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Segunda etapa: pesquisa junto aos editores

4.2 Metodologia da pesquisa

4.2.2 Segunda etapa: pesquisa junto aos editores

Após esse período, em uma segunda etapa metodológica, os editores de cada veículo que constitui o corpus pesquisado receberam por email um questionário abrangendo questões a respeito da equipe, do caderno de cultura e do fluxo de informações na redação. As respostas foram analisadas em relação aos resultados do período de acompanhamento e de uma data escolhida aleatoriamente para análise das edições completas de todos - 23 de junho de 2006 – mas, principalmente, à luz do referencial teórico, mais detalhado em item anterior. Importante ressaltar que a análise se detém sobre o jornalismo informativo, tal como define José Marques de Melo24, ou seja, notícias, notas, reportagem e entrevistas. Neste trabalho, não está contemplado o jornalismo opinativo, em que Melo enquadra editorial, comentário, artigo, resenha, coluna, crônica, caricatura e carta. Jornalismo opinativo não se constituiu objeto desta

24José Marques de Melo é professor doutor em comunicação, presidente da Sociedade Brasileira

de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), autor de diversas obras, entre elas Jornalismo opinativo (2003), em que aborda os gêneros jornalísticos. Foi professor emérito e

pesquisa porque necessitaria de outra categorização, que não a escolhida como foco para análise. Ou seja, em notícias, notas, reportagens e entrevistas entende- se que é possível vislumbrar a origem e abrangência da pauta. Elas também possuem objetivos semelhantes, informar o leitor, e geralmente ocupam a maior parte do espaço editorial disponível nas páginas de cultura. Já em comentários, artigos, resenhas, colunas, crônicas, caricaturas e cartas, o objetivo essencial é manifestar um pensamento ou provocar reflexão, o que exigiria, inclusive, outro referencial teórico, focado na análise de conteúdo.

O zoneamento do questionário envolveu questões sobre diferentes variáveis de interesse. Dentre elas temos as questões sobre a equipe: Quantos e quais profissionais trabalham no caderno de cultura? Quais suas formações acadêmicas e informais? Qual o organograma da equipe? Acumulam funções em outras editorias?; questões sobre o caderno: A circulação é diária? O número de páginas muda ao longo da semana? Quantas e quais são as seções? Possuem editor específico? Quais assuntos englobam? Há espaço para colaboração (cartas, artigos)?; questões sobre o fluxo de informações na editoria: Usam agências de notícias? Recebem releases diariamente? Usam informações destes

releases? Têm reuniões de pauta específicas? Diária ou semanal? Quem faz a

pauta do caderno? Sempre fazem entrevistas para a matéria que abre o caderno? Quem escolhe a matéria de capa do caderno? Qual o principal aspecto para a escolha: abrangência (local, regional, nacional, internacional), origem da pauta (de agenda de eventos, pautas próprias, especiais ou de agências de notícias), diretor da Escola de Comunicações e Artes da USP e atualmente está ligado à Universidade Metodista.

assunto (artes e espetáculos, variedades, política cultural, outros)? Qual o horário de fechamento do caderno? Qual o horário de fechamento do jornal todo?.

Importante ressaltar que, através das respostas gerais a este panorama, foi possível observar que nos veículos analisados a editoria de cultura ocupa lugar significativo, com publicação diária, seções distintas, algumas com colaboradores e com editor específico. No próximo sub-item, Período de acompanhamento: observações, serão incorporadas e analisadas as demais respostas ao questionário, abarcando mais especificamente o fluxo de informações com vistas ao fechamento da edição e a composição da equipe da editoria.

A partir das outras respostas dos editores para as perguntas do questionário e das temáticas sobre a gestão de informações listadas abaixo, ficou clara a necessidade de utilização principal de três teorias de jornalismo para a tentativa de se aproximar de uma possível explicação para os acontecimentos. A primeira delas é a teoria do Agenda setting (agendamento), a segunda é a teoria do Gatekeeper (selecionador) e a terceira a Teoria Organizacional. Relembrando as perguntas relativas às teorias: Usam agências de notícias? Recebem releases diariamente? Usam informação de releases? Têm reuniões de pauta específicas, diária ou semanal? Quem faz a pauta do caderno? Sempre fazem entrevista para as matérias que abrem os cadernos? Quem escolhe a matéria de capa do caderno? Qual o principal aspecto para essa escolha: Abrangência: local, regional, nacional ou internacional; Origem: agenda de eventos ou data comemorativa, pauta própria, assunto especial, material de agências; Assunto: artes e espetáculos, variedades, política cultural, outros? Têm colaboradores? O

questionário encontram-se anexo ao final da dissertação. Será explicitada na seqüência uma análise do contexto em geral.

Em sete dos oito jornais analisados, tanto quem decide a pauta quanto a matéria de abertura do caderno é apenas o editor de área, a exceção é o Vale Paraibano, em que a manchete é decidida em reuniões de toda a equipe. Nos demais, as reuniões da equipe nem sempre são diárias, em alguns casos não existem as específicas de cultura e em outros elas são semanais, assim, para a publicação é seguido um cronograma de eventos acompanhado pelos releases e pelo material fornecido pelas agências de notícias, importante fonte de informação em todos os veículos pesquisados.

Quando questionados sobre a característica da escolha para a matéria de abertura do caderno que, segundo a linha editorial dos jornais representaria a principal, os editores responderam, em sua absoluta maioria, que acabam visando o potencial de leitura da matéria e necessitam de boas fotos ou ilustrações. Ou seja, esse recurso pesa na decisão. Quando citadas nas perguntas as categorias da observação: abrangência (local, regional, nacional, internacional), origem da pauta (releases, pautas próprias, especial, agências de notícias) e assunto (artes e espetáculos, variedades, política cultural, outros) as respostas em maior quantidade demonstram que tudo seria considerado importante, a saber, não há uma linha rígida clara para os editores sobre o que priorizar. Seria uma característica do agendamento, ou seja, acompanhariam uma certa ordem do dia?

Outra característica observada nessa parte das respostas é a restrição de espaço para manifestações de leitores apenas no primeiro caderno dos jornais. Nas páginas da editoria de cultura, fica apenas a função do emissor no processo

de comunicação. O feedback, quando ocorre, segue por outro fluxo dentro das redações. No caso das respostas sobre quem seleciona e como são escolhidas as matérias é possível uma aproximação da teoria do gatekeeper. E há ainda os interesses da empresa com sua necessidade de sobrevivência no mercado, com necessidade de se avaliar a teoria organizacional.