• Nenhum resultado encontrado

O setor florestal representa, atualmente, em torno de 15 mil indústrias de madeira (PINAZZA, 2000), com 14.500 empresas de móveis (MDIC), 30 indústrias de papel e celulose (PINAZZA, 2000) e gera aproximadamente 700 mil empregos diretos e 2 milhões indiretos. Das indústrias de madeiras e móveis (micro e

pequenas, médias e grandes) 41,4% encontram-se na região Sul, gerando 42,5% dos empregos formais deste setor (RAIS/98 – Mtb).

No início da formação da indústria florestal brasileira, a tônica era a produção de massa lignocelulósica, seguindo a regra de “quanto mais, melhor”. Posteriormente, buscou-se a quantidade com qualidade, para industrializar a madeira, explorando-se relações causais entre propriedades das espécies e requisitos dos processos industriais e dos produtos finais.

Essas relações conduziram à seleção de espécies, progênies e clones, de alta produtividade e resistência, que apresentassem o melhor conjunto de características desejáveis para processos e produtos (NAHUZ, 1999), apresentando ganhos significativos na produção de florestas plantadas. No caso do Pinus, por exemplo, a produtividade passou de 20 para 40 m³ ha/ano em algumas regiões (PNF, 2000).

Porém, este significativo aumento na produtividade ainda não é suficiente para suprir a demanda e as perspectivas de crescimento das indústrias de base florestal, de matéria-prima oriunda de plantios florestais (PNF, 2000; Fórum de competitividade – MDIC, 2001).

Em contrapartida a expansão da produção no setor florestal, desde o término da política de incentivos fiscais – vigente até 1987 – o último mecanismo importante que, efetivamente, promoveu o avanço da atividade, com impactos positivos sobre a geração de empregos, de renda e de satisfação das necessidades de consumo de produtos florestais da população brasileira gerando, inclusive, excedentes exportáveis (Financiamento da Produção de Madeira – Fórum de Competitividade – MDIC – 2001). Detectou-se, então, uma diminuição do Florestamento /

Reflorestamento, um descompasso entre o consumo e a oferta de matéria-prima (madeira).

O PNF, Fórum de Competitividade (MDIC), BRACELPA, ABIPA entre outros, em estudos recentes prevêem um déficit, em 2005, de matéria-prima advinda de plantios florestais, comprometendo a expansão dos produtos, entre os quais celulose e papel, movelaria, siderurgia, produção de chapas e madeira serrada, no mercado nacional e, principalmente internacional. O fórum de competitividade cita que, para suprir todos os segmentos industriais, são cortados cerca de 450 mil ha/ano de Pinus e Eucalyptus, e a área reflorestada anualmente tem sido de 150 mil ha/ano, ocasionando, portanto um déficit de 300 mil ha/ano.

Desta maneira, as empresas de papel e celulose, atualmente as maiores produtoras/consumidoras de matéria-prima florestal oriunda de florestas plantadas, as indústrias de madeira, indústria moveleira e órgãos de pesquisas governamentais têm estudado maneiras para suprir este déficit e consolidar o Brasil no mercado mundial como exportador de produtos florestais.

Portanto, buscando-se maneiras para suprir tal deficiência, o Programa Nacional de Florestas (PNF) institui como metas para expansão, desenvolvimento, fortalecimento e modernização da base florestal plantada:

a) Efetuar plantio de 630 mil hectares/ano, concentradas no Sul e Sudeste; b) Realizar estudos visando subsidiar o processo de aprimoramento da gestão

florestal;

c) Criar um fundo de desenvolvimento florestal, com dotação orçamentária de R$ 100 milhões/ano;

d) Criar ou consolidar programas de extensão florestal nos estados, Distrito Federal e municípios;

e) Aumentar em 50% a produtividade nas pequenas e médias propriedades florestais, em 10 anos;

O Fórum de Competitividade (MDIC) apresentou, como macrometas para suprir o déficit de matéria-prima (madeira de plantios florestais) e viabilizar o mercado de produtos madeiráveis: Aumentar as exportações: de US$ 2 bilhões em 2000 para US$ 3,39 bilhões em 2004; aumentar a área florestada em 300 mil ha/ano.

O Cumprimento destas macrometas dar-se-á por meio de estratégias e ações desdobradas em pré-projetos, como:

f) Aumento da oferta de madeira (Política florestal e de Financiamento de produção): floresta plantada:,apoiar esforço de expansão e inserir pequenas e médias propriedades rurais.

g) Cerificação de florestas – plantadas e nativas.

h) Um dos pré-projetos apresentados ao Fórum de Competitividade (MDIC) foi o de “Financiamento da Produção de Madeira”, proposto pela Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS) e Associação Brasileira da Indústria de Painéis Industrializados (ABIPA), tendo como objetivos: identificar modelos de financiamento em função da rentabilidade do projeto florestal, formatar modelos de estruturação financeira para a retomada de investimentos em florestas e propor mecanismos de fomento à produção de madeira por pequenos, médios e grandes proprietários rurais. Para isto é necessária a retomada de investimentos a fim de dinamizar o setor que demandará mecanismos que possam inserir – rapidamente – pequenos, médios e grandes proprietários no processo de produção de madeira, de modo a não

comprometer o setor e a evitar o retrocesso à condição de importador de matéria-prima e/ou de produtos florestais.

Segundo Rodriguez e Rodrigues, (1999, p.11):

O principal destino da madeira de plantios florestais tem sido o uso energético, para consumo como lenha ou carvão. Logo em seguida, encontra-se a venda da madeira para a indústria de celulose e papel e para fábricas de chapas ou aglomerados. Porém, empresas como Klabin, Mobasa, Pisa, entre outras, têm investido, em suas respectivas regiões de atuação, visando um melhor aproveitamento de suas florestas, criando novos mercados para toras e madeiras serradas, no Paraná e em Santa Catarina. Em todas estas empresas, a preocupação com a seleção de material genético para uso múltiplo e com o manejo adequado visando à produção de toras para serraria, tem-se acentuado. Para o produtor rural, estas são boas notícias, por que aumentam o potencial de consumo de madeira e ampliam o leque de opções florestais para condução em sua propriedade. Produtos e usos mais nobres para a madeira de reflorestamento, certamente, estimularão o manejo técnico e racional dessas florestas. E, naturalmente, atrairão o interesse de agricultores que queiram otimizar o aproveitamento de suas terras.

Outro fator de sucesso pode ser creditado à integração denominada floresta- indústria que vem sendo posta em prática pela maioria das empresas do setor.

Por integração Floresta-Indústria entende-se o conjunto de medidas ou ações que promovam uma maior aproximação ou entrosamento dos setores florestais e industriais visando, fundamentalmente, ao aumento do rendimento e melhoria da qualidade dos produtos. Obviamente que devem ser respeitados, neste mister, aspectos científicos, técnicos, econômicos e sociais envolvidos (BARRICHELO, 1999, p.5).

É essencial a desregulamentação do setor de base florestal. Para se produzir madeira plantada, por exemplo, demanda-se hoje uma série de exigências burocráticas que terminam por afastar os pequenos produtores. O excesso de normas e controles, sobre o setor, tem servido como verdadeiro "desincentivo" ao plantio de florestas.

É preciso, portanto, remover esses entraves para viabilizar a consolidação da crescente contribuição de "florestas plantadas de terceiros", desestimular o modelo de latifúndios florestais plantados - hoje condicionado por exigências de auto-suficiência de matéria-prima florestal da legislação federal em vigor - e permitir o efetivo desenvolvimento do "produtor de florestas" no âmbito das pequenas e médias propriedades rurais (SECRETARIA DE FORMULAÇÃO DE POLÍTICA E NORMAS AMBIENTAIS – SFP, 2001).

Documentos relacionados