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4. ANÁLISE DOS SENTIDOS SOBRE OS CURSOS DE MATEMÁTICA

4.2. Sentidos relacionados ao ensino da matemática

Nesta sessão, buscamos compreender os sentidos que as professoras explicitam sobre o ensino de matemática ao ministrarem suas aulas. Para tanto, analisamos, por exemplo, as dificuldades que os professores podem ter ao ensinar matemática, bem como suas facilidades. Procuramos compreender também as principais dúvidas no desenvolvimento dos conteúdos matemáticos em sala de aula.

4.2.1. Dificuldades para ensinar matemática

Com a finalidade de entender o trabalho docente e a sua relação com os sentidos que os professores explicitam sobre o ensino da matemática, convidamos-os a falar sobre as dificuldades encontradas para desenvolver atividades de matemática com as crianças em sala de aula.

De 03 a 05 anos.

Quadro 21- Dificuldades para ensinar Matemática

PROF 1 “Sempre achei complicado ensinar matemática em sala de aula. Acredito que seja porque gosto mais de alfabetizar”.

PROF 2 “Recursos”.

PROF 3 “A dificuldade em ensinar matemática ou trabalhar a matemática é que na creche as atividades, brincadeiras e jogos precisam sempre de adaptação, por isso a importância da formação”.

PROF 4 “Conteúdo abstrato; dificuldade em casar atividades adequadas ao conteúdo proposto à faixa etária; Falta de domínio do conteúdo”.

PROF 5 Dificuldade – Enxergar a matemática com outro olhar não só na rotina através do livro de leitura, ter meios que eu possa se adaptar. Em turmas maiores mais jogos de tabuleiro.

PROF 6 Dificuldades: escrita de números compostos. É difícil para a criança compreender que 2 números formam 1.

PROF 7 “Na Educação Infantil veio inovar, buscar e ser criativo contribui para o aprendizado das crianças, desperta curiosidade para que as crianças possam desenvolver o raciocínio lógico.

Caso as atividades sejam menos atrativas para as crianças elas perdem o interesse e dispersam na sala”

Fonte: Dados obtidos com a pesquisa de campo realizada em 2017

Analisando as respostas no quadro , podemos apontar que as dificuldades expostas pelos professores assumem sentidos diferentes. Para alguns a dificuldade está relacionada ao conteúdo matemático e para outros relaciona-se à metodologia utilizada para ensinar no contexto da Educação Infantil.

Quanto ao conteúdo matemático, Lorenzato (2006, p. 3) afirma que “o educando tem o direito de receber do professor um correto conteúdo tratado com clareza, e para que isso possa acontecer é fundamental que o professor conheça a matemática e sua didática”. Pensando nisso, entendemos que a formação continuada se torna fundamental para contribuir com o desenvolvimento profissional do professor e, consequentemente, beneficiar o aluno nos processos de ensino aprendizagem.

4.2.2. Principais dúvidas para desenvolver conteúdos matemáticos durante as aulas.

O Quando 22 apresenta as principais dúvidas dos docentes ao trabalhar matemática nas salas de aula.

Quadro 22 - Principais dúvidas para trabalhar matemática durante as aulas PROF 1 “Com as formações as dúvidas foram sanadas”.

PROF 2

PROF 3 “Dúvidas sempre surgem, as vezes tenho dúvida se a estratégia que usei vai ter resultado, se vou conseguir atingir o maior número de alunos, como vou fazer se não der certo. Mas essas dúvidas são sanadas quando aplico as atividades, uso os recursos e vejo o que posso mudar ou adaptar para aquela sala de aula para que de o resultado esperado. Só vivenciando para ver o que dá certo ou não”.

PROF 4

PROF 5 “Gostaria de ter meios diferentes para aplica-la na sala, que se torne gostoso com os pequenos”. PROF 6 “A minha dúvida é nas questões de alguns jogos para as crianças do Maternal III na matemática,

até onde posso ou devo criar desafios para as crianças? Em certo sentido os jogos ficaram bem óbvios para alguns. Lembrando que: visar o ensino infantil, matemática e lúdico”.

PROF 7 “A minha dúvida é nas questões de alguns jogos para as crianças do Maternal III na matemática, até onde posso ou devo criar desafios para as crianças? Em certo sentido os jogos ficaram bem óbvios para alguns. Lembrando que: visar o ensino infantil, matemática e lúdico”.

Fonte: Dados obtidos com a pesquisa de campo realizada em 2017.

Analisanos o quadro acima, observamos que apesar do PROF 2 e do PROF 4 não terem repondido a questão relacionada às principais dúvidas, podemos destacar a metodologia evidenciada pelo PROF 3, que envolve metodologia, ensaio e erro. O PROF 5 mostra preocupação em relação com a metodologia e como ela vem sendo necessária para tornar o trabalho mais agradável. Já o PROF 6 explicita seu sentido pessoal por meio da ideia de conceito e o PROF 7 relaciona a metodologia aos jogos, à matemátia e à Educação Infantil.

Diante disso, podemos compreender que as principais dúvidas para trabalhar matemática durante as aulas estão relacionadas aos sentidos que envolvem metodologia e conceitos, matemática e Educação Infantil. Segundo Lorenzato (2011, p. 25), seja qual for a noção e o campo matemático (espaço, número, medida) que estiver sendo trabalhado, sempre haverá um relação direta com um dos coneitos físico-matemáticos relacionados na Figura 4:

Fonte: Educação Infantil e percepção matemática. 2011 Adaptado pela pesquisadora.

Analisando os sentidos dos professores, concluimos que estes professores não deveriam estar inseguros aos conceitos que vão ensinar às crianças. “Por isso, é importante que o professor compreenda tais conceitos, para qu ele possa ter segurança na condução das atividades com as crianças” (LORENZATO, 2011, p. 25).

Pensando nisso, retornamos a necessidade de programas de formação continuada, uma vez que a matemática é um fator de progresso social como descrito por Souza (2014)no Capítulo 1:

[...] a formação assume um papel que transcende o ensino que pretende uma mera atualização científica, pedagógica e didática e se transforma na possibilidade de criar espaços de participação, reflexão e formação para que as pessoas aprendam e se adaptem para poder conviver com a mudança e a incerteza. (IMBERNÓN, 2009, p. 15)

Assim, tendo em vista esta discussão, aferimos que as dificuldades existem, mas podem ser amenizadas e/ou sanadas nos processos de formação.

4.2.3. Facilidades para ensinar conteúdos matemáticos

O Quadro 23 apresenta as facilidades para ensinar matemática segundo os professores pesquisados.

Quadro 23- Facilidades para Ensinar Matemática

PROF 1 “...foi possível perceber o quanto é prazeroso ensinar matemática através de jogos”. PROF 2 “Nesta fase a criança precisa adquirir conceitos, observar, ser direcionada receber

estímulos sobre quantidade, medidas, formas, números, etc. Então torna-se fácil trabalhar com jogos, demonstração...”

PROF 3 “A parte mais fácil é que a matemática faz parte do cotidiano da criança, sendo assim

ela vem com um pouco de bagagem de casa”.

tamanho lugar distância forma quantidade número capacidade tempo posição medição operação direção volume comprimento massa

PROF 4 “Músicas com linguagem matemática, histórias com possibilidade de explorar

matemática nas páginas dos livros, nas imagens, na história, na sequência; propor/inserir brincadeiras com linguagem matemática (numerais, sequências, noções espaciais, formas geométricas, cores; propor/inserir jogos e receitas para trabalhar o conteúdo matemático”

PROF 5 “Trabalhar com crianças com o concreto levar o material e explicar através de: blocos

lógicos perguntando quantas peças de cada cor colocou, qual tem mais ou menos com jogos de memória, dominó quem ficou com mais peças ou menos, contagem das crianças na sala meninas, meninos, total; receitas quantidades de ingredientes que vai ser colocado na tigela; perguntar que dia é hoje e ontem, amanhã vai ser que dia, quantos dias tem a semana, vamos falar; histórias contadas”

PROF 6 “Aplicação de jogos, porque a compreensão é mais rápida”.

PROF 7 “Na Educação Infantil veio inovar, buscar e ser criativo contribui para o aprendizado

das crianças, desperta curiosidade para que as crianças possam desenvolver o raciocínio lógico”.

Fonte: Dados obtidos com a pesquisa de campo realizada em 2017.

Ao analisarmos o quadro, podemos perceber que os jogos são marcantes, metodologicamente, em relação ao ensino e à aprendizagem matemática na Educação Infantil, bem como o uso do material concreto, músicas, históriase receitas.

A metodologia, mais uma vez é predominante em relação aos sentidos explicitados pelas professoras, pois está vinculado ao seu. Isso nos faz remeter a Leontiev (1983) que indica que o sentido é pessoal e está ligado ao que incita a ação no sujeito em busca de um resultado. Logo, ao que nos parece, os sentidos pessoais dos professores consideram que o resultado do ensino está atrelado tanto ao prazer das crianças quanto ao dos professores. Desta forma, o PROF 6 acredita que com a aplicação de jogos a compreensão dos conceitos seja mais rápida. O PROF 3 indica que a parte mais fácil é que a matemática está no cotidiano das crianças. Já o PROF 4, ao apontar para o conteúdo matemáitca, deixa explicito a importência da metodologia voltada para Educação Infantil.

4.2.4. O gosto pela matemática

O Quadro 24 mostra o gosto dos professores pela matemática.

Quadro 24- O gosto pela matemática

PROF 1 “Sim. Aprendi a gostar após algumas formações que me fez refletir que para ensinar a matemática podemos explorar jogos e até mesmo através da literatura explorar a matemática contando histórias”.

PROF 3 “Quando eu estudava eu tinha medo das aulas de matemática, sempre tive muita dificuldade. Não me lembro de nenhuma professora me explicar de forma que eu entendesse o conteúdo. Era colocado na lousa, explicado de uma forma mecânica, onde eu tinha que memorizar o processo e não entender. Quando me tornei professora e participei de várias formações vi como é prazeroso aprender matemática, pois trabalhamos no concreto e isso torna uma diversão para as crianças que aprendem e para o professor que ensina”.

PROF 4

PROF 5 “O básico até o 3° ano consigo trabalhar, depois tenho que dar uma retomada, com o tempo sem colocar em prática se esquece. Quando estudava a tabuada tinha que saber pulada e a professora perguntava (chamada oral) uma vez por semana, isso deixava nervosa e preocupada”.

PROF 6 “Não tenho dificuldades em entender expressões e algumas regras”.

PROF 7 “Confesso que no ensino fundamental dois não achava importante saber e aprender matemática. Mas, com o passar dos anos percebi que a vida é uma verdadeira matemática o tempo todo. E o curso da professora Alessandra, entre outros, tem sido de grande importância para ensinarmos com mais eficiência aos alunos da Educação Infantil.

Realmente enriquece o nosso trabalho e com certeza as crianças serão beneficiadas com o que temos para proporcionar a elas”.

Fonte: Dados obtidos com a pesquisa de campo realizada em 2017.

Notamos que compreender se o professor gosta de matemática ou não, possibilita-nos formular formações continuadas que contemplem os sentidos explicitados sobre a importância do gosto pela Matemática e, consequentemente, para seu ensino em sala de aula. Assim, o PROF 1 diz que “aprendi a fostar após algumas formações. O PROF 3 afirma que “quando eu estudava, eu tinha muito medo das aulas de matemática, sempre tive muita dificuldade”. Já o PROF 5 acredita que até o 3º ano ele consegue trabalhar e o PROF 7 não “achava importante saber e aprender matemática”.

Estes professores nos fazem refletir sobre qual matemática está sendo ensinada na escola. A matemática está presente na vivência dos seres humanos. Quando um dos professores fala que não achava importante saber matemática é talvez um problema, pois a matemática que é ensinada na Educação Infantil está relacionada com o cotidiano.

Ensinar matemática utilizando-se de suas aplicações torna a aprendizagem mais interessante e realistae, por isso mesmo, mais significativa. A presença de aplicações da matemática nas aulas é um dos fatores que mais podem auxiliar nossos alunos a se prepararem para viver melhor sua cidadania; ainda mais, as aplicações explicam muitos porquês matemáticos e são ótimas auxiliares na resolução de problemas (LORENZATO, 2006, p. 53).

Acreditamos que os professores da Educação Infantil devem conhecer profundamente a matemática e suas aplicações para que possam levá-las, desde a infânica das crianças, para suas aulas.

Percebemos que os professores explicitaram em relação à matemática é de dar importância ao seu ensino durante e após os processos de formação. Isso culmina em saber que “ ser reflexivo é uma exigência ao professor que persegue uma melhor postura profissional” (LORENZATO, 2006, p. 127) e ainda, “é para as pessoas que preparamos aulas. Nunca devemos nos esquecer disso” (HENGEMUHLE, 2008, p. 43).

Nesse momento, há indicação de que o professsor que escolheu o curso de Pedagogia deveria estar ciente que teria que ensinar matemática desde a Educação Infantil, refletir e entender o quão sério é a tarefa de ensiná-la correta ou incorretamente. Por isso, Lorenzato (2006) argumenta que:

O sucesso ou o fracasso dos alunos diante da matemática depende da relação estabelecida desde os primeiros escolares entre a matemática e os alunos. Por isso, o papel que o professor desempenha é fundamental na aprendizagem dessa disciplina, e a metodologia de ensino por ele empregada é determinante para o comportamento dos alunos. (LORENZATO, 2006, p. 1)

Portanto, entedemos que o professor deveria estar apto aos conhecimentos matemáticos e metodológicos para exercer a docência em sala de aula, uma vez que a metodologia pode ser determinante na aprendizagem matemática das crianças.