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Dignare me laudare te, Virgo sacrata! da mihi virtutem contra hostes tuos. Dignai-vos conceder-me que eu vos louve, Virgem Sagrada, daí-me força contra vossos inimigos

sta oração, repetida frequentemente na língua da liturgia, é a expressão de dois sentimentos e de duas necessidades profundamente gravadas no coração dos verdadeiros servos de Maria. Pedimos à poderosa Mãe de Deus para nos fazer os apóstolos e os propagadores de seu culto.

Dignare me laudare te. Nós a conjuramos a nos armar de uma força invencível contra seus

inimigos, que são os nossos. Da mihi virtutem contra hostes tuos.

Passar sua vida ampliando o domínio das glórias da Bem-Aventurada Virgem e lutando contra os inimigos de seu culto é um dos maiores benefícios da divina misericórdia. O apostolado das grandezas, do poder, das virtudes e das bondades da Santíssima Virgem, é uma vocação digna de ser invejada pelos Anjos. Ora, para ser honrado com um ministério tão belo, não é preciso carregar sobre sua cabeça o caráter do pontífice ou do sacerdote. Uma pobre moça de vilarejo, um pastor, um humilde servo, levando, na terra, uma vida pura, uma vida angélica, pregam com eloqüência as glórias da Rainha dos céus. O heroísmo de sua abnegação, de suas virtudes, é um panegírico sublime da divina Mãe de Jesus Cristo.

Para vencer os inimigos da Santíssima Virgem não é necessário possuir a ciência dos teólogos, dos doutores e dos polemistas. Basta carregar em seu coração uma fé inquebrantável por todos os privilégios e por todas as grandezas da Virgem imaculada. Crer em tudo o que a Igreja crê; amar tudo o que ela ama, imprimir em sua vida uma imagem das virtudes e da pureza da Rainha de todos os santos, eis aí o segredo para vencer todos os inimigos de sua glória e todos os detratores de seu culto. Da mihi virtutem contra hostes tuos.

Durante os dias de nossa peregrinação e de nossa provação, temos três inimigos principais a combater. Estamos, sem cessar, em guerra com a carne, com o mundo e com os demônios. A devoção para com a Santíssima Virgem nos fornece as armas invencíveis contra esses inimigos implacáveis de nossa salvação. A carne, o mundo e os demônios foram enterrados, desarmados, estilhaçados, de uma maneira tão intensa e tão completa pela augusta Maria, que buscando um abrigo ao pé de seus altares, nós nos revestiremos, de algum modo, da força divina na qual ela foi armada para vencê-los e para destruí-los.

A devoção para com a Bem-Aventurada Mãe da graça é, em primeiro lugar, um remédio soberano contra a tirania da carne.

Caímos por Adão. Nascemos com uma tendência funesta por tudo o que promete um gozo aos nossos apetites materiais. “O homem não compreendeu sua grandeza. Ele se comparou à fera, e tornou-se semelhante a ela1”.

Essas palavras do Rei-Profeta nos dão o segredo de nossa degradação original; elas medem toda a profundeza e toda ignomínia da queda da raça humana.

Adão, antes de seu pecado, estava quase que no nível do anjo. Os dons aperfeiçoados de sua natureza, e os dons sobrenaturais da graça descida sobre ele, com uma efusão imensa, o tinham colocado em uma esfera de grandeza e de glória da qual é difícil formar uma justa idéia, homo cum in honore esset. Por um mistério de insondável ingratidão, ele se desgostou de sua nobreza primordial. Seu olhar se rebaixou à vida material. Ele se compara aos animais que receberam a vida sem terem recebido a inteligência. Comparatus est jumentis insipientibus.

E, pelo preço dessa desordem assustadora, ele torna-se semelhante a eles. Et similis factus est illis. Desligado da ordem sobrenatural pelo pecado do primeiro homem, sua posteridade inteira se finca na vida dos sentidos. Ela ali permaneceria eternamente mergulhada e perdida sem a graça que nos purifica e que nos regenera. E é por isso que Nosso Senhor Jesus Cristo disse com tanta profundidade: “O que é nascido da carne, carne é2”. O vírus do pecado original penetrou tão profundamente em nossa natureza decaída, que era preciso, para nos curar, a virtude infinita do sangue derramado pelo Homem-Deus no topo do Calvário. Tudo o que há de vil, de abjeto no sensualismo, nos atrai, nos acorrenta, nos subjuga, quod natum est ex carne, caro est.

“Pereça o dia em que eu nasci, exclama o homem Jó; pereça a noite na qual foi dito: um homem foi concebido.

Que esse dia se transforme em trevas; que Deus, do alto, não cuide dele e sobre ele não brilhe a luz.

Que esse dia seja envolvido de trevas; que a sombra da morte o envolva; que um turbilhão o engula; que ele seja mergulhado na amargura.

Que esta noite seja levada por uma tempestade, que ela não seja contada entre os dias do ano, que ela não seja contada nos meses.

Que essa noite torne-se uma solidão; que nela não se escute jamais o canto da alegria.

Porque não morri no ventre de minha mãe? Continua este homem de dor; porque não pereci ao sair de suas entranhas3?”

Essas maldições e esses lamentos do profeta da terra de Hus incidem sobre o pecado que nos povoa, que nos degrada e que nos mata nas fontes da vida do tempo.

Escutemos São Paulo:

“Sabemos que a Lei é espiritual, mas eu sou humano e fraco, vendido ao pecado.

Pois o que eu faço, eu não o conheço; o bem eu quero, eu não o faço; mas o mal que eu detesto.

Se faço o que não quero, reconheço que a Lei é boa. Portanto, não sou eu que faço, mas é o pecado que mora em mim. Sei que o bem não mora em mim, isto é, em minha carne. Pois o querer está em mim, mas não sou capaz de fazê-lo.

Ora, não faço o que quero, mas o mal que não quero.

Se então faço o que não quero, não sou eu que o faço, mas é o pecado que mora em mim. Encontro, então a Lei: quando eu quero fazer o bem, acabo por encontrar o mal.

No meu íntimo, eu amo a Lei de Deus. Mas vejo em meus membros outra Lei que combate a lei de meu espírito e me escraviza sob a lei do pecado, que está em meus membros.

2

Quod natum est ex carne, caro est. Jo 3, 6.

3 Pereat dies in qua natus sum, et nox in qua dictum est: conceptus est homo. Dies ille vertatur in tenebras, non requirat eum Deus

desuper, et non illustretur lumine. Obscurent eum tenebrae, et umbra mortis, occupet eum caligo, et involvatur amaritudine. Noctem illam tenebrosus turbo possideat, non computetur in diebus anni, nec numeretur in mensibus. Sit nox illa solitaria, nec laude digna…Quare non in vulva mortuus sum, egrussus ex utero non statim perii? Jó 3.

Infeliz homem que sou, quem me libertará deste corpo de morte?

A graça de Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Assim, pela razão sirvo a lei de Deus, e pela carne, a lei do pecado4”.

A guerra interna, implacável, incessante, da carne contra o espírito, nunca foi descrita com maior claridade e profundidade. São Paulo, neste capítulo admirável da Epístola aos Romanos, desnudou todas as misérias e todas as vergonhas de nossa degradação original. Ora, se o homem regenerado pela graça e pelos sacramentos, mesmo lamentando, combatendo, resistindo ao homicídio tirano da carne, prova, contudo, os abalos cruéis, que dizer daqueles que, longe de opor as armas da luta ao despotismo dos sentidos, se fazem escravos de bom grado de todas as inclinações perversas do homem carnal? Que dizer de um século vendido ao culto da matéria? Que pensar de uma geração má e ímpia que demanda o bem supremo e a suprema felicidade às odiosas satisfações da vida dos sentidos?

O pecado original parece ter retomado sobre as almas todo o império que a graça do divino Redentor lhe tinha arrancado. O amor desenfreado dos jovens reina com um despotismo que recorda os vícios odiosos do mundo pagão. As expiações, o sangue, os méritos infinitos do Homem- Deus são totalmente malqueridos e plenamente desprezados pelos escravos da vida material. Viver, para a grande maioria dos homens deste tempo, é gozar; é buscar o bem final nas sensações. A história de dezoito séculos, passados, desde o sacrifício sangrento do Calvário, não conservou a lembrança de uma época marcada, como a nossa, “no sinal da besta56”.

A velha Europa está carcomida de sensualismo e manchada de luxúria. A chaga que a cobre é tão larga, tão profunda, tão lívida, tão violentamente inflada, que ela se tornou incurável. É a geração atual que o Rei Profeta tinha em vista, quando ele disse: “Eles são depravados, eles se tornaram abomináveis. Não há mais quem faça o bem, não há um único7”.

Logo, meus caríssimos irmãos, se a divina Providência não nos curar por meio de castigos misericordiosos, mas repletos de justiça, o corpo social, usado e carcomido pelo vício, cairá em terra como um cadáver que os vermos disputam.

Vejam o que acontece. A infância, nesses dias maus, é iniciada, quase que ao sair do berço, nos mais odiosos mistérios. Ela aprende, de forma escandalosa, a horrível ciência do mal antes mesmo que sua idade lhe permita praticar tais lúgubres lições funestas. A juventude, corroída pelo deboche, atinge à decrepitude8 antes de ter atingido a idade viril. A família é profanada, devastada, destruída por meio de cálculos infames e por excessos que fariam os pagãos se envergonharem. O casamento se tornou um negócio, uma combinação, um cálculo e um mercado. A libertinagem é um culto. A volúpia tem suas pompas, seus missionários, seus escrivães, seus propagadores e seus templos. O

4

Scimus enim quia Lex spiritualis est: ego autem carnalis sum, venumdatus sub peccato.

Quod enim operor, non intelligo. Non enim quod volo bonum, hoc ago; sed quod odi malum illud facio.

Si autem quod nolo, illud facio: consentio legi, quoniam bona est. Nunc autem Jam non ego operor illud, sed quod habitat in me peccatum.

Scio enim quia non habitat in me, hoc est in carne mea, bonum. Nam velle, adjacet mihi: perficere autem bonum, nou invenio. Non enim quod volo bonum, hoc facio: sed quod nolo malum, hoc ago.

Si autem quod nolo illud facio: jam non ego operor illud, sed quod habitat in me peccatum. Iuvenio igitur legem, volenti mihi facere bonum, quoniam mihi malum adjacet.

Condelector enim legi Dei secundum interiorem hominum.

Video autem aliam legem in membris méis, repugnantem legi mentis meae, et captivantem me in lege peccati, quae est in membris meis.

Infeliz ego homo, quis me liberabit de corpore mortis hujus?

Gratia Dei per Jesum Christum Dominum nostrum. Igitur ego ipse mente servio legi Dei; carne autem legi peccati. Rom 7, 14 e s.

5 Habebant characterem bestiae. Apoc 16, 2. 6

N.d.t.: O autor se refere, ao que tudo indica, ao fato de que a sociedade atual se esqueceu, transcorridos 18 séculos, da podridão e da luxúria que reinava no mundo romano, que, segundo a doutrina católica, era resultado do total domínio do Demônio sobre o homem.

7

Corrupti sunt, et abominabiles facti sunt; non est qui faciat bonum, non est usque ad unum. Salmo 13, 1.

sensualismo é o deus desse tempo, e todas as potências da alma vão se entrelaçar no amor exclusivo dos prazeres do homem físico. “Eles amaram as volúpias mais que a Deus9”.

A Europa moderna se tornou esta filha pródiga da qual Nosso Senhor descreveu a corrupção crescente e a suprema ignomínia com tonalidades das quais nada iguala a sombra e lamentável energia.

Repudiando quinze séculos de cristianismo e de glória, a Europa da renascença e do protestantismo disse para Deus e para sua Igreja: Eu não quero mais obedecer. Eu não quero mais dobrar minha razão sob o jugo humilhante da fé. Eu quero viver do fruto de minha ciência, e só dever, à minha razão, a lei de minha vida e a lei de meu destino. “Dei-me a parte que me pertence10.” E este atentado, esta ruptura notável, esta rebelião sacrílega contra a Igreja, se titulará como uma conquista do espírito humano sobre os séculos da ignorância, das trevas e da barbárie. Esta época nefasta se nomeará o século da renascença. Fechar os olhos à luz do Evangelho, para abri-los às trevas dos ensinos pagãos; dar aos séculos dos doutores da Igreja, dos mártires, dos santos, ao reino de Jesus Cristo sobre o mundo, o nome de séculos de ignorância, de brutalidade e de barbárie, eis o que se ousará chamar um progresso, uma era de sabedoria, o triunfo da razão sobre os preconceitos.

Mas vejam com qual castigo um atentado semelhante é punido:

Os séculos, da renascença do paganismo ao racionalismo, tornaram-se os séculos de carne e de lama. Toda verdade da ordem sobrenatural se apaga; o mundo da graça, as criações maravilhosas do Espírito Santo que foram, durante os séculos de fé, a morada do verdadeiro, do belo, do justo, do santo, é substituído pela idolatria da matéria. A pintura, a escultura, a literatura, a poesia, a educação, as leis, a política, a filosofia e os costumes, as instituições e o direito público, só solicitarão, desse momento em diante, ao paganismo dos séculos Greco-romanos, suas inspirações e suas obras. Embriagados pelo cálice das fábulas imundas da idolatria, os séculos da renascença sentirão repulsa pelas obras primas que a Igreja espalhou sobre a Europa durante mais de mil anos. A Suma de São Tomás de Aquino e a Santa Capela serão vistas como obras de trevas e de embrutecimento. E é assim que se cumpria esta palavra da parábola evangélica: “Ele gastou toda sua herança vivendo na devassidão11”.

Os poetas, os oradores, os escritores, os artistas, os políticos, os instrutores da juventude, servilmente curvados sob o plano da renascença pagã, precipitarão a Europa em um naturalismo anti-cristão que só será a tradução social das últimas ignomínias do pródigo do Evangelho. “E ele o enviou para guardar os porcos12”.

Em vão, a Igreja elevará a voz para amputar esta apostasia, tornada quase que universal. Em vão, os papas, os concílios, os doutores e os santos dos quatro últimos séculos farão escutar as lições salutares e darão gritos de angústia. Tudo será inútil, e a Europa da renascença, a Europa do racionalismo filosófico, protestante, jansenistas, voltairiana, cética e revolucionária, descerá até as últimas profundezas da degradação intelectual, moral e mesmo física; a Europa, em uma palavra, cairá, com todo seu peso, no fundo do ateísmo e da anarquia. Ela reproduzirá, enfim, em toda sua assustadora verdade, esse último traço do drama divino da parábola: “E ele desejará encher seu ventre com sílica que comiam os porcos, e ninguém o deu13”.

O culto do ventre, como o chama São Paulo, a idolatria dos sentidos, nunca teve, desde o reino do paganismo antigo, um maior número de sectários e apóstolos. A burguesia européia, povoada por um ensino pagão, não conhece outra divindade senão o ouro e os gozos bestiais que o ouro compra. As classes industriais perderam a noção e o sentimento dos bens invisíveis e eternos. Como escravos do mundo pagão, milhões de seres humanos, empilhados, misturados nas cavernas da

9

Voluptatum amatores magis quam Dei. II Tm 3, 4.

10 Da mihi portionem substantiae quae me contingit. Lc 15, 12. 11

Et ibi dissipavit substantiam suam vivendo luxuriose. Lc 15, 13.

12

Et misit illam in villam suam, ut pasceret porcos. Lc 15, 15.

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indústria, só conhecem necessidades físicas, só satisfazem sempre as vis satisfações do homem animal. E para não dizer nada que já não seja conhecido por vós, digam-me, se Paris não se tornou o lar da corrupção e do sensualismo que devoram o mundo?

Sob o reino de Luís XIV, um magistrado célebre assinalava, para seu líder, esta missão desmoralizadora da capital de seu reino. Paris, aos olhos do chanceler de Aguesseau, já era uma cloaca de impureza. Querendo opor um obstáculo a esse lodaçal moral, o ministro tomou uma medida pela qual estava severamente proibido de ampliar, no futuro, a área de Paris. Esta medida surpreenderia singularmente, hoje, esses oradores do progresso que se vêem servindo os interesses da civilização, estendendo, sem medida e sem fim, as dimensões de uma cidade que leva seu luxo, seus vícios e sua depravação sobre toda a terra.

O que pensaria, neste momento, o ministro de Luís XIV se ele fosse testemunha, como nós, desta centralização do sensualismo que deveria atingir, pelas estradas de ferro, pela imprensa, pelos teatros, pelo luxo, pelos prazeres físicos, um poder de corrupção, cuja Roma dos Césares jamais conjeturou a possibilidade?

A França do século XIX vive, por assim dizer, inteiramente em Paris. Paris é a França. Os negócios, os comércios da bolsa, a febre da indústria e da agiotagem, os prazeres, os espetáculos, os festins, o luxo, as artes sensuais, os jornais, os costumes, a educação, as ciências tem, em Paris, e para Paris somente, seu centro propagador. Paris se tornou, graça à rapidez das comunicações, o encontro de todos os cupidezes, de todas as esperanças, de todas as ambições sensuais.

Parecida com a serpente do deserto, Paris envolve com sua sinuosidade; embriaga com seu sopro as cidades das províncias e os habitantes dos campos. Os trens de prazer (é o nome que o sensualismo parisiense lhes deu) buscam, até nas extremidades da França, populações fascinadas; e, nos dias em que deveriam se juntar ao lar doméstico e ao campanário da paróquia, os carros, nas asas de fogo, os buscam e os amontoam no lar da Nínive moderna.

As estradas de ferro dão incessantemente, como pasto, ao sensualismo parisiense, essas multidões de todas as idades, de todo sexo, de toda condição, que, na ausência dos sentimentos que somente o cristianismo inspira e alimenta, não conhecem outro Deus senão a volúpia. Voluptatum amatores magis quam Dei.

Como, com efeito, esses visitantes inumeráveis que o interesse ou o prazer atiram à Paris escapariam da ação depravadora dos teatros, do luxo, das estátuas, das gravuras indecentes e muito frequentemente obscenas, das orgias elegantes e grosseiras, de todos os escândalos, enfim, daquilo que Paris se tornou a morada?

Paris é a cabeça e o coração da França. Ora, se a cabeça e o coração de um homem só fazem circular em suas veias um sangue viciado, arrastando em todo seu corpo princípios venenosos, como preservá-lo de uma decomposição inevitável e próxima? Paris sensualiza e corrompe toda a França. Pela pressão incessante que exerce sobre ela, a agrega, e só lhe imprime os movimentos de seus interesses, as necessidades e os prazeres materiais. A própria Europa não escapa e não saberia escapar da ação incendiária e depravadora de Paris. Todas as capitais da Europa sofrem o jugo esmagador e corruptor da cidade parisiense. Nada a iguala, na impressão da Europa e do mundo, os teatros, o luxo, os prazeres, as artes sensuais, a literatura, todas as volúpias, em uma palavra, naquilo que Paris é o centro. Paris, bem mais que Londres, bem mais que qualquer outra cidade da Europa, é a rainha, a mestra, a instrutora de todos os discípulos e de todos os propagadores do sensualismo. Paris se tornou, há um século, sobretudo, o centro das abominações, das impiedades e das fornicações de toda a terra14.

É nos arrebatamento das luxúrias parisienses que os reis e os príncipes, que os proprietários do ouro e todos os adoradores da matéria se corromperam.

Como escapar desta torrente devastadora do sensualismo? Como não ser atingido por esta epidemia do naturalismo moderno, tornado a praga da Europa, que a capital deste império faz crescer sem

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