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3. RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE

4.2 Seleção da Amostra

Em razão da necessidade de se avaliar, manualmente, o disclosure das empresas, já que essa variável não se encontra disponível, o presente estudo optou em analisar um maior número de empresas durante um período de tempo menor ao invés de analisar um número menor de empresas em período de tempo maior.

A delimitação da amostra teve como critérios para seleção as empresas de capital aberto do Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC) que publicaram relatórios de sustentabilidade no modelo GRI G3 e elaboraram suas demonstrações contábeis para o ano de 2010 em conformidade com as normas internacionais de contabilidade do International Accounting

Standards Board (IASB), que são as International Financial Reporting Standard (IFRS).

O Brasil possui a segunda maior bolsa de valores do mundo em valor de mercado, a BM&FBovespa, que alcançou em 2010 a marca de R$ 30,4 bilhões (BM&FBOVESPA, 2012).

Todas as empresas do Brasil listadas na BM&FBovespa elaboraram para o ano de 2010 suas demonstrações contábeis nos padrões IFRS, devido a regulamentação brasileira sobre a práticas contábeis já está alinhada com as diretrizes internacionais do IASB e IFRS (CPC, 2012). Desta forma, as 56 empresas brasileiras que negociam ações na bolsa de valores que publicaram seus relatórios de sustentabilidade nos padrões GRI compuseram a amostra deste estudo, o que corresponde a 12% das 468 empresas listadas na BM&FBovespa no ano de 2010(BM&FBOVESPA, 2012).

Outra característica importante das empresas brasileiras quanto a publicação de relatório de sustentabilidade é que o Brasil desde o ano de 2006 lidera o ranking mundial em adesão de novas empresas junto a GRI.

A Rússia se destaca dentre as economias emergentes com o mercado de ações mais rentável, contudo também como o mais confuso e complicado. O mercado russo por um lado, atrai investidores privados com índices e coeficientes altos e, por outro, afugentando-os por ser um mercado distante e ainda pequeno. A elevada volatilidade dos índices da bolsa de valores da Rússia atrai especuladores e afugenta muitos investidores estratégicos. Para uma

bolsa de valores de um país desenvolvido, uma oscilação superior a 2% é forte e provoca agitação entre os operadores. Na Rússia, essa taxa de oscilação é normal (CASELLA, 2011).

A bolsa de Valores da Rússia, Russian Trading System (RTS), possuía 142 empresas listadas em 2010. Destas, apenas 6 publicaram relatórios de sustentabilidade nos padrões GRI e puderam, portanto, fazer parte da amostra deste estudo, o que representa 4,23% das empresas russas de capital aberto (STR, 2012). A Rússia, também para o ano de 2010, já tinha aderido aos padrões contábeis IFRS, desta forma, todas as demonstrações contábeis das 6 empresas russas já estavam passíveis de comparação com as demonstrações dos demais países da amostra.

A Índia possui duas bolsas de valores, a National Stock Exchange of India (Bolsa de Valores Nacional da Índia), com 423 empresas listadas em 2010 e a bolsa de valores mais antiga da Ásia, Bombay Stock Exchange (Bolsa de Valores de Bombay), fundada em 1875, que em 2010 possuía 975 empresas (BSE, 2012).

Apesar da Índia possuir a maior quantidade de empresas associadas à bolsa de valores dentre os países emergentes, a quantidade de companhias que publicam relatórios de sustentabilidade ainda é muito pequena. Para o ano de 2010 apenas 24 empresas indianas elaboraram relatórios de sustentabilidade, sendo destas 19 de capital aberto.

Quanto aos padrões contábeis de reconhecimento, mensuração e evidenciação, a Índia ainda está em processo de convergência de suas normas contábeis para IFRS. No ano de 2010 a Índia possuía apenas o projeto de convergência parcial para normas internacionais e somente em 2011 foi dado início a este plano de convergência (DELOITTE, 2011). Contudo, mesmo sem a obrigatoriedade de elaboração das demonstrações contábeis de acordo com o padrão IFRS, das 19 empresas que divulgaram relatórios de sustentabilidade, 17 apresentaram voluntariamente demonstrações contábeis com a adoção das normas internacionais de contabilidade.

A bolsa de valores da China: Shanghai Stock Exchange (Bolsa de Valores de Shangai), foi fundada em 1990 e tem se destacado por, nos últimos anos, possuir o maior mercado de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) do mundo. Em 2010, 349 novas companhias ingressaram na bolsa, que fechou o ano com 860 empresas listadas (SSE, 2012).

A China, desde 2006, está em processo de adaptação de suas normas de contabilidade para os padrões IFRS. Em 2010 quase completamente convergida, as empresas chinesas elaboravam suas demonstrações com poucas adaptações às normas internacionais, e as

empresas de capital aberto, ainda que voluntariamente, já publicavam suas demonstrações integralmente nos padrões IFRS por seguirem as recomendações das Bolsas de Valores de Shangai e Hong Kong (DELOITTE, 2011).

De acordo com a GRI (2011), 61 empresas chinesas elaboraram relatórios de sustentabilidade seguindo as diretrizes da Global Reporting Initiative, contudo apenas 14 destas publicaram seus relatórios de sustentabilidade.

A Tabela 1 apresenta a amostra deste estudo, que é composta por 93 empresas de capital aberto do Brasil, Rússia, Índia e China que publicaram relatórios de sustentabilidade no modelo GRI G3 e elaboraram suas demonstrações contábeis para o ano de 2010 em conformidade com as normas internacionais de contabilidade do International Accounting

Standards Board (IASB), que são as International Financial Reporting Standard (IFRS), de

acordo com o banco de dados da Global Reporting Initiative (2010), posição em 31 de dezembro de 2011, relativamente ao relatório do exercício de 2010.

Tabela 1 – Amostra da pesquisa

País Amostra Representatividade do país sob a amostra

Brasil 56 60,1%

Rússia 6 6,5%

Índia 17 18,3%

China 14 15,1%

Total 93 100%

Fonte: Elaborada pelo autor

Estas empresas foram classificadas quanto ao seu setor de atuação, com base na lista de setores econômicos da Global Reporting Initiative, que disponibiliza a relação de 34 setores econômicos, conforme Tabela 2.

Tabela 2 – Empresas da amostra por setor econômico e por impacto de suas atividades no meio ambiente

Impacto das atividades no meio ambiente

Setor Econômico (GRI) Número de Empresas

Pequeno

Produtos Alimentícios e Bebidas 3

Universidades 1

Serviços Financeiros 13

Serviços 3

Saúde 1

Produtos domésticos e pessoais 2

Aviação 2

Tecnologia de Hardware 2 Logística 1 Construção Civil 4 Conglomerados 6 Informática 4 Automotivo 3 Água e Saneamento 1 Tabaco 1 Telecomunicações 3 Alto Siderurgia e Metalurgia 3 Mineração 5 Papel e Celulose 4 Químico 3 Total 93

Fonte: Elaborada pelo autor

Considerando a relevância do aspecto ambiental no tripé da sustentabilidade, a Tabela 2 apresenta ainda o agrupamento das empresas segundo o efeito das suas atividades no meio ambiente, conforme classificação prevista na Lei Federal Brasileira n. 10.165, de 27/12/2000, que relaciona as atividades em pequeno, médio e alto potencial de impacto a partir do grau de utilização dos recursos naturais.