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Os serviços ambientais podem ser definidos, segundo De Groot (1992), por aqueles benefícios capazes de sustentar e satisfazer as condições de vida humana. Segundo o estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) intitulado “Avaliação Ecossistêmica do Milênio” (Millennium Ecosystem Assesment), publicado em 2005, serviços ambientais são aqueles prestados silenciosamente pela natureza, relacionados ao ciclo do carbono, ciclo hidrológico, belezas cênicas, evolução do solo, biodiversidade e outros. Ainda segundo o estudo da ONU “Avaliação Ecossistêmica do Milênio”, quase dois terços dos serviços ambientais prestados pela natureza estão em rápido declínio em todo o planeta.

Dentre os serviços prestados pela natureza, o estudo da ONU destaca alguns ecossistemas e exemplificam algumas formas de serviços ambientais prestados pelos mesmos, como por exemplo: as zonas montanhosas e polares que são fornecedoras de alimentos, fibras, água doce, controle de erosão, controle do clima, lazer, fatores estéticos e valores espirituais; as águas continentais, representadas pelos rios, lagos e outras zonas úmidas, fornecem água doce, alimento, ajuda no controle da poluição e enchentes, retenção e transporte de sedimento, controles de doenças, lazer e fatores estéticos; as florestas fornecem alimento, água, madeira, controle de enchentes e doenças, sequestro de carbono, controle do clima local, remédios, lazer, fatores estéticos e valores espirituais.

A redução das áreas naturais, segundo o estudo da ONU citado, afeta a sustentabilidade dos próprios processos ecológicos, influenciando de forma negativa os benefícios a nós prestados. A lista dos serviços ambientais de uso indireto

prestado pela natureza é longa e dentre eles o estudo enfatiza a purificação da água e do ar, o controle das enchentes e das secas, a decomposição e limpeza dos dejetos, a produção e renovação de solo fértil a polinização da vegetação, o controle de pestes comuns à agricultura, a dispersão de sementes e transferência de nutrientes, a manutenção da biodiversidade, a proteção dos raios ultravioletas do sol a estabilidade do clima. A manutenção dos serviços ambientais, isto é, da capacidade dos ecossistemas de manterem as condições ambientais apropriadas, depende da implementação de práticas humanas que minimizem nosso impacto negativo nesses ecossistemas.

A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento – sigla em inglês – (UNCTAD 2003), apresentou um estudo indicando que o tamanho do mercado de pagamento pelos serviços ambientais (PSA) é de aproximadamente US$ 550 milhões. A temática da compensação por serviços ambientais (CSA) é nova no mundo inteiro e também é estratégica para o desenvolvimento sustentável. A idéia básica do CSA é remunerar quem preserva diretamente ou indiretamente o meio ambiente. O mercado de carbono é uma forma de CSA que pode compensar financeiramente o serviço de redução de CO2 da atmosfera exercido pelas florestas.

Esses mecanismos, além de estimularem a conservação ambiental, tornam mais justa à relação entre beneficiários e provedores de serviços ambientais.

Existem hoje propostas de mecanismos internacionais que podem contribuir para estabilizar os níveis de emissões de gazes de efeito estufa. Exemplo disso é o mecanismo conhecido como REDD (Reduced Emissions from Deforestation and Forest Degradation), ou Redução de Emissões pelo o Desmatamento e Degradação. A idéia é criar valores econômicos para a floresta em pé, ou para o desmatamento evitado, como tem sido chamado (BADR e MATTOS, 2010).

Este assunto já vem sendo discutido desde 2005, por meio de uma proposta elaborada pela Papua Nova Guiné. Desde então, as florestas passaram a receber maior atenção nas deliberações sobre as mudanças climáticas, não só pelo seu papel na mitigação, mas também devido à crescente preocupação com as emissões de dióxido de carbono resultantes dos desmatamento e pelas queimadas em países em desenvolvimento, onde as emissões são consideráveis e crescentes (NEPSTAD et al., 2007). Inicialmente se falava em projetos de RED (contemplando somente o desmatamento) e na sequência o termo expandiu-se para a inclusão da questão da conservação e do manejo florestal sustentável, respectivamente REDD+ e REDD++.

Segundo Corte et al. (No prelo), existem alguns exemplos de investimentos realizados em projetos de REDD, sendo principalmente transações por meio de mercados informais, fundos específicos movidos por doações voluntárias e iniciativas atreladas em mercados. Contudo, pode-se perceber que as incertezas ainda são grandes para o desenvolvimento destes projetos.

Ao Brasil, em agosto de 2008, governo da Noruega, em agosto de 2008 no Brasil doou US$100 milhões ao Fundo Amazônia, como parte de um pacote maior que poderia alcançar US$1 bilhão, conforme o desempenho do Brasil na redução do desmatamento e das emissões associadas. Conforme anunciado pelo governo, o fundo pretende arrecadar até US$ 21 bilhões em doações, principalmente de fontes internacionais. Reduções de desmatamento alcançadas durante a gestão do fundo gerariam certificados de carbono, que não seriam negociáveis em mercados e, portanto, não poderiam ser usados como compensação para emissões em países industrializados (ANDERSON, 2009). O que predomina, principalmente nos projetos recentes, são acordos bilaterais para a viabilização das iniciativas de projetos REDD, como exemplo os projetos: Juma, Genesis, entre outros.

Conforme exposto por TFG (2010), muitos países, se comprometeram em Copenhague, a gastar 3,5 bilhões de dólares durante o período 2010-2012 com projetos REDD+. Não há nenhum registro formal destes compromissos, apesar de vários governos e ONGs terem solicitado um registro dos compromissos assumidos. Após a reunião de Paris em Março de 2010, o total de promessas de doação para o REDD+, de acordo com relatos, atingiu o montante de 4,9 bilhões dólares, para os três anos, com novos compromissos assumidos pela Espanha, Alemanha e Eslovênia.

Diferentemente do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL, que não inclui as florestas naturais remanescentes, o REDD vai além do Protocolo de Quioto quando propõe compensações financeiras aos proprietários de florestas naturais, que se prontificam a proteger suas florestas. O REDD é, portanto, uma proposta criada para evitar a emissão de carbono, pertencendo a Convenção do Clima e não a da Biodiversidade, apesar de ser pertinente a ambas. Na verdade, pode vir a representar um dos mais promissores caminhos para a proteção da biodiversidade (PADUA, 2008).

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