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Esse estudo de observação acorreu no contexto da disciplina de graduação Interface Humano-Computador ministrada no 1º semestre de 2007 na UFRJ.

2.3.1 Objetivo

Analisar o uso de modelos no desenvolvimento de aplicações Web, com o propósito de caracterizar,

com respeito à viabilidade dos modelos (percepção de dificuldade), do ponto de vista do pesquisador,

no contexto do desenvolvimento de um portal Web por alunos de graduação do curso de Engenharia de Computação e Informação da UFRJ.

2.3.2 Contexto

Nesse estudo os participantes focaram em uma única aplicação Web para que fosse possível isolar a percepção de dificuldade do tipo da aplicação e observar, de forma mais isenta, as diferenças entre os artefatos gerados pelas diversas equipes. A escolha da aplicação baseou-se no interesse dos próprios alunos em gerar a especificação e o projeto para o portal do curso de Engenharia da Computação e Informação da UFRJ sendo, para eles, uma aplicação real.

2.3.3 Projeto do Estudo

Os quatorze participantes tiveram a liberdade de se organizarem livremente, desde que formassem quatro equipes de desenvolvimento, sendo duas com quatro participantes e outras duas com três participantes. Além disso, o aparente desinteresse dos participantes do primeiro estudo no desenvolvimento dos diagramas de apresentação fez com que os pesquisadores lançassem mão do uso de protótipos como uma alternativa para a representação das interfaces humano-computador. As atividades executadas durante o desenvolvimento e os artefatos gerados podem ser vistos na Tabela 3-3.

Tabela 2-3 - Atividades e artefatos do 2º estudo de observação

Atividade Artefatos gerados

Especificação de Casos de Uso

 Documento contendo a lista de requisitos, a lista de atores e a descrição dos casos de uso

19 Modelagem das Perspectivas  Modelo conceitual

 Modelo de Navegação: Mapa de Atores,

Diagrama de Contexto Navegacional e Diagrama de Navegação

Criação do protótipo  Protótipos da interface dos Casos de Uso

Neste segundo estudo, diferentemente do primeiro, utilizamos somente os diagramas da perspectiva de navegação previstos no método OOWS (PASTOR et al., 2001). Os diagramas relacionados à perspectiva de apresentação foram totalmente substituídos por protótipos da interface humano-computador devido: (1) às observações feitas pelos participantes do 1º estudo, que levantaram dúvidas quanto à utilidade desses diagramas como um instrumento de comunicação entre os membros da equipe e na criação da interface, e; (2) o aparente desinteresse dos participantes do primeiro estudo no desenvolvimento desses diagramas. Optamos por deixar a cargo de cada equipe a definição de qual ferramenta ou abordagem utilizar na representação desses protótipos (ferramentas de autoria ou apresentação,

storyboards, mockups, páginas HTML ou outro mecanismo).

Os modelos previstos nesse estudo foram:

 Modelo Conceitual: representação dos elementos do domínio e suas associações segundo a abordagem orientada a objetos. Usa o diagrama de classes da UML.

 Mapa de Atores: foi extraído do método OOWS e é utilizado para representar a taxonomia de atores no contexto da aplicação.

 Diagrama de Contexto Navegacional: também foi extraído do OOWS e é utilizado para representar os contextos de navegação acessados direta ou indiretamente por cada um dos atores.

 Diagrama de Navegação: também foi extraído do OOWS e é utilizado para representar o conteúdo de cada contexto de navegação a partir das visões sobre as classes e associações do modelo conceitual.

2.3.4 Instrumentação

Os requisitos do portal foram definidos por dois pesquisadores e disponibilizados aos participantes. Também foi disponibilizada a ferramenta StarUML5 juntamente com um perfil UML (OMG, 2010a) para construção do modelo navegacional, segundo o método OOWS. Duas razões motivaram a troca da ferramenta do primeiro para o segundo estudo: (1) a não evolução das funcionalidades

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20 oferecidas pela ferramenta Poseidon for UML Community Edition, que continuava oferecendo a possibilidade de explorar perfis UML somente para as versões comerciais, e; (2) o surgimento da ferramenta StarUML que, à época, oferecia mais flexibilidade para construção dos modelos desejados, principalmente por permitir a definição de perfis UML e a renderização customizada dos elementos dos modelos, facilitando a criação de modelos aderentes, semântica e visualmente, ao método OOWS. Como o objetivo do estudo não estava associado à avaliação da ferramenta, a estratégia adotada para seleção desta baseou-se na sua adequação à construção dos modelos especificados no projeto do estudo.

2.3.5 Execução

As equipes tiveram cerca de três semanas para a elaboração e entrega dos artefatos citados na Tabela 2-4. Ao final desse prazo cada equipe fez uma apresentação de aproximadamente 30 minutos na qual explicaram os modelos gerados e as decisões de projeto adotadas. Nessa apresentação, cada equipe também teve que descrever quais dificuldades foram encontradas durante o processo de desenvolvimento. O resumo das dificuldades relatadas está listado na Tabela 4-4.

Tabela 2-4 - Dificuldades relatadas pelos participantes do 2º estudo

Equipe Desenv. Dificuldades

Diamante 4 Definição do Modelo navegacional, falta de uma visão geral da aplicação, confusão entre modelo OO e modelo ER, trabalho distribuído e diagramação dos modelos

Zafira 3 Divisão do trabalho entre os membros causou confusão, modelos navegacionais e controle da versão dos modelos devido ao trabalho distribuído

Rubi 4 Desenvolvimento separado dos Casos de uso pelos membros levou a dificuldades na hora de unir os modelos, modelo conceitual não foi bem compreendido, falta de exemplos de modelos prontos e falta de reuniões presenciais

Topázio 3 Confusão entre modelo conceitual e modelo ER e dificuldade para definir as classes

A partir dos artefatos entregues foi possível extrair algumas medidas diretas apresentadas na Tabela 2-5.

Tabela 2-5 - Dados quantitativos do 2º estudo Equipe No. de participantes No. de UCs No. de classes conceituais No. atores No. de contextos navegacio- nais No. de UCs prototipados Diamante 4 30 14 6 33 6 Zafira 3 36 15 8 21 3 Rubi 4 27 12 5 18 19

21

Topázio 3 33 13 5 77 15

Com relação ao uso dos protótipos da interface humano-computador, pudemos observar que a sua criação durante o desenvolvimento foi mais bem assimilada pelas equipes do que os diagramas de apresentação usados no primeiro estudo de observação (seção 3.1). Isso já era esperado, pois os protótipos materializam a estrutura da interface com os usuários de uma forma concreta e mais natural para os desenvolvedores. Contudo, ainda persistiram dúvidas quanto à forma de representar os aspectos comportamentais relacionados à perspectiva de apresentação.

Algumas dificuldades relatadas pelos participantes do primeiro estudo surgiram também neste segundo estudo, mais notadamente as questões relacionadas ao modelo navegacional (relatado por 2 das 4 equipes), enquanto outras dificuldades vieram à tona somente nesse estudo, como a divisão dos modelos entre os membros da equipe (relatado por 3 das 4 equipes). Entretanto, apesar dessa repetição, não foi possível estabelecer com maior precisão nenhuma sugestão de possível causa e efeito. Assim, um terceiro estudo de observação foi elaborado no sentido de tentar capturar os dados de forma mais rigorosa e objetiva a fim de possibilitar essa análise.