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1.2. Descrição do Bairro 20 de Julho de Chiquinquirá 1 Aspectos gerais

1.2.3. Serviços Públicos • Energia

Este serviço é prestado irregularmente ou com cortes, na maioria das vezes por motivos técnicos ou de manutenção das linhas de transmissão. Às vezes, as redes são

deficientes. A iluminação é parca em vários setores, estimulando assim atos delinquenciais (roubos, assaltos). Além disso, para os mesmos fins, a delinquência comum costuma suspender com certa frequência a iluminação pública. 95% das habitações possuem este serviço.

• Aqueduto

Pela sua localização na parte alta da cidade e com sérias deficiências em seu planejamento, este bairro recebe um fornecimento irregular de água potável, tanto em qualidade como em quantidade. Este problema, que afetava grande parte da população, foi parcialmente resolvido desde 1994, com a implementação da primeira fase do Plano Diretor de Águas e Esgotos, cujo objetivo é solucionar o fornecimento de água da área urbana, em termos de qualidade, quantidade e continuidade, permitindo que 95% das residências contem com este serviço.'"

• Rede de Esgotos

O sistema de esgotos apresenta também algumas deficiências em cobertura e qualidade. Atualmente, estão em andamento algumas obras apresentadas pelo Plano Diretor de Águas e Esgotos, para ampliar a cobertura a setores que não contam com sistema de coletores de resíduos.

• Lixo

A coleta é feita pela Ecochiquinquirá, instituição encarregada da administração do serviço de lixo. O sistema de coleta é deficiente, especialmente na parte alta do bairro, onde os habitantes jogam lixo nas ladeiras e áreas verdes circunvizinhas. Há problemas de poluição e proliferação de roedores e insetos. Na parte alta e norte do bairro existe um beco que limita com o bairro Villa Republicana, onde é depositada grande quantidade de resíduos sólidos.

• Educação

Há no bairro uma escola de curso básico primário. Em 1999, matricularam-se 377 crianças, da la. à 5a. série. O estudo realizado por Ramirez H. & Otros assinala que, no lapso compreendido entre 1980 e 1987, a média de deserção foi de 13.7%. O primeiro lugar coube à escola “Rómulo Rozo”. As principais causas de deserção são as seguintes:

mudança de residência, instabilidade familiar, falta de assistência, baixo rendimento econômico, falta de recursos/^ Para o ano de 1995, a deserção total no município foi de 10% e para 1996 de 1 \%.*^ Portanto, o bairro apresenta uma das mais altas taxas de evasão no município.

• Organizações comunitárias

Há no bairro uma Junta de Ação Comunal, Lares Comunitários, Associações de Pais de Família, organizações que, de acordo com sua capacidade e possibilidades, trabalham pelo melhoramento das condições de vida da comunidade.

Existem também outras organizações não-govemamentais de base comunitária: grupos religiosos, grupos de catequese, líderes comunitários que, de um modo ou de outro, propendem á solução dos problemas cotidianos na comunidade e o melhoramento das suas condições de vida. Estas experiências não foram levadas em consideração como elementos fundamentais e facilitadores no desenvolvimento das políticas sociais em áreas críticas, cómo educação e saúde, cujo eixo é a participação das comunidades. Elas constituem uma opção para envolver as comunidades na gestão do seu próprio desenvolvimento.

• Recreação

O bairro conta com um só espaço recreativo, composto por uma quadra de micro- flitebol e uma de basquete, ambas deterioradas. Em meados de 1999, a Junta de Ação Comunal, em conjunto com líderes do setor, recorreram a organizações municipais para obter seu melhoramento. O exame desta situação gerou preocupação entre as diversas organizações e moradores, porque há uma grande população não quantificada entre 3 e 18 anos de idade que, todos os dias a partir das 15h, se concentra ali para realizar algum tipo de atividade, sem contar com os implementos requeridos nem orientações para fazer bom uso do tempo livre. Este fenômeno é agravado pela ausência de uma política municipal clara e coerente neste campo.'^

O contexto acima descrito reafirma que os índices de insatisfação destas populações explicam de algum modo sua relação com as deficiências dos serviços de saúde.

RAMIREZ, H. e outros. Condiciones en Ias que se produce, p. 63

PREFEITURA DE CHIQUINQUIRÁ. Proyecto Educativo Municipal. 1995-1997, Direção de Núcleo Educativo. Chiquinquirá. 1995, p. 44

** CARON, Ana. e outros. Chiquinquirá. Una aproximação a Ia política social. Universidade Pedagógica Tecnológica da Colômbia. Escola de Planejamento para o Desenvolvimento Social (tese de graduação), Chiquinquirá, 1997, p. 87

decorrentes de fatores biológicos e sócioeconômicos e de meio ambiental, incluindo os estilos e modos de vida. Quando citamos a promoção de saúde, referimo-nos à satisfação de necessidades básicas, tais como habitação, emprego, recreação, educação. Esta satisfação é possível no contexto da descentralização e democratização da saúde. A promoção da saúde constitui uma estratégia válida dentro dos processos de planejamento local participativo, para desenvolver ações de mobilização social, concertação e pactos sociais pela saúde, com o fim de atingir o bem-estar das comunidades. Neste contexto, as políticas de desenvolvimento estabelecidas a nível do país e da região servem de insumo e fundamento para definir as correspondentes políticas no nível local.

Considerada a promoção da saúde como a promoção da civilidade, da participação e da democracia, isto é, a solução civilizada de conflitos, a revalorização do conteúdo e a prática da interpelação humana,'*® aquela constitui uma opção para que nós, profissionais da saúde, assumamos a responsabilidade de construir uma nova alternativa em saúde. Alternativa cujo eixo centrai há de ser a crescente consciência, organização e mobilização em tomo da saúde e do meio ambiente, reconhecendo a importância do saber e do apoio à população, a partir dos problemas mais próximos às suas vidas e, em conjunto com eles, tratar de resolvê-los.'*’ Neste sentido, é oportuno formular as seguintes perguntas;

• Quais são as possibilidades da promoção da saúde nas atuais condições do Sistema Local de Saúde de Chiquinquirá?

• A participação comunitária constitui uma opção válida para fazer propostas viáveis e factíveis, destinadas aos planos de desenvolvimento local?

• A participação comunitária contribui para a construção de cidadania?

Estas perguntas questionam tanto o interesse dos diversos setores da comunidade, quanto os de caráter institucional em contribuir para o desenvolvimento e bem-estar comunitários, especialmente o grupo alvo deste estudo, mediante a operacionalização da política de promoção no âmbito municipal e, como resposta, aquela que seria a pergunta central desta pesquisa;

ROZENTAL, Manuel. La promoción de la salud, una visión desde Colombia. (Palestra), II Conferência Internacional de Promoção da Saúde. Ministério da Saúde. OPPS. Santafé de Bogotá. 1992, p. 6

DEROUX, Gustavo. Instalaclón II Conferencia Internacional de Promoción de la Salud. Ministério da Saúde. OPS. Santafé de Bogotá, D.C. 1992, p. 2

GRANDA, E. e outros. El sujeto y la acción en Ia salud pública. Educação médica e saúde. Vol. 29 (1). Washington, D.C. OPS/OMS, 1995, p. 2

Problema: Qual é o processo para a construção da promoção da saúde com participação comunitária, que responda às necessidades da comunidade do Bairro 20 de Julho, no município de Chiquinquirá, Boyacá, Colômbia?

1.3. Sistema local de saúde

As transformações no setor saúde a partir de 1990, com a promulgação da Lei 10 de 1990, visam reorganizar o Sistema Nacional de Saúde, descentralizando os serviços de saúde, colocando-os nas mãos dos prefeitos e governadores. Para tanto, foram estabelecidas juntas dirigentes, centros de saúde e hospitais, com participação das organizações da comunidade usuária, gerando mudanças na estrutura das instituições de saúde.

Especificamente, esta nova situação produziu mudanças nas funções que vinha cumprindo o Hospital Regional de segundo nível em Chiquinquirá, instituição que assumiu a responsabilidade administrativa e técnica do desenvolvimento dos planos e programas de saúde e da qual dependiam um hospital local, três centros de saúde e 16 postos de saúde. Além disso, era o órgão de referência das demais unidades de saúde, tanto do departamento de Boyacá, quando do departamento do sul de Santander e do norte de Cundinamarca.

A partir de 1992, inicia-se no município o processo de transformação na prestação de serviços, com o fim de contribuir à melhora das condições de saúde da população. Com vontade e decisão político-administrativa, foram impulsionadas alianças e acordos interinstitucionais com organizações governamentais e não-govemamentais, que desenvolvem tarefas para melhorar as condições de vida das comunidades. Por exemplo, no estabelecimento de escolas e abertura e reparo de vias públicas, construção de salões comunitários e a sede das denominadas USERBAS (Unidades de Serviços Básicos de Saúde), que foram criadas em 1994, no marco do processo descentralizador do setor saúde. Seus objetivos: dotar o setor denominado “via circunvalar” de um programa integral de saúde básica para melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes; identificar as características populacionais e os antecedentes históricos do setor; implementar ações de promoção da saúde, com o fim de prevenir doenças de maior incidência e manter saudáveis

os habitantes.