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Semioquímicos: substâncias alternativas aos defensivos agrícolas

CAPÍTULO 1- Do bicudo-do-algodoeiro à obtenção do feromônio

1. INTRODUÇÃO

2.4 Semioquímicos: substâncias alternativas aos defensivos agrícolas

através da comunicação por substâncias químicas, os semioquímicos. Há mais de cinquenta anos os semioquímicos são estudados e centenas deles são usados para controle de insetos nocivos à agricultura, à horticultura, à floresta, aos produtos armazenados e aos insetos vetores de doenças, de modo que monitorem a presença e abundância desses insetos para que as plantas e outros animais sejam protegidos contra os insetos (GOULART et al., 2015; WITZGALL, KIRSCH e CORK, 2010).

Quando os semioquímicos são utilizados na comunicação dos insetos de modo intraespecífico, ou seja, entre indivíduos de uma mesma espécie, denominamos esse sinal químico de feromônio, enquanto que, em indivíduos de espécies diferentes (interação interespecífica), essas substâncias são chamadas aleloquímicos (ZARBIN, RODRIGUES e LIMA, 2009). A classificação dos semioquímicos é abordada na Figura 14.

Figura 14-Classificação adotada para semioquímicos.

Fonte: Autora desta Tese, 2017.

SEMIOQUÍMICOS Aleloquímicos (relação inter- específica) Alomônio Cairomônio Sinomônio Feromônios (relação intra- específica) Agregação Alarme Marcadores de hospedeiros Oviposição Sexual Trilha

Os aleloquímicos podem se originar tanto de plantas, como insetos, vírus, bactérias, algas, alimentos ou outras fontes que podem influenciar o crescimento e o desenvolvimento de sistemas agrícolas e biológicos. Inclusive, muitas plantas sintetizam aleloquímicos que atuam conferindo-lhe proteção contra uma grande variedade de insetos herbívoros de modo que as plantas sejam menos preteridas pelos insetos para alimentar-se, ovipositar ou abrigar- se, do que outra em igualdade de condições ou causam danos ao desenvolvimento do inseto herbívoro (BOIÇA JUNIOR et al., 2012; CORSATO et al., 2010).

Os aleloquímicos são classificados de acordo com o prejuízo ou benefício para o organismo receptor desses sinais químicos, são cairomônios quando as substâncias químicas beneficiam o receptor do sinal, quando o emissor se beneficia são ditas de alomônios e quando ambos se beneficiam são chamadas de sinomônios (BOIÇA JUNIOR et al., 2012).

De acordo com Goulart e colaboradores (2015) os feromônios são, de fato, ferramentas elegantes e seguras para o controle de insetos, sendo possível controlar populações de insetos por meio da manipulação da comunicação sexual, sem afetar adversamente outros organismos benéficos. Apresentam vantagens como: ação seletiva às pragas, não há distúrbio do equilíbrio biológico, não poluente, não tóxico, não existem dados sobre ocorrência de resistência e quantidades mínimas necessárias para atrair um único inseto (10-15 ± 10-18 g). Essas características são relevantes para que os feromônios atuem de forma a evitar o uso aleatório de defensivos agrícolas.

Os feromônios são, segundo Witzgall, Kirsch e Cork (2010) e Zarbin, Rodrigues e Lima (2009), uma das inovações tecnológicas mais importantes no controle de pragas agrícolas.

A classificação dos feromônios é realizada através do comportamento que induz no receptor do sinal químico: i) feromônio sexual é emitido para atrair o companheiro para o acasalamento; ii) feromônio de trilha é emitido para localização da colônia e indicação da fonte de alimento ou para sinalizar um novo sítio de moradia;iii) feromônio de território ou marcação é emitido para demarcar a área da colônia, evitando encontros com outras colônias da mesma espécie; iv) feromônio de alarme é emitido para indicar perigo; v) feromônio de oviposição é emitido para auxiliar as fêmeas na localização do local para

postura de ovos; vi) feromônio de agregação é emitido para atrair indivíduos da mesma espécie independente do gênero, normalmente na indicação de fonte de alimento (THOMAZINI, 2009; NAVARRO et al., 2002; NASCIMENTO e 6$17¶$1$ 

O uso de feromônios têm ganhado espaço no controle de pragas, já que podem ser utilizados para o monitoramento de pragas, estimando a densidade populacional dos insetos em uma plantação, e avaliando a necessidade de tomar ações curativas (com base no conceito do limiar econômico) e podem ainda ser utilizados para reduzir populações com base na estratégia da confusão sexual (evitar que o inseto encontre o sexo oposto para se reproduzir), ou de coleta massal (atrair e concentrar um grande número de indivíduos e eliminá-los) em grandes áreas:

a) No monitoramento: para verificar a presença e a densidade da praga; b) No controle:

x Coleta massal: para eliminação ou diminuição do inseto na área plantada, fazendo uso de armadilhas;

x Confusão sexual ou disruptura sexual: para evitar o acasalamento, reduzindo o número de espécies da nova geração. É baseado na interferência do sinal entre os parceiros. O feromônio fica disperso no ambiente impedindo o encontro para a cópula.

x ³3XVK-SXOO´: conhecida por técnica de estímulo-inibição que modifica o comportamento das pragas ou de seus inimigos naturais, através de pistas visuais e olfativas. Ocorre a repulsão da cultura principal (push) e atração para outro alvo (pull), sendo concentrados de maneira controlada.

x Atrai e mata ou aniquilação de machos:esta técnica consiste de uma isca, que pode ser um odor (feromônio) ou um atrativo visual ou ambos, e de um produto químico (inseticida de contato, regulador de crescimento, um esterilizador ou ainda um organismo patogênico como uma bactéria, vírus, fungo, etc.) que irá controlar a praga alvo (GOULART et al., 2015; WITZGALL, KIRSCH e CORK, 2010; ZARBIN; RODRIGUES; LIMA, 2009; LIMA e DELLA LUCIA, 2001; VILELA, 1992).

O feromônio do bicudo-do-algodoeiro, o grandlure, é utilizado em armadilhas para quantificar, por meio da captura de adultos, a população

imigrante do bicudo nas lavouras de algodão, permitindo o monitoramento de áreas relativamente grandes para que os produtores possam estabelecer medidas de controle mais eficazes para determinada região da cultura e indica o momento certo do uso dos inseticidas, o que minimiza o seu uso desnecessário, proporcionando, assim, ganhos econômicos e ambientais (SANTOS, 2015).

2.5 Substâncias que compõem o feromônio do bicudo-do-algodoeiro