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EQUAÇÃO 4 – Cálculo da condutividade hidráulica

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.6 Resultados das análises físico químicas realizadas nas amostras de lixiviado

5.6.2 Segunda Fase de operação

Durante a segunda fase de operação foram realizadas 24 coletas de lixiviados realizadas semanalmente, totalizando 24 análises para cada parâmetro. Tais foram feitas do período 15/03/2018 à 25/10/2018. No final das duas etapas foram realizadas 31 análises.

As variações de pH para L1 foram de 4,4 a 5,3 já para L2 foram de 6,4 a 8,8, conforme pode ser observado na Figura 36. Assim como na primeira fase, na segunda o pH de L2 é superior ao pH de L1 e o motivo é o mesmo: A ADF, presente da mistura que compõe o sistema P2 que originou L2, contém calcário que contribuiu para elevação do pH. Em relação ao tempo, ambos lixiviados apresentaram um aumento gradativo de pH que pode ser explicado devido a estabilização do lixiviado que ocorre em aterros sanitários com o decorrer do tempo. Os resultados obtidos quanto ao parâmetro pH estão de acordo com a literatura, apresenta pela Figura 36.

FIGURA 36 – Resultados de pH para 2ª fase de operação dos lixiviados L1 e L2

Fonte: Autoria própria, 2018.

A Figura 37 compara os valores de pH obtidos nesta pesquisa com resultados de outros pesquisadores que investigaram lixiviados provenientes da degradação de RSU recém confinados (GOMES et al., 2018; MORTATTI E MANZATTO, 2016). Percebe-se ligeiro aumento do pH em ambos lixiviados, isto é indicativo que ocorreu biodegradação, diminuição na produção de ácidos orgânicos voláteis e que o lixiviado está se estabilizando.

FIGURA 37 – Comparação dos resultados de pH obtidos na 2ª fase com a literatura

Fonte: Autoria própria, 2018.

Percebe-se, assim como na primeira fase, que todos lixiviados sofrem lixeiro aumento no pH com o passar do tempo de operação, isso é devido a estabilização em ambas pesquisas. Como esperado, os resíduos, sejam estes orgânicos ou RSU confinados em lisimetros ou permeâmetro sofreram processo de degradação, isso é evidente devido ao aumento de pH observado. Mortatti (2013) obteve valores bem próximos de L1, isto porque o sistema P1 que gerou L1 é composto por resíduos orgânicos e solo puro, e o sistema utilizado por Mortatti (2013) é o mesmo, porém contém apenas RSU. Assim como na primeira fase, L2, proveniente de P2 composto por resíduos orgânicos e 30%solo + 70% ADF, apresentou valores mais altos de pH devido ao calcário presente na ADF. Comparando resultado obtidos nesta pesquisa com a literatura é possível constatar que, apesar de L2 (que possui ADF) apresentar valores de pH maiores devido ao calcário, a ADF não interferiu negativamente neste parâmetro. Os resultados da alcalinidade total para L1 e L2 estão na Figura 38.

FIGURA 38 – Resultados de alcalinidade obtidos na 2ª fase de operação para os lixiviados L1 e L2

Fonte: Autoria própria, 2018.

Na segunda fase de operação a alcalinidade variou de 254mg·L-1 a 6459

mg·L-1 para L1 e de 197,1 mg·L-1 a 1445,3 mg·L-1 para L2. Percebe-se que os valores

de L1 permanecem, até determinado período (cerca de 190 dias), superiores aos valores de alcalinidade para L2. Porém ambos lixiviados atingem valores muito baixos após 200 dias de operação. Isso evidencia lavagem que ocorreu devido as saturações realizadas durante o período de monitoramento. A Figura 39 permite comparações entre valores encontrados na literatura e aqui obtidos.

FIGURA 39 – Comparação dos resultados de alcalinidade obtidos na 2ª fase de operação com a literatura

Fonte: Autoria própria, 2018.

Assim como na primeira fase de operação, percebe-se pela Figura 39 que MORTATTI (2013) obteve valores bem próximos de L2 e inferiores a L1, Já MANZATTO (2016) e GOMES et al. (2018) obtiveram valores superiores a ambos lixiviados desta pesquisa. Gomes et al. (2018) não obtiveram valores de alcalinidade com comportamento definido, assim como esta pesquisa. Tal comparação permite concluir que a ADF não interferiu nos resultados, uma vez que estão coerentes com valores encontrados na literatura.

Os resultados de alcalinidade para L1 e L2 são baixos, quando comparados a literatura, devido a composição do resíduo utilizado nesta pesquisa que consiste em resíduos orgânicos que foram rapidamente decompostos. Outra explicação, já apresentada, é que a lavagem dos sistemas devido a vazamentos que ocorreram durante o período de monitoramento.

Os resultados da segunda fase quanto aos ácidos orgânicos voláteis para L1 e L2 podem ser observados na Figura 40.

FIGURA 40 – Resultados de ácidos orgânicos voláteis obtidos na 2ª fase de operação

Fonte: Autoria própria, 2018.

L1 e L2 apresentaram valores mínimos para ácidos orgânicos voláteis de 0mg·L-1. Enquanto que valores máximos apresentados por L1 e L2 foram de

3780,6mg·L-1 e 670,8 mg·L-1, respectivamente. Comparando-se valores de AOV entre

eles percebe-se que L2 atinge valores muito baixos e então zero antes de L1, isso pode ser explicado pelos vazamentos que ocorreram no sistema L2, provocando lavagem do mesmo e diluição do lixiviado. Fica evidente que após aproximadamente150 dias não houve produção de ácidos orgânicos voláteis, logo a fase ácida cessou neste mesmo período. O aumento do pH, observado nesta fase, também contribuiu para queda dos ácidos orgânicos voláteis, pois um meio mais alcalino não permite formação de ácidos.

Os resultados aqui obtidos foram comparados com a literatura, tal comparação pode ser observada na Figura 41.

FIGURA 41 – Comparação dos resultados de AOV obtidos na 2ª fase de operação com a literatura

Fonte: Autoria própria, 2018.

Ao comparar os valores obtidos nesta pesquisa com a literatura por meio da Figura 41 fica evidente a semelhança entre valores aqui encontrados e a literatura, com exceção dos resultados de MANZATTO (2016), que se mostraram extremamente superiores no início, isso porque o lixiviado era proveniente de uma célula experimental de um aterro sanitário que contém maior variação quanto aos compostos presentes, porém tal lixiviado apresentou valores tão baixos quanto os demais autores a partir de aproximadamente 149 dias. Tal diminuição nos valores de ácidos orgânicos voláteis ocorreram quando valores de pH aumentaram, pois, cessou formação de ácidos, evidenciando tendência a estabilização.

Os resultados para L1 e L2 do parâmetro nitrogênio amoniacal durante a segunda fase de operação podem ser observados na Figura 42.

FIGURA 42 – Resultados de nitrogênio amoniacal obtidos na 2ª fase de operação

Fonte: Autoria própria, 2018.

L1 apresentou variações quanto ao parâmetro nitrogênio amoniacal de 42,1mg·L-1 a 176,7 mg·L-1 e L2 de 25,2 mg·L-1 a 378,6 mg·L-1. Apesar do pico nos

resultados de L2, esta dentro do esperado considerando a literatura apresentada na Figura 43, uma vez que até os valores máximos aqui obtidos são inferiores aos apresentados pela literatura. Os resultados encontrados para L1 e L2 evidenciam que não ocorreu nitrificação, ou seja formação de nitrito a partir da amônia. O aumento do pH contribui para aumento de amônia (NH3), este composto é extremamente tóxico,

logo valores altos deste evidenciam lixiviados mais tóxicos. A presença de ADF não interferiu neste parâmetro, já que ambos lixiviados (L1 e L2) apresentaram valores próximos e a baixo daqueles encontrados na literatura.

FIGURA 43 – Comparação dos resultados de nitrogênio amoniacal obtidos na 2ª fase de operação com a literatura

Fonte: Autoria própria, 2018.

Observando-se valores encontrados na literatura (Figura 43) e comparando- os com os resultados aqui obtidos (Figura 42), percebe-se que os valores de nitrogênio amoniacal para lixiviados de ambos sistemas estudados nesta pesquisa são muito inferiores ao encontrado na literatura, com exceção de Mortatti, 2013 que obteve valores muitos próximos ao encontrados, pois, utilizou o mesmo sistema, porém com RSU. A presença de nitrogenio amoniacal é uma caracteristica de lixiviados provenientes de aterros sanitários, porém, nesta pesquisa foi empregado apenas resíduo orgânico e por isso houve baixos valores para este parâmetro.

Há pouca diferença entre resultados de nitrogênio amoniacal obtidos para L1 e L2, evidenciando que a presença da ADF não interferiu na qualidade do lixiviado, considerando-se o parâmetro nitrogênio amoniacal. Os resultados de Demanda Química de oxigênio para segunda fase de operação de L1 e L2 podem ser observados na Figura 44.

FIGURA 44 – Resultados de demanda química de oxigênio obtidos na 2ª fase de operação

Fonte: Autoria própria, 2018.

Os resultados de DQO para L1 oscilaram de 1492 mg·L-1 a 23606 mg·L-1. Já

para L2, devido aos limites do equipamento, não foi detectado valores mínimos, chegando a DQO máxima de 1416 mg·L-1 conforme pode-se observar na Figura 44,

além disso percebe-se que os resultados para DQO de L1 são superiores ao L2, isso porque o L2 sofreu vazamentos o que pode ter diluído seu lixiviado. Os resultados aqui obtidos foram comparados com a literatura e podem ser observados na Figura 45.

FIGURA 45 – Comparação dos resultados de DQO obtidos na 2ª fase de operação com a literatura

Fonte: Autoria própria, 2018.

A diminuição da DQO, observada nesta pesquisa e na literatura apresenta, indica que houve biodegradação e devido a natureza dos resíduos utilizados (resíduos orgânicos), tal ldiminuição foi mais acelerada nesta pesquisa quando comparada às demais. Percebe-se que, inicialmente, Mortatti (2013) obteve valores elevados de DQO mas que estes decaem rapidamente, apresentando valores muito parecidos com L2. Já L1 apresenta valores semelhantes aos outros autores no início. Considerando L2 e demais valores da literatura conclui-se que a ADF não interferiu negativamente no sistema, apresentando biodegradação como outros sistemas, conforme literatura. Os resultados de potencial redox para L1 e L2 durante a segunda fase de operação podem ser observados na Figura 46.

FIGURA 46 – Resultados de potencial redox obtidos na 2ª fase de operação

Fonte: Autoria própria, 2018.

As variações de resultados para Potencial Redox de L1 e L2 foram de 68,2 mV a 195,6 mV e -102 mV a 240 mV conforme Figura 46. L2 apresentou resultados oscilatórios para potencial redox, ora positivo ora negativo, logo houve momentos em que o sistema se apresentou anóxico, ou seja, sem oxigênio. Já L1 apresentou valores mais estáveis, isso pode ser explicado pela presença de ADF no sistema P2 que originou L2. A Figura 47 apresentam comparações dos resultados obtidos nesta pesquisa com a literatura.

FIGURA 47 – Comparação dos resultados de potencial redox obtidos na 2ª fase de operação

Fonte: Autoria própria, 2018.

Percebe-se que os valores para L1 e L2 são superiores aos resultados apresentados pela literatura, com exceção de Mortatti (2013) que obteve valores próximos a L2. Tal fato pode ser explicado pela origem do lixiviado, esta pesquisa utilizou sistema igual ao do Mortatti (2013) com exceção que este utilizou apenas RSU. O sistema empregado nesta pesquisa e por Mortatti, 2013 provavelmente, facilitou interação do material com oxigênio o que contribuiu para valores de potencial redox mais altos. Já demais autores utilizaram células experimentais de aterros sanitários. O oxigênio é o fator que mais contribui para o aumento do potencial redox, logo em ambos lixiviados (L1 e L2) havia concentrações de oxigênio. Os resultados de Manzatto evidenciam a ausência de oxigênio, isso porque o material utilizado foi RSU confinados em lisímetros.

Os resultados para L1 e L2 de condutividade elétrica para segunda fase podem ser observados na Figura 48.

FIGURA 48 – Resultados de condutividade elétrica obtidos na 2ª fase de operação

Fonte: Autoria própria, 2018.

Percebe-se que as variações nos resultados obtidos para condutividade elétrica de L1 e L2 foram de 0,2 mS·cm-1 a 9,9 mS·cm-1 e de 0,8 mS·cm-1 a 4,1 mS·cm- 1, respectivamente. A condutividade elétrica de ambos lixiviados sofreram queda com

o passar do tempo de operação, isso porque houve aumento do pH, com a biodegradação há liberação de íons. Estes resultados foram comparados com a literatura e podem ser observados na Figura 49.

FIGURA 49 – Comparação dos resultados de condutividade elétrica obtidos na 2ª fase de operação com a literatura

Fonte: Autoria própria, 2018.

Os resultados aqui encontrados estão de acordo com valores encontrados por Mortatti (2013). Manzatto (2016) obteve valores muito inferiores, isso porque ela utilizou lixiviado proveniente de aterro sanitário enquanto que esta pesquisa e

Mortatti (2013) utilizaram mesmo sistema.

A Tabela 11 permite comparar valores máximos e mínimos obtidos nesta pesquisa com valores obtidos por Miguel et al. (2018).

TABELA 11 – Resultados máximos e mínimos dos parâmetros físico químicos obtidos por Miguel et al., 2018 Miguel et al. (2018) Parâmetro pH C E (mS∙cm-1) P R (mV) A T (mg·L-1 ) N A (mg·L-1) AOV (mg·L-1) DQO (mg·L-1 ) Máximo 5,8 14 100 6500 1100 11000 40000 Mínimo 4,7 0 -400 0 0 0 0 L1 e L2 (1ª e 2ª fase) Máximo 8,8 9,9 240 15306,7 378,59 3780,6 47691 Mínimo 4,4 0,1 -102 105,8 25,23 2,3 0

Considerando Tabela 11 e Figuras com resultados de outros autores, percebe-se que os valores dos parâmetros físicos químicos, obtidos por meio de análises ao longo do tempo nesta pesquisa, estão de acordo com a literatura apresentada, já que não foram constatadas grandes diferenças entre os resultados aqui apresentados e literatura consultada.

Não foram constatadas diferenças relevantes nos resultados de condutividade hidráulica e nos parâmetros físico químicos entre sistema composto por resíduos orgânicos e solo e sistema com solo + ADF, evidenciando que a ADF não interferiu na qualidade do lixiviado, nem na condutividade hidráulica, logo pode ser utilizada como material de coberturas intermediárias de RSU em aterros sanitários.

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