• Nenhum resultado encontrado

Seguindo a pista de Wei‑Kia‑Lou: a migração de formas artísticas de gosto oriental através das

Missões Jesuíticas e a ornamentação de espaços

religiosos na América Portuguesa (Séculos XVII‑XVIII)

Há ao menos duas localidades entre aquelas fundadas pela Companhia de Jesus na América Portuguesa onde a ornamentação de gosto oriental se faz presente de maneira reconhecida: a igreja do antigo Seminário de Belém da Cachoeira na Bahia e a igreja de Nossa Senhora do Rosário em M’Boy Mirim, atual Embu das Artes em São Paulo. O teto da sacristia do templo baiano foi pintado com motivos floreais e cores derivados das lacas e das porcelanas chinesas da dinastia Qing e daquelas japonesas Imari. Também a torre da igreja, em seu coroamento, é revestida de pratos e fragmentos de porcelana oriental ou inspirada na produção do Oriente. No

SESSION: M OB ILI TY AN D T R ANSC ON T IN EN TALI TY

caso da igreja do Seminário de Belém, um estudo mais aprofundado da atividade do jesuíta francês, arquiteto, escultor e pintor, Charles Belleville (1657‑1730) que antes de se estabelecer na Bahia, havia trabalhado por cerca de dez anos na China, nas missões e na corte imperial, a ponto de ser conhecido com o nome chinês de Wei‑Kia‑Lou, poderia fornecer dados fundamentais para a investigação acerca da migração de formas ornamentais derivadas do repertório oriental e da sua recepção no Recôncavo Baiano. Por outro lado, no que se refere a São Paulo, especialmente à igreja de Embu, erguida por vontade do jesuíta nascido na região de Pirajuçara, Belchior de Pontes (1644‑1719), a decoração do teto da sacristia apresenta motivos derivados da chamada louça chinesa de Macau, enquanto os tecidos orientais são evocados nas pinturas do vigamento e do altar da capela‑mor. Além disso, no museu da mesma localidade são conservadas quatro esculturas em madeira, obra de artista local, a partir do modelo dos Cães de Fu de tradição chinesa. A questão da presença de elementos decorativos de inspiração oriental nestes contextos e das suas fontes ainda está por ser melhor elucidada. Por meio da leitura dos documentos antigos já conhecidos e de novas fontes de arquivo acerca das obras mencionadas e das biografias de Charles Belleville e de Belchior de Pontes, do exame dos resultados de recentes pesquisas arqueológicas terrestres e subaquáticas, de novas investigações realizadas nos lugares, pretendemos oferecer maiores subsídios para compreender a mobilidade transcontinental da ornamentação de tipo oriental nos espaços religiosos jesuíticos na América Portuguesa. Serão estabelecidas também relações entre Cachoeira, Embu, e outras localidades no atual território do estado de São Paulo – como a antiga capela de Santo Antônio em São Roque, fundada pelo sertanista Fernão Paes de Barros (c. 1630‑1709) –, e também Sabará em Minas Gerais, local de circulação dos jesuítas, e onde foram erguidas a Capela de Nossa Senhora do Ó e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, conhecidas por suas originais obras de talha com pinturas de inspiração chinesa.

Luciano Migliaccio – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São

Paulo. Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto – Formou-se em História da Crítica de Arte na Scuola Normale Superiore di Pisa, e em História da Arte junto ao Dipartimento di Storia delle Arti da Università degli Studi di Pisa. Foi bolsista da

Fondazione di Studi di Storia dell’Arte Roberto Longhi de Florença. É doutor em História da

arte medieval e moderna pela Università degli Studi di Pisa. É Professor de História da arte junto ao Departamento de História da Arquitetura e Estética do projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, FAU-USP. Desde 1994 é professor

SESSION: M OB ILI TY AN D T R ANSC ON T IN EN TALI TY

convidado junto à pós-graduação em História da Arte e da Cultura do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas. Até 1997 foi Professor Titular de História da Arte junto a Accademia Albertina di

Belle Arti de Turim na Itália. Foi curador do módulo Século XIX, da exposição Brasil 500 anos – Artes Visuais realizada no ano 2000. Em 2011 foi curador da exposição Luz, Pedra e Cedro. Esculturas de Aleijadinho fotografadas por Horacio Coppola no Instituto Moreira Salles de

São Paulo. De 2008 a 2012 foi Coordenador do Projeto Temático Plus Ultra. Transferência

Cultural e Recepção da Tradição Clássica entre a Europa e a América Latina, financiado pela

FAPESP na FAU-USP. Em 2016 foi nomeado Curador Adjunto do Acervo de Arte Europeia do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, MASP.

Renata Maria de Almeida Martins – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade

de São Paulo, FAU-USP. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP. Projeto Jovem Pesquisador FAPESP, nº 2015/23222-4 – Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Pará, UFPA (1993), com pesquisa de iniciação científica no Departamento de Museologia do Museu Paraense Emilio Goeldi, MPEG (PIBIC / CNPq, 1993-1994). Especialista em História e Memória da Arte pela Universidade da Amazônia, UNAMA (2001). Doutora em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, FAU-USP/CNPq (2009), com estágio de pesquisa pela Università degli Studi di Napoli

L`Orientale / CNPq (2007). Pós-Doutorado pela FAU-USP/ Fundação de Amparo à Pesquisa

do Estado de São Paulo, FAPESP (2013), vinculado ao Projeto Temático FAPESP / FAU-USP

Plus‑Ultra, com estágios na Scuola Normale Superiore di Pisa (2011 e 2013), na Pontificia Università Gregoriana di Roma (2011) e na Universidad Pablo de Olavide em Sevilha (2012).

Pós-Doutorado pelo Programa Nacional de Pós-Doutorado, PNPD CAPES (2015) no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, IFCH-Unicamp, com pesquisa no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, MAE-USP. Pesquisadora Residente na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da Universidade de São Paulo, BBM-USP (2015/2016). Desde março de 2016 é Coordenadora do curso Histórias

da Arte: Barroco Europeu e Barroco Latino‑Americano, na Escola do Museu de Arte de São

Paulo Assis Chateaubriand, MASP. Desde outubro de 2016 é Coordenadora do Projeto Jovem Pesquisador FAPESP, Barroco Cifrado: Pluralidade Cultural na Arte e na Arquitetura

das Missões Jesuíticas no território do Estado de São Paulo (1549‑1759), com atividades de

SESSION: M OB ILI TY AN D T R ANSC ON T IN EN TALI TY

ANDRZEJ BETLEJ / AGATA DWORZAK (Jagiellonian University)

Rocaille on the borderlands of Europe.

Documentos relacionados