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Parte II – Estágio: Contexto e Atividades Desenvolvidas

7. A Organização e Desenvolvimento das Atividades de Estágio

7.5. Atividades Pedagógicas – Apresentação Global

7.5.1. Sala de Estudo

A sala de estudo é um espaço dedicado ao acompanhamento das crianças e jovens nos seus trabalhos de casa e estudo de disciplinas. É essencial que as crianças saibam o verdadeiro significado de disciplina, rotina, trabalho e dedicação.

As atividades aí desenvolvidas diariamente visam adquirir hábitos de trabalho e estudo regular, autonomia, superar o medo de errar, ultrapassar dúvidas, inseguranças, receios e aprender a lidar com a frustração, que é tão frequente. Estas atividades integram todos os jovens, os mais velhos ajudam os mais novos, partilham dúvidas, conhecimentos e saberes, independentemente de terem idades diferentes e de frequentarem diferentes anos escolares.

Artes Culinárias Num espírito de interajuda, confecionámos

alguns bolos. Proporcionou momentos de diversão, criatividade e invenção. As atividades destacam-se pelas seguintes:

 Confeção de um bolo de chocolate

 Confeção de bolachas

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Foi muito importante a minha integração na sala de estudo uma vez que permitiu inteirar- me sobre as situações decorrentes do dia-a-dia escolar. Auxiliá-los também foi uma forma de estabelecer contato com eles, de criar ligações.

De seguida, apresento um quadro com a análise das atividades desenvolvidas na sala de estudo e ainda as competências trabalhadas com as crianças e jovens.

70 Quadro 15: Atividades da Sala de Estudo

Disciplina Competências trabalhadas Citações Importantes 3 de

Novembro – Trabalho de Português

O Z é uma criança orgulhosa demais para pedir ajuda mas neste caso teve iniciativa.

Trabalhámos as

inseguranças, a falta de confiança e o saber lidar com a frustração e raiva, que muitas vezes é motivo para o uso da violência. Utilização do reforço positivo.

Z - “Podes ajudar-me nos trabalhos de casa?” – Sugere um pedido de ajuda. Z - “Não consigo fazer este exercício” – Clara falta de segurança e confiança.

Z - “A professora é muito abusada, amanhã vou bater-lhe. Não vou fazer mais isto” – Frustração, raiva e pensamento de agressividade e violência.

Estagiária - “Anda lá Z. És tão inteligente, olha que acredito que tu consegues, acho que devias acreditar mais em ti.” – Utilizei reforço positivo.

Z – “Deu um berro e partiu o lápis ao meio”. – Frustração e raiva. (Anexo A, 3 de Novembro, p. 131) 21 de Novembro – Trabalho de Ciências Naturais A É é uma jovem fragilizada, insegura e pouco confiante. Utiliza a vitimização para que tenham pena dela e as queixas como forma de argumentação,

comportamento que deve ser evitado e não

incentivado. Deve ser autónoma nas suas próprias tomadas de decisões. B uma jovem residente também achou oportuno intervir e dar a

É - “Os educadores estão-me sempre a castigar e eu não faço nada. Porque é a N (educadora de referência) obriga-me a estudar. Não sei porque obrigam a trabalhar e a estudar. Eu não tenho trabalhos de casa nem testes esta semana.” – Uso recorrente da vitimização e de lamúrias e queixas.

É - “Mas eu sempre fiz assim. Não quero fazer isto. Por exemplo, a minha irmã não estudava e tinha boas notas” – A irmã para ela tem sempre razão, modelo a seguir, identificação com a irmã mais velha.

B – “Achas que eu também gosto de estar aqui? Claro que não, mas faz parte, é importante para nós e para o nosso futuro. Agora que estás no nosso quarto conto contigo, precisas de ter sempre o quarto arrumado, participar nas atividades e fazer devidamente as horas de estudo. Temos de ter boa pontuação na Caminhada para ganharmos. E já sabes quando precisares de falar, tens aqui uma amiga.” – Demonstra preocupação e acima de tudo amizade. (Anexo A, 21 de Novembro, p. 135)

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sua opinião. Transmissão da importância de adquirir bons hábitos de trabalho. 7 de Fevereiro – Trabalho de Inglês e Português O R de 15 anos e a M de 13 anos são jovens divertidos e até bastante confiantes. Depois de terminarem os trabalhos, desafiei-os para uma atividade. Utilizei uma estratégia de provocação para os motivar na realização da atividade. Resultou na medida em que concluíram sem grande demora. Aprenderam a superar dificuldades sem desistir, que era o principal objetivo. Permitiu o desenvolvimento da criatividade e imaginação.

Estagiária - “Já que terminaram, vou propor-vos um desafio. Aposto que não conseguem.”

Mostraram determinação, motivação e entusiasmo, que era o pretendido. (Anexo A, 7 de Fevereiro, p. 149)

25 de Março – Atividade de Desenho

Grande maioria das crianças e jovens gostam de expressão artística, principalmente de desenho livre. Aproveitei sempre esses momentos para o uso do reforço positivo, por considerar tratar-se de uma boa estratégia no seu desenvolvimento ao nível da confiança, autoestima e segurança na forma como o realizam e criam.

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E é uma jovem problemática, explosiva, conflituosa e

revoltada. Demonstrou empatia comigo, o que é bom para a criação de vínculos afetivos. Encontrou no desenho de mandala, o seu refúgio, uma forma de se acalmar e relaxar sobre pressão acumulada. No entanto não deixa de ser insegura e pouco confiante. Uso do reforço positivo.

Estagiária - “Que giro! Tens imenso jeito.” – Reforço positivo.

E - “Este não ficou bem feito, vai para o lixo.” – Demonstra pouca confiança, desagrado e insegurança.

Estagiária – “Não deites ao lixo, se não o queres, fico eu com ele. Olha, eu gosto muito. Quem me dera conseguir fazer isso. É muito difícil.” – Continuação na utilização do reforço positivo.

E - “Ajuda-me a escolher um na internet para eu desenhar.” – Demonstração de empatia. (Anexo A, 25 de Março, p. 156)

O D tem 11 anos e é uma criança carente, com

necessidade de afeto (várias vezes recorre aos abraços e beijinhos, principalmente com os adultos). Aproveito sempre estas oportunidades para realizar reforço positivo, e nota-se sempre o seu entusiasmo e felicidade. Reforço da confiança e segurança em si mesmo.

Estagiária - “Está muito bonito, gosto muito”. – Reforço positivo.

D - “Gostas? Toma é para ti”. – Demonstração de afeto e empatia. (Anexo A, 25 de Março, p. 156)

27 de Abril – Estudar Inglês

O D costuma ser uma criança passiva, sem grande

agressividade. É sempre muito afável e simpático. Enquanto estudava o verbo To Be

Cruza os braços amuado e chora.

D - “Não vou fazer.” – Fase de negação, pouco confiante.

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apresentou algumas

dificuldades, disse-lhe para escrever sem copiar do livro. Ficou extremamente zangado e chateado. Tentei usar o reforço positivo de modo, a motivá-lo, fazendo acreditar de que era capaz. Estes momentos melhoram a sua confiança e inseguranças demonstradas.

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