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3. ESTIMANDO ESFORÇO DE BUSCA E RIGIDEZ DE MERCADO DE TRABALHO A

3.5. Forma Funcional do Modelo e Descrição das Variáveis

4.2.1. Seguro-Desemprego no Brasil

O sistema de benefício do seguro-desemprego atual foi criado em 10 de março de 1986 pelo Decreto-Lei n. 2.2841 e regulamentado pelo Decreto n. 92.6082 de 30 de abril de 1986 em resposta à crise macroeconômica e como parte integrante do Plano Cruzado3, embora já previsto na constituição de 1946. No entanto, o processo de implementação teve uma característica emergencial devido à crise o que acabou por comprometer a sua divulgação. Assim, devido à falta de informação e as restrições de acesso o programa foi pouco utilizado. O programa em seu início teve por base o modelo europeu, cujo objetivo era o de garantir uma renda mínima aos trabalhadores demitidos sem justa causa, porém uma das causas principais da sua baixa amplitude deve-se a não observância das fontes de custeio do programa, ou seja, o pagamento do benefício ficava na dependência da disponibilidade de recursos do Tesouro Nacional e não existia nenhuma contrapartida de financiamento via arrecadação segundo Balbinotto Neto e Zilberstajn (1999).

Para requerer o benefício o trabalhador deverá atender aos seguintes três requisitos de acordo com o artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho. Primeiro ter pelo menos 36 contribuições a previdência social nos últimos 4 anos; comprovar a condição de assalariado nos últimos seis meses com registro formal na Carteira de Trabalho e Previdência Social e ter sido dispensado a mais de 30 dias para solicitar o seguro.

O benefício veio alcançar a sua maturidade com a promulgação da nova constituição4 do Brasil no ano de 1988, sendo que estabeleceu as condições para o financiamento do agora Programa de Seguro-Desemprego (e não mais benefício) e criou o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)5. Entretanto, o FAT foi criado apenas em 1990, através do Decreto-Lei 7.9986 de 11 de janeiro, sendo que a sua principal fonte de recursos era composta pelos aportes advindos do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação de Patrimônio do Servidor Público (PASEP).

A partir do Decreto-Lei de 1990 que criou o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT), o programa incorporou novas características e condições além da

1 Para maiores detalhes acessar http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=107035&norma=130054.

2 Para acessar o texto na integra consultar http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1980-1987/decreto-92608-30-abril-1986-442611-

publicacaooriginal-1-pe.html

3 O Plano Cruzado foi um conjunto de medidas econômicas, lançado pelo governo brasileiro em 28 de fevereiro de 1986, com base no decreto-lei nº

2.283, de 27 de fevereiro de 1876, sendo José Sarney o presidente da República e Dílson Funaro o ministro da Fazenda.

4 Com a Constituição de 1988, o seguro-desemprego alçou a condição de programa de seguro-desemprego, tendo sido a sua assistência financeira

ampliada a outras categorias tais como: desempregado sem justa causa, bolsa qualifica ção, auxílio ao pescador artesanal, ao trabalhador doméstico e aos trabalhadores em condições precárias de trabalho (MTE).

5 De acordo com o portal do Ministério do Trabalho e Previdência Social o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), é um fundo espe cial, de natureza

contábil-financeira, destinado ao custeio do Programa do Seguro-Desemprego, do Abono Salarial e ao financiamento de Programas de Desenvolvimento Econômico. A principal fonte de recursos do FAT é composta pelas contribuições para o Programa de I ntegração Social – PIS, criado por meio da Lei Complementar n° 07, de 07 de setembro de 1970, e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PASEP, instituído pela Lei Complementar nº 08, de 03 de dezembro de 1970. Pesquisa feita em http://portalfat.mte.gov.br/sobre-o-fat/ no dia 03/04/2016.

concessão do benefício, ou seja, o programa agora era responsável além da concessão do mesmo, de criar condições para a qualificação social e profissional através do Plano Nacional de Qualificação (PNQ) e Intermediação da Mão-de-Obra, através das iniciativas de formação pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), e a sua elegibilidade expandiu-se para uma gama mais vasta de trabalhadores.

A partir da nova lei nº 8.9007 de 30 de junho de 1994 o benefício agora estava vinculado ao tempo de carteira assinada nos últimos dois anos antes do processo demissionário, sendo que o tempo do benefício foi estabelecido de acordo com o seguinte critério: (i) três parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada, de no mínimo seis meses e no máximo onze meses, no período de referência; (ii) quatro parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada, de no mínimo doze meses e no máximo vinte e três meses, no período de referência e (iii) cinco parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada, de no mínimo vinte e quatro meses, no período de referência.

Em relação à prorrogação por mais dois meses a lei manteve as mesmas características para grupos específicos de segurados, a critério do CODEFAT, desde que o gasto adicional representado por este prolongamento não ultrapasse, em cada semestre, dez por cento do montante da Reserva Mínima de Liquidez, cujo objetivo era o de assegurar aos grupos citados os recursos necessários a cobertura adicional do programa de seguro-desemprego.8

Importante acrescentar que desde a sua criação outras categorias de trabalhadores foram incorporadas ao programa, e não somente aos desempregados do setor formal da economia. Podemos então incluir quatro categorias que foram incorporadas ao longo do tempo, sejam elas: (i) Seguro- Desemprego Pescador Artesanal no ano de 1992; (ii) Bolsa Qualificação em 1999; (iii) Seguro- Desemprego Empregado Doméstico em 2001 e (iv) Seguro-Desemprego Trabalhador Resgatado em 2003.

Para fins da análise pretendida neste trabalho, pode-se dizer que o programa de seguro- desemprego não sofreu grandes alterações nos seus critérios, além da inclusão de mais categorias de trabalhadores com acesso a este benefício. Apenas recentemente tivemos alterações importantes nas regras do programa que passou a exigir mais meses de trabalho para o requerente ter direito ao benefício, exclusivamente quando da primeira e da segunda solicitação. As exigências necessárias a

7 Para maiores detalhes acessar a página http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=117383&norma=139576. 8 Para maiores detalhes acessar o § 2º do art. 9º da Lei nº 8.019, de 11 de abril de 1990, com a redação dada pelo art. 1º da Lei nº 8.352, de 28

partir da terceira solicitação foram preservadas de acordo com Borges e Fernandes (2015). Estas, no entanto, não estão compreendidas no período de análise deste trabalho.9

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