as teorias éticas que envolvem os animais não humanos sejam muito recentes, não deixa de demonstrar vigor, uma vez que está sendo construído, através da teoria de Singer, um novo paradigma de pensamento moral, levando em consideração a causa animal, tendo como objetivo último, evitar a dor e o sofrimento dos animais não humanos.

Fica claro que a teoria ética de Singer busca envolver todas as circunstâncias em que os animais não humanos possam estar implicados, em situações de sofrimento e dor. Inclusive, não poderíamos deixar de pensar na teoria ética deste filósofo em relação às práticas de sacralização de animais presentes nas religiões de matriz africana. Mas, possivelmente, não eram as religiões de matriz africana que Singer tinha em mente quando começou a construir a sua teoria ética. Podemos presumir, pelo seu discurso, que a sua maior preocupação com a causa animal estava voltada aos abatedouros, aos agropecuaristas e aos laboratórios que realizam experiências científicas utilizando uma enorme quantidade de animais submetidos a alguma espécie de sofrimento. Na obra de Singer, encontramos de forma pormenorizada relatos de sofrimentos impostos aos galináceos nas indústrias de avicultura. Parece-nos que, quando Singer se refere aos galináceos, procura destacar que, dentre todos os martírios impostos a estas aves prisioneiras em avícolas, o pior é o processo macabro de “desbicar” os frangos para evitar canibalismo entre estas aves. Este processo impiedoso consiste em cortar o bico dos frangos ainda em crescimento para evitar que se machuquem em momentos de estresse e, consequentemente, brigas. Esta técnica utilizada pelos avicultores é extremamente dolorosa para as aves, conforme denuncia Singer:

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Introduzida pela primeira vez em San Diego, nos anos 40, o corte do bico costumava ser feito com recurso a um maçarico. O agricultor queimava a parte superior dos bicos das galinhas, de forma que estas deixavam de conseguir bicar-se mutuamente. Esta técnica rude foi rapidamente substituída pela aplicação de um ferro de soldar adaptado à função e, hoje em dia, preferem-se os instrumentos especialmente concebidos para o efeito, com forma de guilhotina, equipados com lâminas quentes, provocando dor intensa. (1975, p. 79-80).

A vida de uma galinha dura em média 7 anos. Nos abatedouros, um frango é morto quando alcança 7 semanas, o que revela uma existência muito curta para não dizer irrelevante. São milhões de frangos que se encontram confinados em aviários com pouco espaço e distantes de uma condição digna para a natureza da espécie galinácea.

Com estas constatações, fica demonstrado de forma clara que, infelizmente, os seres humanos já encontram bastante dificuldades para exercer o respeito moral para consigo mesmos e para com os outros seres humanos. Logo, não deixaria de ser pior quando imaginamos como se comportarão moralmente como o meio ambiente e os animais não humanos. É da natureza humana, como bem destacou Singer, ter uma disposição de se supervalorizar, vivendo em um mundo imaginário, acreditando que a nossa existência é a eleita, seja por princípios religiosos, seja pela capacidade racional, o que significa, na prática, que somos a única espécie que tem valor e merece interesse.

Outro aspecto não menos importante que Singer enfatiza, é que simplesmente demonstrar interesse pelos animais não garante que estejamos realmente apreensivos com o seu bem-estar. Mais uma vez Singer chama a atenção que, para haver de fato uma preocupação com os animais, é necessária uma boa vontade para sairmos da zona de conforto e buscarmos compreender a necessidade de um princípio de “igualdade moral básico” entre animais humanos e animais não humanos, conforme sugere este autor:

Ofereci motivos para se acreditarque o princípio fundamental da igualdade, no qual se fundamenta a igualdade de todos os seres humanos, é o princípio de igual consideração de interesses. Só um princípio moral básico desse tipo pode permitir que defendamos uma forma de igualdade que inclua todos os seres humanos, com todas as diferenças que existem entre eles. Afirmarei agora que, ao mesmo tempo que esse princípio proporciona uma base adequada para igualdade humana, essa base não pode ficar restrita aos seres humanos. Em outras palavras, vou sugerir que, tendo aceito o princípio de igualdade como uma sólida base moral para a relação com os outros seres de nossa própria espécie, também somos obrigados a aceitá-la como uma sólida base moral para as relações com aqueles que não pertencem à nossa espécie: os animais não humanos. (SINGER, 2002, p. 65).

Expandir este princípio de igualdade a outras espécies passa a ser um dever dos seres humanos, independentemente das condições que caracterizam as gritantes diferenças presentes nos animais não humanos. Segundo Singer:

53 O princípio, contudo, também implica o fato de que os seres não pertencerem à nossa espécie não nos dá o direito de explorá-los, nem significa que, por serem os outros animais menos inteligentes do que nós, possamos deixar de levar em conta os seus interesses. (2002, p. 66).

É perceptível a preocupação de Singer em expor com propriedade a necessidade de nos darmos conta que, a partir do momento em que se constata que os animais não humanos demonstram a capacidade de sentir dor e, portanto, por consequência expressar sofrimento, independentemente da espécie, devemos por um princípio moral levar em consideração todos os sofrimentos dos animais não humanos.

Em sua teoria ética, Singer (2002) optou por usar um novo critério para seu ensaio o qual definiu como senciência, ou seja, é aquele ser dotado de capacidade de sofrer ou sentir prazer ou felicidade. Este é o limite defensável, o princípio de igual consideração com outras espécies, por percebermos que os animais não-humanos têm sentimentos tanto de alegria como de tristeza e, como sabemos, sensação de dor.

Deve-se combater o comportamento obtuso por parte dos humanos, em considerar que, pelo fato dos animais não humanos serem de outra espécie, sentirão menos dor ou sofrimento que os animais humanos. É bem provável que não tenhamos ainda como mensurar a dor em diferentes espécies e, para não cairmos em nenhum tipo de preciosismo inútil, o importante é saber que o sofrimento e a dor alcançam todas as espécies de animais não humanos, conforme exemplifica Singer:

Se der um tapa com a mão aberta na anca de um cavalo, ele pode sobressaltar-se, mas provavelmente não sentirá grande dor. Sua pele é grossa o suficiente para protegê-lo contra um simples tapa. Contudo, se eu der o mesmo tapa num bebê, ele vai chorar e é quase certo que sinta uma grande dor, pois tem a pele mais sensível. Portanto, é pior dar um tapa num bebê do que num cavalo, desde que os dois tapas sejam dados com a mesma força. Mas deve existir algum tipo de golpe – não sei exatamente qual seria, mas, digamos, um golpe com um pedaço de pau – que fará o cavalo sentir tanta dor quanto sentiu a criança ao receber um simples tapa. É isso o que quero dizer com “igual quantidade de dor”; e, se achamos errado infligir tanta dor a um bebê sem nenhum motivo, então a menos que sejamos especistas, devemos achar igualmente errado infligir, sem motivo algum, a mesma quantidade de dor a um cavalo. (2002, p. 69).

Não há como negar que o maior desafio em colocar em prática o princípio de igual consideração com os animais não humanos reside no tradicional hábito carnista da humanidade. Devemos sublinhar realmente que comer carne é apenas um capricho e não uma necessidade para sobreviver. Este hábito acompanha a humanidade desde sempre. Tal costume faz a quase totalidade das pessoas pensarem que a existência dos animais é para satisfazer os próprios prazeres de uma mesa farta de carne de animais não humanos. Embora

54 haja cada vez mais pessoas que optam por uma alimentação sem carne, ainda assim o consumo está cada vez aumentando mais, como um alimento desejado por quase todo o Planeta, em razão do prazer oferecido pelo sabor. Os seres humanos simplesmente se habituaram com o gosto da carne, mas não precisam dela para sobreviver. A carne animal é um luxo e só é consumida porque as pessoas apreciam o seu sabor. (SINGER, 2002, p. 73).

Até a carne animal chegar à mesa para ser consumida, há um grande percurso durante o qual os animais são submetidos a condições de uma vida desgraçada pelo sofrimento. Esta situação, que parece ser tão comum aos olhos das pessoas, só acontece por estar presente no imaginário da humanidade que os animais são objetos ou coisas que devem ser usados e depois descartados. O mais triste nisso tudo é que este sofrimento é imposto aos animais em virtude de interesses econômicos. Enquanto a carne animal oferecer lucro, dificilmente haverá uma preocupação com os animais não humanos.

O que Singer propõe através de seu utilitarismo preferencial é uma mudança paradigmática, ou seja, que comecemos a perceber os animais como pessoas. O que seria, segundo este filósofo, um ótimo argumento para modificar a atitude da humanidade em relação aos animais não humanos. Seguindo este padrão de comportamento proposto por Singer, teríamos um estatuto moral equiparado em condições entre os animais humanos e os animais não humanos.

A proposta de Singer de estender o estatuto moral do animais humanos aos animais não humanos é uma forma de romper definitivamente com o especismo e, consequentemente, que venha a alcançar o que ele chama de “princípio da igual consideração de interesses”, para que a humanidade consiga desenvolver um interesse imparcial em relação aos animais não humanos, evitando, desta forma, impor qualquer espécie de aflição.

Se levarmos em consideração um estatuto moral para os animais não humanos e, portanto, ficarmos comprometidos em não lhes oferecer qualquer sofrimento, seria correto também não os matar para satisfazer nosso vil prazer pela carne animal. Mas existe um consenso por parte de expressivo número de pessoas na tentativa mais de explicar do que conseguir justificar o abate animal, por entenderem que, no próprio mundo selvagem, o comportamento entre os próprios animais não deixa de ser cruel, por constatarem que eles mesmos se matam entre si para se alimentar. Portanto, com este argumento, fica claro que há razões suficientes para os seres humanos, seguindo o princípio da cadeia alimentar, tornarem- se predadores e se alimentarem deles também. Para Singer, este argumento não se sustenta, conforme declara:

55 Em primeiro lugar, a maior parte dos animais que mata em busca de alimento não conseguiria sobreviver se não o fizesse, enquanto nós não temos necessidade de comer carne animal. Depois, é estranho que os seres humanos, que normalmente encaram o comportamento animal como “selvagem”, venham a usar, sempre que lhes convém, um argumento do qual se pode inferir que devemos buscar orientação moral nos animais. O ponto fundamental, porém, é o de que os animais não são

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