4. ANÁLISE DOS DADOS
4.1 SETOR ELÉTRICO – CONTEXTO AMBIENTAL
4.1.3 Setor Elétrico Brasileiro – Agentes do Sistema
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QUADRO 10: COMPARATIVO ENTRE MODELOS DO SEB
Antigo Modelo (Até
1995)
Modelo de Livre Merado
(1995-2003)
Novo Modelo
(a partir de 2003)
Planejamento Determinativo
GCPS
Indicativo (CCPE) Centralizado (EPE)
Contratação 100% do mercado Livre >= 85% do mercado 100% do mercado
Sobras / Déficit de
balanço energético
Rateio entre os
compradores
Liquidadas no MAE
(apenas a parcela gerada)
Liquidadas no CCEE
(apenas a parcela gerada)
Equilíbrio entre
O & D
Sim Sem Garantia Sim (implícito)
Agentes Empresas Estatais Ênfase na Privatização Convivência entre
Estatais e Privados
Estrutura
Empresarial
Empresas Verticalizadas Orientação para a
desverticalização (G, T e
D)
Orientação para a
Desverticalização
Mercado Regulado Livre Convivência entre Livre e
Regulado
FONTE: NEIVA (2005)
4.1.3 Setor Elétrico Brasileiro – Agentes do Sistema
Com a reestruturação na década de noventa, ocorreu uma mudança de perfil
das atividades básicas do setor elétrico: geração, transmissão, distribuição e
comercialização. Conseqüentemente mudou também a atuação dos agentes em cada
atividade. Com isso, houve a necessidade de remodelar e atribuir novas funções
específicas aos agentes institucionais, cujo propósito é o de interagir na busca do
equilíbrio entre os interesses dos agentes, do governo e da sociedade.
Tradicionalmente a tomada de decisão era realizada de forma centralizada
pelo governo, através das empresas estatais (ROSA; TOMALSQUIM; PIRES, 1998).
Após a reestruturação, houve uma descentralização do poder e da tomada de decisões
no setor elétrico, ao conceder a gestão do serviço público a agentes privados. Desta
forma caberia ao governo a fixação de políticas e planejamento setorial, além da
função fiscalizadora e regulatória, pois o Estado tem a atribuição de garantir à
sociedade a continuidade e a qualidade desses serviços.
A presença do governo é importante, se adotado o objetivo de otimizar o
funcionamento do Setor Elétrico Brasileiro. Os diversos agentes atuantes no setor
podem, em algum momento, durante suas relações com outros agentes ou na
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realização de alguma ação, manifestar a intenção de alcance de objetivos próprios que,
em alguma medida, podem conflitar com objetivos de outros agentes individualmente
ou com objetivos do setor. Daí a necessidade de atuação da União como árbitro e
formulador de políticas sociais e setoriais.
Entre os principais agentes atuantes no SEB sob a tutela do Estado podem
ser citados (vide FIGURA 09): Conselho Nacional de Política Energética (CNPE);
Ministério das Minas e Energias (MME); Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL); Operador Nacional do Sistema (ONS); Câmara de Comercialização de
Energia Elétrica (CCEE) ; Empresa de Pesquisa Energética (EPE); e Comitê de
Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).
FIGURA 09: PRINCIPAIS AGENTES PÚBLICOS DO SEB
FONTE: MME (2006)
O ONS, por ser responsável pelo SIN (Sistema de Integração Nacional), tem
estreita relação com a grande maioria dos agentes do SEB, sejam eles públicos ou
privados, conforme se pode observar na FIGURA 10.
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FIGURA 10: AGENTES DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO (PÚBLICOS E PRIVADOS)
FONTE: ONS (2005)
Observando este ambiente do SEB com foco no ONS, podemos identificar as
principais atribuições de cada agente.
§ Agentes Geradores. São autorizados ou concessionários de geração de
energia elétrica, que operam plantas de geração e prestam serviços
ancilares.
§ Agentes de Transmissão. Agentes detentores de concessão para
transmissão de energia elétrica, com instalações na rede básica.
§ Agentes de Distribuição. Operam um sistema de distribuição na sua área
de concessão, participando do Sistema Interligado e sendo usuários da
Rede Básica. Contratam serviços de transmissão de energia e serviços em
auxílio ao Operador Nacional do Sistema Elétrico.
§ Agentes de Comercialização. Agentes responsáveis pela compra de
energia de um agente gerador e venda a um consumidor livre.
§ Consumidor Livre. Consumidores que têm a opção de escolher seu
fornecedor de energia elétrica, conforme definido em resolução da
ANEEL.
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§ Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE. Responsável
pelas transações de compra e venda de energia, pelo registro dos
contratos bilaterais, e pela contabilização e liquidação da compra e venda
de energia elétrica no Mercado de Curto Prazo.
§ ANEEL. Responsável por regular e fiscalizar a produção, transmissão,
distribuição e comercialização de energia elétrica. Responsável também
pela licitação e concessão da expansão do sistema.
§ Ministério de Minas e Energia – MME. Re presenta o governo
assegurando o cumprimento das diretrizes e políticas governamentais
para o Setor de Energia Elétrica.
§ Ministério do Meio Ambiente – MMA. Representa o governo e a
sociedade em assuntos relacionados ao meio ambiente. Tem atuação de
grande relevância no tocante a viabilização ou não de novos
empreendimentos, sobretudo de geração.
§ Agentes Importadores. São agentes titulares de autorização para
implantação de sistemas de transmissão associados à importação de
energia elétrica.
§ Agentes Exportadores. São agentes titulares de autorização para
implantação de sistemas de transmissão associados à exportação de
energia elétrica.
§ Agências Reguladoras (ANA, ANP, ANATEL): Agências reguladoras,
cujas áreas de atuação têm ligação com as atribuições do ONS.
§ Conselho Nacional de Política Energética – CNPE. É a entidade
responsável em promover o aproveitamento racional de energia, em
conformidade com a legislação aplicável.
§ Comitê Coordenador do Planejamento da Expansão- CCPE. É a entidade
responsável pelo planejamento que indicará a expansão do sistema
elétrico.
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§ Agente comercializador da energia de Itaipu. Itaipu é uma entidade
binacional, pertencente ao Brasil e ao Paraguai. O relacionamento entre
os dois países segue tratados internacionais específicos. A energia de
Itaipu recebida pelo Brasil representa cerca de 30% do mercado de
energia da região sul/sudeste/centro-oeste. A comercialização dessa
energia no Brasil é coordenada pela Eletrobrás.
Além desses agentes que têm ligação direta com o ONS ou outros órgão
públicos, devem ser consideradas ainda as associações dos vários agentes do SEB. São
elas: Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Conservação de Energia
(ABESCO); Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE);
Associação Brasileira das Grandes Empresas Geradoras de Energia Elétrica
(ABRAGE); Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia
Elétrica (ABRATE); Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN); e Associação
Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres
(ABRACE).
No documento
Curso de Mestrado em Administração do Setor de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Federal do Paraná.
(páginas 100-104)