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3. METODOLOGIA

3.5 Setor íntimo: O dormitório

O Dormitório

No setor íntimo, os dormitórios não apresentaram mudanças significativas nas décadas de 70, 80 e 90. A década de 70, bem como no início dos nos 80, o crescimento e adensamento do centro da cidade e o respectivo aumento da demanda por apartamentos de uma lado e a recessão econômica de outro, contribuíram para a diminuição das áreas dos compartimentos, inversamente proporcionais às suas funções, significando a sobreposição de várias atividades no ambiente do dormitório: escritório, local de trabalho, local de estudos, de descanso, de assistir TV, de ouvir música, de brincar e conversar com amigos e até de um lanche rápido. Essa sobreposição de várias ações veio acompanhada ainda dos respectivos móveis, objetos e equipamentos, alterando e congestionando significativamente os arranjos desses ambientes. Em contrapartida, a diminuição do espaço útil, inversamente proporcional a esse aumento de atividades, exigiu inovadoras concepções de projetos de interiores e o aparecimento de propostas inovadoras de desenho de mobiliários, como armários e camas embutidas, mesas especiais para computador, dentre outros (VERÍSSIMO, 1999). Em fins dos anos 80, nos novos apartamentos de alto padrão, procuraram amenizar essa mistura de atividades, re-editando suavemente a compartimentagem das moradias burguesas do início do século XX, por influência francesa, em diversas saletas para finalidades diferentes, contíguas na maioria das vezes, varandas e compartimentos específicos para guarda de vestuário, valores transmitidos como símbolos de bem-morar (Figura 35).

Figura 35: Planta de Apartamento de quatro dormitórios década de 90.

Fonte: Correio Popular. Domingo, Classificado, 14 de julho de 1996 -Edifício Chácaras Primavera Sala de estudos

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* Obs.: Foi considerado o dormitório 1 aquele com segunda maior área dentre os dormitórios do apartamento; o dormitório/suíte foi considerado o quarto de casal.

Figura 36 : Variação das áreas dos dormitórios nas tipologias 2-3 dormitórios

Na Figura 36 pode-se observar que, para os apartamentos de dois e três dormitórios, o dormitório do casal, denominado suíte quando atrelado o banheiro, se valoriza e ganha destaque nos edifícios verticais no decorrer das décadas, estando presente em cerca de 90% dos edifícios estudados na década de 90, sendo ainda bastante freqüente também na tipologia de dois dormitórios.

O Banheiro

O banheiro social, ao longo das duas últimas décadas, tornou-se restrito a um mínimo de área necessária, na qual a disposição adequada das peças básicas – chuveiro, vaso sanitário e pia - tornou-se um verdadeiro desafio, já contando com a eliminação da peça bidê.

Dentro do universo dos apartamentos estudados, verificou-se uma diminuição de aproximadamente 55% da área dos sanitários sociais, entre as décadas de 70 e 90. Com a redução ocorrida principalmente a partir de meados da década de 80, este espaço passou por uma intensa racionalização. Para os apartamentos em geral, o bidê passou a ser substituído por uma ducha higiênica sanitária e os generosos tampos de mármore ou granito acoplados às cubas dos lavatórios passaram a ser substituídos pelos lavatórios de colunas, menores e compactos, com exceção para os apartamentos de alto padrão (Figura 37).

Variação da área média para o "dormitório/suíte" nos apartamentos de 2 e 3 dormitórios

11,9 12,6 13,4 0 2 4 6 8 10 12 14 16

Dec 70 Dec 80 Dec90

Década m2

Variação da área média para o "dormitório 1" nos apartamentos de 2 e 3 dormitórios 14,2 10,8 10,3 0 2 4 6 8 10 12 14 16

Dec 70 Dec 80 Dec90 Década

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Figura 37: Detalhe do Banheiro social e da Suíte sem a presença do bidê. Planta de Apartamento de 4 dormitórios década de 90.

Fonte: Correio Popular. Domingo, Classificado, 14 de julho de 1996 - Edifício Chácaras Primavera

Na década de 80, os incorporadores já previam uma nova necessidade de consumo para os moradores de apartamentos maiores - um segundo banheiro social - que também passou a ser previsto, não com muita freqüência, nos apartamentos de dois dormitórios. Este segundo banheiro, geralmente anexo ao quarto do casal, ou seja, a suíte, surgia para suprir a família no seu dia-dia doméstico e passaria a conferir aos usuários a privacidade e o conforto se usufruir um segundo banheiro no setor intimo do apartamento. Mesmo com áreas mínimas, a chamada suíte passaria a ser usada como um atrativo diferenciador para os incorporadores e o fato do apartamento não contar com uma suíte passou a significar muitas vezes uma perda no potencial de venda do imóvel.

Na década de 70 apenas os apartamentos com três dormitórios ou mais possuíam a chamada suíte, sendo a área do banheiro social cerca de 40% maior que a área do banheiro junto ao dormitório do casal. Na década de 80, com a redução da área do banheiro social, a diferença de área entre os banheiros diminuiu para apenas 7%, notando-se leve privilégio em relação ao banheiro da suíte. Já nos anos 90, também a tipologia de dois dormitórios passou a contar com o banheiro associado ao dormitório do casal, a suíte. Nesta década, ocorreu uma inversão nos tamanhos, ficando o banheiro social cerca de 45 % menor que o banheiro da suíte, sendo que o número de banheiros cresceu para os apartamentos de alto padrão (Figura 38).

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É importante ressaltar que ao longo da década de 90, a tipologia de três dormitórios incorpora o lavabo, junto ao setor social, sendo que este ambiente por vezes aparece na tipologia de dois dormitórios, subtraindo-se o banheiro de empregada.

Variação da área média do Banheiro Social 5,90 4,48 3,894 0 2 4 6 8

Dec 70 Dec 80 Dec90

Década

M

2

Figura 38: Variação das áreas do banheiro social nas tipologias 2-3 dormitórios

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