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Segundo momento: estudando as partes e a ligação entre as partes do texto

QUADRO 40: SEQUÊNCIA DIDÁTICA ADAPTADA Apresentação da Situação

4.1.2.2 Segundo momento: estudando as partes e a ligação entre as partes do texto

As ponderações feitas nesta seção serão a partir das cinco atividades que deram continuidade à SD, para tanto, destinaram-se dez aulas para a aplicação de cinco atividades que deram continuidade à sequência, cada uma com objetivos diferentes, mas mantendo o foco no objetivo geral. Assim como feito anteriormente, cada atividade será descrita a seguir.

Continuando com a sequência, tem-se a atividade oito que revisitou os aspectos do gênero textual em foco. Nessa aula, os alunos leram uma carta aberta e socializaram o que consideram que cada parte deveria conter. Assim sendo, todas as observações feitas foram sendo anotadas na lousa para se refletir sobre o que os alunos estavam apontando. Para ajudar no olhar analítico, pediu-se que eles comparassem a carta aberta com a carta pessoal, haja vista que, na produção inicial, houve ocorrências das especificidades da carta pessoal na carta aberta.

Essa comparação estimulou os alunos a perceberem que as cartas eram diferentes, de forma que eles citaram não apenas o título como um dos diferenciais, como também a linguagem, a introdução, a conclusão. Assim, percebeu-se nas repostas dadas que muitos tinham reconhecido a noção sobre como é uma carta aberta. Com isso, teve-se a expectativa de que os componentes do grupo que, em vez da carta aberta, escreveram uma carta pessoal, tivessem percebido as diferenças entre esses textos. Este fato, porém, não foi preocupante, já que a maioria conseguiu escrever o gênero em estudo.

Ainda sobre essa aula, vale ressaltar que o fato de alguns alunos terem escrito a carta aberta com traços de uma carta pessoal, esse problema pode ter passado despercebido, provavelmente, por não se ter pensado em uma forma de avaliar melhor cada aula. Além dessa possibilidade, há a de que os dos alunos terem faltado a uma das aulas, situação não prevista na sequência, portanto, não havendo ações para suprir essa ausência. Assim, diante dessas constatações, fica a experiência para que, em outra oportunidade, crie-se uma estratégia de como resolver os problemas citados.

Com relação à atividade nove, trabalhou-se o que cada parte da carta devia contemplar, de modo que se aproveitou a carta da última aula para se ler e analisar mais atentamente. Nessa direção, o texto foi modificado para criar espaços em que os alunos deveriam escrever o que cada parte continha. Após os alunos fazerem a leitura silenciosa, releu-se oralmente e explicou-se cada parte da carta.

Para explicar, foram utilizados sempre questionamentos para fazer a turma refletir, iniciando-se com a questão de como deve ser o título da carta aberta, sobre o que deve constar com relação ao destinatário. Isso foi feito no tocante à introdução, ao desenvolvimento e à conclusão da carta. Salienta-se que todas as informações obtidas mediante as respostas foram compiladas para criar as explicações sobre cada uma das partes, ou seja, tudo partiu deles com a mediação do professor.

Ainda sobre essa aula, teve-se a impressão de que parecia que tudo estava ocorrendo como o planejado, mas não foi bem assim. Nesse dia, a turma apresentava comportamento agitado, consequentemente, desconcentrado. A todo instante, era necessário solicitar silêncio e atenção, tudo isso motivado pela água que tinha acabado e a escola ia liberar no intervalo. Outro agravante que provavelmente colaborou para essa euforia era o fato de estar no fim do ano, a turma nem sempre demonstrava interesse. Diante desse fato, pode-se dizer que a mudança na rotina da escola faz a diferença na aprendizagem do aluno. Chegou-se a mais uma variável não contemplada durante a sequência, pois, até então, ainda não havia uma ocorrência desse tipo, visto que a turma sempre era cooperativa, não havia mesmo como se prever esse fato. Apesar de tudo, o objetivo da aula foi cumprido.

Além dos aspectos considerados acima, começou-se a enfocar a coesão entre as partes do texto, observando os conectores. Para tanto, a atividade dez foi proposta para dar continuidade à Sequência Didática abordando os conectores textuais. Nessa atividade, usaram-se perguntas, com o intuito de guiar os alunos na reflexão acerca do uso dos conectores no texto. A título de exemplo, questionou-se: “no 2º parágrafo do texto, que expressão retoma a ideia anterior”?. “Na parte correspondente ao 8º parágrafo, a partir da seguinte construção: ‘conforme a prática mundial’, o que se pode entender?” e “que expressão possibilitou a essa conclusão”? Tal direcionamento oportunizou aos alunos observarem como a conexão acontece no texto, já que eles tinham somente estudado esse assunto através de uma concepção da gramática tradicional, com exemplos em frases soltas, conforme relataram.

Ao passo que os alunos respondiam, logo complementavam-se alguns pontos necessários. A ideia era tentar propiciar condições para que os alunos percebessem como todo o texto estava conectado e como as expressões apresentavam sentidos que concorrem para a compreensão global.

Mostrou-se, assim, que o texto é uma trama que está interligada e que não há “fios” soltos. Ora, durante a atividade, quando eles não percebiam o sentido de um dos conectores no texto, lançavam-se alternativas para novas perspectivas sobre os sentidos que ali poderiam aparecer, de modo que assim se seguiu a aula até o final. Após feitas as análises dos conectores, orientou-se que os alunos fizessem o mesmo com a carta aberta (Anexo G), que identificassem alguns conectores e explicassem os sentidos deles naquele contexto, para socialização da análise realizada na aula seguinte. Durante a execução dessa aula, constatou-se que os alunos tinham muita dificuldade em construir os sentidos do texto e de reconhecerem os conectores.

Sobre essa atividade, pode-se considerar que, por meio dela, percebeu-se que faltava a esses alunos maturidade de perceber essas relações, para tanto, usou-se de perguntas para guiar o olhar deles para onde era necessário. Paulatinamente, foi-se percebendo que eles iam buscando as informações, pois, em outras partes do texto, os alunos conseguiam apontar as relações semânticas que se apresentavam.

Ao aplicar essa atividade, também se percebeu que a coesão, por meio dos conectivos, poderia ter sido trabalhada desde antes, o que pode apontar que o trabalho com o texto com esses alunos era pouco focado, explicando, assim, a falta de percepção para o sentido que os conectores podem oferecer nas ligações textuais. Isso revelou que abordar a coesão, o uso dos conectores, demandaria mais tempo e que as aulas previstas seriam insuficientes.

Prosseguindo, procedeu-se a atividade onze. Nesta fase, buscou-se abordar de forma mais intensiva os conectores, posto que os alunos mal os conheciam. Foi proposto que eles estudassem o texto, observando os conectores e os sentidos que veiculavam. Para tanto, eles tinham de identificá-los e ressaltarem o sentido que adquiriam naquele contexto. Após concluírem a atividade, realizou-se a discussão oralmente, momento em que os alunos socializaram as análises realizadas.

Dando prosseguimento, a atividade seguinte (Apêndice 4) objetivou dar continuar ao estudo dos conectores. Tal tarefa deveria ter sido realizada na sala, sendo que os comentários coletivos sobre os resultados também seriam ainda durante aquelas duas aulas. Porém, no transcurso da execução da tarefa, percebeu-se que os alunos tinham dificuldade em entender alguns enunciados, pois questionavam acerca do que estava sendo solicitado na questão.

Outro momento da atividade foi o de discutir as respostas do exercício, quando também se observou que houve uma participação mais ativa, com muitos alunos identificando que alternativas haviam identificado, quando não acertavam, era preciso esclarecer cada assertiva para que pudessem entender que relação melhor cabia naquela situação. Foi um momento em que se observou o empenho por boa parte da turma, e aproveitando esse período

para discutir com eles porque seria aquela resposta. Apesar dessa participação, chegou um momento que alguns alunos não tinham conseguido terminar a atividade e por isso não participavam mais como no início. A não conclusão da atividade se deu porque não havia mais tempo para executar aula como planejado na SD.

Isso se deu por causa do tempo, não se tinha mais tanto tempo para realizar as atividades como essa que poderia ter ficado para continuarem em casa e, assim, terem a oportunidade de pesquisar, mas o bimestre tinha sido antecipado por causa da falta de água e não dava para seguir como se planejou, teve de se fazer mudança no plano. Para essa atividade, o contratempo foi o tempo, não da aula, mas do bimestre, haja vista que houve planos para mais duas aulas para discussão das respostas. Apesar dessa contrariedade, a correção ajudou a esclarecer muitas dúvidas.

A atividade doze foi realizada, após terminada a atividade voltada para os conectores. Nessa direção, conforme os alunos tinham estudado em outra aula, que uma parte do texto se liga à outra, procedeu-se ao estudo com foco na organização interna do texto, observando-se essa questão nos parágrafos. Para tanto, disponibilizaram-se cópias de textos do gênero carta aberta (Anexo H), a fim de que os alunos colocassem os trechos em sequências ordenadas, identificassem o título, a introdução, o desenvolvimento, a conclusão.

A execução da atividade ocorreu como planejado, eles concentrados tentando conectar as partes que compõem o texto. Observou-se que os grupos interagiam para saber como tinham colocado, e ouvia-se o motivo de terem posicionado uma parte como sendo a introdução do texto, por exemplo. Também comentaram que era complicado, mas lendo com calma, aos poucos, iam conseguindo.

Por ser uma tarefa que precisava de leitura para identificar a sequência da carta aberta, muitos alunos, aparentemente, não tiveram paciência para ler os parágrafos desordenados. Pode-se pensar em vários motivos: pouco tempo para explicar, pouca habilidade de leitura, pouco interesse na atividade. Não dá para saber ao certo qual é o real motivo para não aderirem ao exercício.

Pode-se observar que a metodologia usada neste momento trouxe aprendizagem, tanto para os alunos quanto para o professor, haja vista que reflexão sobre as aulas dadas é um suporte para tornar-se uma transformação constante. Essa visão foi baseada nas informações discutidas que foram obtidas durante as dez aulas distribuídas nas cinco atividades do segundo momento.

Com essa atividade, encerrou-se o segundo momento da sequência. Todas essas atividades auxiliaram na reescrita da carta, tema do terceiro momento da sequência, como pode ser visto a seguir.