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Seleção da Amostra, Coleta e Análise de Dados

No documento Belo Horizonte 2010 (páginas 72-75)

3. METODOLOGIA

3.5 Seleção da Amostra, Coleta e Análise de Dados

De acordo com Bell (1989), os métodos de coleta de dados e informações devem

ser escolhidos de acordo com a tarefa a ser cumprida. Dentro da ampla estratégia de pesquisa

do estudo de caso, vários métodos podem ser empregados, sendo que os mais utilizados

geralmente valem-se da abordagem qualitativa do problema e consistem em entrevistas ou

questionários complementados por entrevistas, conforme Hartley (2004), que afirma

adicionalmente que a observação e a análise documental também são bons métodos aplicáveis

a pesquisas qualitativas.

Conforme observa Cardoso (2001), as etapas de coleta e análise de dados podem

ocorrer em conjunto, originando novas conversas com os entrevistados, de modo a aprofundar

o tema da pesquisa e confirmar o entendimento de aspectos que se mostraram importantes ao

longo do processo de coleta e análise. Tal interação pode determinar inclusive algumas

alterações na abordagem de coleta.

Múltiplas fontes e métodos de coleta de dados foram utilizados, permitindo a

triangulação dos dados e outros aspectos relevantes recomendados por Yin (2005) para a

construção do estudo de caso ideal. A coleta de dados ocorreu por meio de questionários,

entrevistas semi-estruturadas, análise documental, análise de conteúdo e observação

participante.

3.5.1Análise das práticas percebidas da auditoria interna: questionários, entrevistas, análise

documental e observação participante

A dinâmica do processo de auditoria interna da empresa foi analisada em detalhes

por meio de entrevistas, questionários, análise documental e observação participante.

Os processos de gestão de risco, controle e governança foram conhecidos por

meio de análise documental e entrevistas semi-estruturadas com analistas. Para avaliar o

processo de auditoria, previamente à aplicação do questionário, foram realizadas entrevistas

semi-estruturadas com o superintendente e o gerente da área e análise documental.

Os questionários para avaliação da percepção das práticas de auditoria interna

foram aplicados junto aos gerentes de auditoria (profissionais com atribuições de gestão,

coordenação e revisão de trabalhos), aos auditores internos (profissionais com atribuições de

execução e coordenação em alguns níveis) e aos auditados (gerentes, interlocutores e

responsáveis por controles das áreas auditadas) e enviados por meio de link para resposta a

survey na internet, de modo a garantir o anonimato do respondente, obtendo assim maior

fidedignidade nas respostas.

As perguntas tiveram o objetivo de verificar a percepção dos auditores e dos

auditados sobre a atividade de auditoria interna, avaliando diversos aspectos, tais como a real

capacidade da auditoria de contribuir para (i) a melhoria dos processos de negócio, (ii) a

melhoria do ambiente de controle da empresa e (iii) o controle dos riscos corporativos e

financeiros, atendendo às exigências da SOX.

O questionário foi composto de perguntas fechadas e uma pergunta final aberta, as

primeiras para reduzir a ambigüidade na interpretação das respostas e permitir a utilização da

estatística como método de análise e a última para propiciar um melhor entendimento das

características inerentes à pesquisa e permitir manifestação voluntária do respondente sobre

aspectos que julgasse relevantes. As perguntas permitiram ainda identificar os processos

principais nos quais atuam o respondente, quando auditado, e as áreas que habitualmente

auditam e o tipo de trabalho que realizam (auditoria de controles ou auditoria interna), quando

auditor, com o intuito de permitir verificar se divergências na percepção dos respondentes

podem decorrer de aspectos da auditoria, tais como o tipo de auditoria realizada –

operacional, de sistemas, financeira, gestão ou controle interno – e o processo avaliado.

Também foram considerados aspectos relativos à competência do auditor. Foram elaborados

questionários distintos para auditores e auditados, embora com algumas perguntas

coincidentes, tendo por base as características e atributos da área de auditoria, da empresa e

dos auditores discutidas no referencial teórico.

O questionário aplicado foi submetido previamente a um teste piloto, realizado

com uma pequena amostra de auditores e auditados, com o objetivo de identificar falhas no

instrumento de coleta. Somente após feitas as correções e melhorias nos questionários

submetidos ao piloto, eles foram encaminhados à população da pesquisa.

Após a tabulação das respostas aos questionários, foi realizado procedimento de

triangulação, através de entrevistas, análise documental e observação participante, uma vez

que o pesquisador trabalha na empresa pesquisada. De acordo com Yin (2005), essas são

fontes adequadas de evidências para triangulação no estudo de caso. O roteiro das entrevistas

semi-estruturadas realizadas junto aos auditores foi elaborado considerando-se os objetivos da

pesquisa. A escolha dos entrevistados ocorreu em duas etapas: a primeira, pela identificação

de grupos de respondentes em que se desejava confirmar alguma informação; a segunda se

deu por meio da seleção aleatória de um ou mais componentes do grupo. Conforme Triviños

(1987), a entrevista semi-estruturada é um dos instrumentos de pesquisa mais decisivos para

analisar os processos de interesse do pesquisador qualitativo. Os resultados das entrevistas

foram comparados aos dos questionários, dando mais sinergia à análise de dados.

A análise documental abrangeu diversos tipos de documentos relevantes para a

compreensão da dinâmica da auditoria interna, tais como o estatuto da área, seu planejamento

periódico, programas de testes, relatórios de auditoria, indicadores de desempenho da

auditoria interna e outras comunicações. Por meio dessa análise, informações relevantes sobre

o contexto da auditoria interna foram levantadas e dados apurados nos questionários e

entrevistas foram confirmados e puderam ser mais bem esclarecidos.

A observação participante ocorreu durante toda a pesquisa. Conforme Valladares

(2007), a observação participante implica, necessariamente, em um processo longo. Muitas

vezes, o processo começa com a negociação do pesquisador para poder acompanhar o grupo.

No entanto, independente dessa etapa, o tempo é um pré-requisito importantíssimo para a

observação participante porque a compreensão do comportamento de pessoas e processos

exige que eles sejam observados por um longo período, e não apenas num momento único.

O pesquisador atua na área de auditoria interna da empresa pesquisada desde

2003. No início de 2009, ao ter definida sua pesquisa, passou a observar com maior

imparcialidade os fenômenos que ocorriam dentro da empresa e da área estudada. Desde o

início do levantamento preliminar de informações para a pesquisa, seguido pela análise de

conteúdo de seu aparato normativo até os procedimentos finais de triangulação do estudo de

caso, decorreram quinze meses. Nesse tipo de observação, Valladares (2007) ressalta que as

entrevistas formais muitas vezes não são necessárias, com os dados podendo chegar ao ao

pesquisador sem que ele faça qualquer esforço para obtê-los.

No que tange à qualidade do serviço de auditoria, foram identificados e analisados

indicadores de desempenho em uso e em implantação, relativos à qualidade, aos prazos e aos

resultados das auditorias, que mensuram os principais objetivos da auditoria interna da

empresa pesquisada.

As conclusões da pesquisa foram orientadas pelo conteúdo das respostas aos

questionários e entrevistas e pela análise documental e observação participante, sendo

também embasadas pelos estudos e teorias existentes sobre o tema pesquisado.

No documento Belo Horizonte 2010 (páginas 72-75)

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