• Nenhum resultado encontrado

Sanidade física e interesse em atividades sociais e recreativas dos pré-

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.3. Sanidade física e interesse em atividades sociais e recreativas dos pré-

No que diz respeito à sanidade física dos pré-aposentados, procurou-se identificar qual seria o estado de saúde, por eles declarado, por meio de questões que buscavam identificar doenças que porventura os tivessem acometido nos últimos dois anos; se tinham ou tiveram doenças em conseqüência do trabalho e se buscavam manter uma vida saudável através da prevenção de doenças.

Dos entrevistados, apenas 14,3% declararam que não se consideravam fisicamente saudáveis (Tabela 18).

Tabela 18 – Servidores pré-aposentados da UFV que se consideravam fisicamente saudáveis. Viçosa, MG, 2002 Sexo Freqüência (%) Docentes Funcionários Masculino Feminino 85,7 100,0 100,0 100,0

Apesar de se sentirem fisicamente saudáveis, aproximadamente 36% dos docentes e 48% dos funcionários citaram terem tido algum problema de saúde nos últimos dois anos (Tabela 19).

Tabela 19 – Servidores pré-aposentados da UFV que tiveram algum problema de saúde nos últimos dois anos . Viçosa, MG, 2002

Sexo Freqüência (%) Docentes Funcionários Masculino Feminino 35,7 36,4 61,5 33,3

Os problemas de saúde citados pelos entrevistados foram, no caso das mulheres: tendinite, tireóide, gastrite, angioplastia coronária, alergia e depressão. Os homens declararam apresentar os seguintes problemas de saúde: alteração de glicose, fibromialgia, taquicardia, urticária idiopática, bronquite, disenteria, hérnia de hiato, alteração da pressão arterial, suspeita de câncer, dores crônicas de coluna, asma e que se submeteram a cirurgias vasculares.

Pode-se observar que as doenças citadas pelos entrevistados são enfermidades que podem ser consideradas crônicas, o que está de acordo com o que afirmou Tinôco (2000), de que o Brasil está vivendo um processo denominado “transição epidemiológica”, estando as doenças infectoparasitárias sendo substituídas por doenças crônico-degenerativas. Segundo Sichieri (1998), são essas doenças que demandam um maior cuidado por parte dos sistemas de saúde e previdenciário públicos.

Quando questionados se tiveram alguma doença que poderia ser conseqüência do trabalho, 14,2% dos professores e 27,3% das professoras responderam afirmativamente. As doenças citadas foram, em sua maioria, decorrentes do estresse, que levou a outras complicações físicas. No caso dos funcionários, 30,8% dos homens e 16,7% das mulheres afirmaram ter tido doenças que acreditavam estar ligadas ao trabalho, como: alergia e estresse, no caso das mulheres; e alergias, anosmia (perda do olfato) e esquistossomose, no caso dos homens.

Os entrevistados, em sua maioria (82%), afirmaram que procuravam se prevenir de doenças, por meio, geralmente, da prática de exercícios físicos, alimentação considerada saudável e pela realização de exames médicos regulares, com uma ligeira preferência por estes últimos. Entre aqueles que disseram ter outras formas de proteção, destaca-se a opção por não fumar e por não beber álcool e ter pensamentos positivos.

A questão da saúde, quando se discute a aposentadoria, é relevante a partir do momento em que se relembra de que esta é um acontecimento que, normalmente, coincide com o envelhecimento, sendo este último um condicionante da mudança, que demanda segurança e maturidade para enfrentar e aceitar as modificações que estão ocorrendo (Salgado, 1989b). A partir do momento em que se eleva a expectativa de vida, é necessário garantir a qualidade desses anos, dado que as doenças crônico- degenerativas, além de representarem um risco à saúde, são antes uma ameaça à independência e à autonomia do indivíduo, implicando uma superutilização dos serviços de saúde e em um aumento de gastos com medicamentos pelos indivíduos num momento em que é comum ocorrer a redução de sua renda (Ribeiro, 1999).

Outro aspecto destacado na pesquisa está relacionado ao interesse e dedicação, por parte dos pré-aposentados, em atividades sociais e/ou recreativas. Para verificar o grau de envolvimento dos entrevistados nessas atividades, perguntou-se a eles se tinham o costume de cultivar tais atividades e que tipo seriam estas.

Verificou-se que apenas os professores homens afirmaram, em sua totalidade, cultivar algum tipo de atividade social ou recreativa, enquanto aproximadamente 73% das professoras e 68% dos funcionários disseram manter esses tipos de atividades. Apesar de nem todos terem justificado o porquê do não-envolvimento em tais atividades, a maioria dos que responderam disseram ser do tipo caseiro, que seguem o esquema “casa-trabalho, trabalho-casa”; alguns até mesmo relataram que estavam deixando para depois da aposentadoria para se dedicarem a tais atividades.

Analisando as respostas daquelas atividades a que eles se dedicavam (Tabela 20), observou-se que os menores percentuais se referiam a idas a teatros e cinemas, em torno de 15% para os homens e de 26% para as mulheres; a justificativa para essa baixa percentagem foi de que, embora gostassem de tais atividades, a cidade de Viçosa não as oferecia. Perguntados sobre quais seriam as atividades mais importantes para eles, a maior parte dos professores citou a ida à igreja, para conforto espiritual, além da reunião com os amigos. Para as professoras, seriam viajar, o que permite ampliar os conhecimentos e usufruir de atrações que Viçosa não ofereceria e se reunir com amigos. No caso das funcionárias, elas citaram, em sua maioria, a ida à igreja, pois, além de

prover conforto espiritual, permite fazer e manter contato com os amigos; já a maioria dos funcionários considerou todas as atividades praticadas, pois cada uma englobaria um aspecto das suas vivências.

Tabela 20 – Atividades sociais e recreativas a que se dedicavam os servidores pré- aposentados da UFV*. Viçosa, MG, 2002

Freqüência (%)

Atividade Docentes Funcionários

Masculino Feminino Masculino Feminino

Ir à igreja 50,0 18,2 38,5 50,0

Reunião com amigos 71,4 72,7 46,1 58,3

Viajar 64,3 72,7 30,8 41,7

Ir ao teatro, cinema e afins 14,3 27,3 15,4 25,0

Atividades de voluntariado 14,3 18,2 30,8 25,0

Praticar esportes 35,7 27,3 23,1 25,0

Manter um hobby 50,0 45,5 15,4 41,7

Outras 28,6 18,2 - 8,3

* Nesse caso era possível marcar mais de uma opção.

A manutenção do contato com amigos e o investimento nas atividades de lazer se tornam importantes para que o indivíduo, após a aposentadoria, não perca o interesse pela vida, o que poderia traduzir-se em uma limitação da capacidade de movimento e em uma deterioração do seu estado moral e de saúde. Motta (1989) chamou a atenção para o que ela denominou de “envelhecimento social”, que seria um processo lento que levaria a uma progressiva perda de contatos sociais gratificantes. Salgado (1989b) ressaltou que, após a aposentadoria, a sociedade se distancia do aposentado, não o convocando para participar e não reconhecendo a sua existência social.