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Segurança da Informação de Saúde

No documento Francisco Alves Carvalho (páginas 56-59)

Capítulo 3 SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO

3.5 Segurança da Informação de Saúde

Do ponto de vista da segurança da informação existem de modo geral nas organizações de saúde, nomeadamente nos Hospitais, duas áreas importantes de salientar: área administrativa/económica e a clínica/administrativa. Estas duas áreas carecem de uma política de segurança. No entanto, dada a natureza distinta de cada área, a atitude por parte da organização no que respeita à segurança da informação tem ou pode ser diferente[1]. Se ocorrer uma quebra de segurança na área administrativa/económica pode ser grave para o bom funcionamento da unidade de saúde enquanto “empresa/organização”, uma quebra de segurança na área clínica/administrativa pode ser bem mais nefasta enquanto prestador

8 ISO 9001: - A norma ISO 9001 constitui uma referência internacional para a Certificação de Sistemas de Gestão da Qualidade.

9 ISO 14001: - A norma ISO 14001 constitui uma referência internacional para a Certificação de Sistemas de Gestão Ambiental.

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41 de cuidados de saúde. Dada a natureza da informação da área clínica/administrativa, esta têm necessidades especiais quanto às seguintes dimensões da segurança (confidencialidade, disponibilidade, integridade e autoria/responsabilidade) [45][46].

A evolução tecnológica tem obrigado a que o conceito de segurança da informação na área clínica/administrativa sofra uma grande evolução e desta forma a noção de confidencialidade da informação clínica já ultrapassou a relação médica/doente, tanto pelo fator tecnológico como pelo surgimento de outros profissionais de saúde. O proteção da privacidade que em tempos estava somente consagrada nos códigos deontológicos das carreiras dos profissionais da área da saúde atualmente é exigido aos sistemas de informação visto que qualquer quebra de segurança neste sector tem um impacto pessoal significativo, principalmente quando se verifica na perda da confidencialidade da informação clinica/administrativa, isto é informações pessoais associadas a hábitos e doenças socialmente rejeitadas [47][48].

A integridade da informação clínica/administrativa também tem uma importância primordial. Uma informação que tenha perdido a sua integridade pode conduzir, por exemplo, à aplicação de um tratamento menos adequado, cujas consequências poderão ser imprevisíveis ou muito graves para o paciente.

A disponibilidade da informação, é tão importante como a confidencialidade e integridade da informação, porque permite evitar que haja consequências negativas por indisponibilidade da informação, quando ela e necessária a quem necessita de um determinado cuidado de saúde [48].

Para alguns autores esta área tem uma natureza específica e consideram que às três dimensões clássicas da segurança da informação se deve juntar a dimensão da autoria/responsabilidade. Esta é caraterizada como a dimensão que permite conhecer o autor e ou responsável por uma determinada informação ou processo. A dimensão autoria/responsabilidade é muita importância nos tempos atuais, pela necessidade de determinar com exatidão onde começa e acaba a responsabilidade de cada profissional de saúde que intervêm nos cuidados prestados a um doente [1][49].

3.6 Discussão

Quando se analisam dados estáticos como os apresentados no anexo C, verifica-se que, no caso dos Hospitais (anexo C.1) em 2010 num universo de 235, existiam em termos percentuais com actividades gerais informatizadas, 93% com gestão financeira e administrativa, 86% com marcação de tratamentos e consultas, 60% com trocas internas de

42 imagens médicas e com actividades médicas informatizadas, 86% com serviço internamento, 75% com base de dados da informação clinica do paciente, 60% com processo clinico eletrónico. No que se refere a segurança formalmente definida, somente 22% é que tem uma subscrição de um serviço de segurança.

Relativamente as Empresas (anexo C.2) em 2010 num universo de 2 843, pode-se verificar que somente 23% das empresas (com 10 ou mais funcionários) é que apresenta políticas de segurança formalmente definidas com plano de revisão regular. Onde relativamente a área de actividade o sector financeiro e de seguros representam 65% dessas empresas e, em relação ao número de funcionários, as empresas com 250 ou mais funcionários representam 62%.

Estes dados mostram que, em Portugal a cultura que as organizações têm, em que não é necessário que a segurança da informação deve estar assente e formalmente definida numa política de segurança suportada por um SGSI, tem de mudar e já começa a dar sinais dessa mudança, sob pena de verem os seus ativos cada vez mais em risco e por consequência a sua própria sobrevivência.

A actividade associada a segurança da informação deve estar integrada nos processos de gestão e decisão, para que a definição de políticas de segurança e o seu respetivo papel, seja assumida na plenitude por toda a organização.

Este trabalho, procura contribuir para a implementação de um Sistema de Gestão da Segurança da Informação (SGSI), suportado pelas normas internacionais (família de normas ISO/IEC 27000), que definem os princípios fundamentais e boas práticas (isto e, conjunto de políticas, práticas, procedimentos, mecanismos ou ações que promovem a proteção sobre a informação de uma determinada organização ou pessoa), e por um modelo de gestão de risco que permite, implementar, monitorizar de forma pró-ativa, manter e otimizar a segurança da informação de uma organização através da utilização de controlos preventivos que evitem a ocorrência de incidentes por forma a garantir um nível de proteção adequado e devidamente controlado. E desta forma, permitir que a organização adquira a tranquilidade necessário para gerir as espectativas da sua actividade, a continuidade dos seus resultados e negócio, a eficácia/eficiência dos seus processos, a produtividade pretendida, e a evolução desejada de forma segura e confiável através de um ambiente estável dos seus sistemas de informação. Sendo a gestão de risco, um instrumento determinante para a eficiência de um SGSI, a sua escolha e definição é um requisito fundamental muito importante que merece toda a atenção e cuidado.

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No documento Francisco Alves Carvalho (páginas 56-59)

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