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Capítulo IV – RECONHECIMENTOS GERAIS

Foto 20: Seu Ari narra a história da gruta

Fonte: Pesquisa de campo abril de 2009

Voltamos para a estrada e ao encontramos os estudantes das séries iniciais, Seu Ari repediu as histórias que havia contado ao outro grupo anteriormente. Voltamos para o ônibus a caminho da escola onde os estudantes seriam liberados e faríamos uma pequena avaliação.

3.4.2 Avaliação da atividade na Gruta do Curral de pedras – Minas em destaque

Na avaliação, foram evidenciados pela maioria dos professores, os problemas que enfrentamos durante o desenvolvimento das atividades. Alguns professores foram acusados de não se esforçarem no sentido de conter a euforia dos estudantes e que isso teria prejudicado o desenvolvimento das atividades. O professor Emerson ponderou dizendo que não via os problemas ocorridos durante a atividade como uma coisa totalmente ruim. Que aquilo indicava falta de planejamento e que poderia ser encarado como uma lição para que nas próximas atividades o espaço reservado ao planejamento seja mais valorizado. Tentei colocar a fala de Emerson no centro da discussão dizendo que, a gente poderia aprender com os erros para que a cada atividade melhorássemos

ainda mais tanto no planejamento como na execução, mas, fui surpreendido pela fala da diretora que cobrava resultados imediatos alegando que a superintendência de ensino cobrava relatórios da escola, referentes a essas atividades, e que não poderia ser relatada uma atividade que não tivesse resultados imediatos. Nesse momento houve uma polarização onde um grupo maior de professores apoiava os resultados imediatos da diretora e um grupo de dois professores apoiava timidamente a proposta de aprendizagem continuada sugerida por Emerson, embora este último não se manifestasse muito. O rico debate que foi gerado, não pode continuar por muito tempo, uma vez que, o ônibus que nos levaríamos para a cidade estava próximo de chegar e depois dele não haveria outro. Encerramos a discussão e no caminho do ponto de ônibus fui conversando com Emerson que se mostrava satisfeito com o resultado da atividade mesmo sabendo da desaprovação da diretora e do apoio incondicional da maioria dos professores. Ele disse: “aos poucos a gente vai aprendendo... a gente não tem o costume de fazer saídas de campo.”

Mais uma vez ficou evidenciado, o domínio da diretoria sobre os professores, agora justificado pela cobrança de resultados pela superintendência de ensino. O apoio ao pensamento do professor Emerson, no momento parecia me distanciar da diretoria e dos outros professores, mas sem dúvida a postura do professor se aproximava mais do objetivo das ações que havíamos planejado no início das atividades.

3.5 Atividade do dia das mães teve que ser cancelada

Um fato importante que ainda não foi tratado nos meus escritos, é que tanto a Cáritas quanto a ASSUSBAC viveram no ano de 2009 um momento de intenso trabalho, uma vez que, o governo Lula tem apoiado com recursos a implementação de políticas públicas voltadas para a convivência com o semi-árido, sendo assim grande parte das organizações que atuam com projetos nessa área tem aproveitado o momento político para trabalharem no desenvolvimento de seus projetos. A Cáritas e a ASSUSBAC estão inseridas na Articulação do Semi-Árido a ASA, organização responsável por angariar recursos para a implementação de dois grandes programas de construção de cisternas de placas que funcionam como proposta alternativa de armazenamento de água para a convivência com o semi-árido, o Programa um Milhão de Cisternas – P1MC e o Programa uma água e duas terras – P1+2, o primeiro voltado para a construção de cisternas de placas para uso doméstico e o segundo voltado para o

Com as organizações empenhadas no desenvolvimento desses projetos o que ocorreu foi que no mês de maio houve uma sobrecarga de trabalho que inviabilizou a realização das atividades programadas para o dia das mães, que envolveria a apresentação dos trabalhos do grupo de mulheres para as escolas concomitantemente com as homenagens ao dia das mães. Considerando que os projetos inseridos nos programas da ASA envolvem grande investimento de recursos públicos com prazos definidos para serem usados na implementação das políticas públicas em questão, era de se esperar que as organizações envolvidas, priorizassem os projetos que naquele instante, eram mais viáveis devido ao momento político favorável, em detrimento das atividades voltadas para uma maior abertura social como é o caso das ações nas escolas.

Diante deste contexto, fui comunicado na primeira semana do mês de maio pela Cáritas e ASSUSBAC que as duas organizações não poderiam se empenhar de forma significativa na realização da atividade planejada para o dia das mães. Considerando que a ausência das duas organizações poderia comprometer o objetivo do evento decidimos comunicar à escola que a atividade seria cancelada, tendo o cuidado de deixar bem esclarecido o motivo de tal decisão.

O cancelamento da atividade agendada para o dia das mães ocorreu apenas na escola de Sambaíba, uma vez que, a escola de Bom Jantar já havia definido que realizaria, além das tradicionais homenagens ao dia das mães, apenas uma palestra sobre “Juventude e Violência”, tema considerado pertinente no cotidiano da escola. Ao receber a notícia do cancelamento das atividades programadas para o dia das mães, a diretora da escola de Sambaíba manifestou grande indignação. Segundo Wellington, principal interlocutor no processo de negociação com as escolas, a manifestação da diretoria representaria uma oportunidade impar de cobrar a ausência das organizações no evento, uma vez que, historicamente a escola que tem assumido o papel de instituição ausente nos eventos e por isso sempre foi muito cobrada. Por outro lado a cobrança das escolas pela presença das organizações pode ser visto como um indício da construção de uma nova relação entre as instituições, uma relação em que a escola tem se envolvido mais com os compromissos agendados.

3.6 Semana do Meio Ambiente

Nos dias 03, 04 e 05 de junho realizou se na sub-bacia do rio dos Cochos as atividades programadas para a semana do meio ambiente. Para tanto, realizou-se

das ações. A Assusbac teve uma participação bastante tímida na realização das atividades, isso devido ao grande envolvimento de seus membros na execução dos projetos da Articulação do Semiarido – ASA que envolvem a construção de cisternas de placas para a captação de água da chuva. Em contraste com a pequena participação da Assusbac, foi observada uma grande participação da Cáritas, das universidades e principalmente das escolas.

As atividades da semana do meio ambiente foram marcadas pela realização de oficinas com os seguintes temas:

* Confecção de Biojóias (Pablo/UFLA & Wanessa/UFMG) * Criação de Abelha sem ferrão (Thiago Meirelles/UFLA & Seu Louro/ASSUSBAC)

* Elementos básicos para a construção e sopro de pífanos (Bruno/-UNB & Amanda/ICA-UFMG)

* Conservação da natureza de bioindicadores (Deborah/UFLA & Baiano/PPJ) * Construção e manejo de horta orgânica (Juramento/IFET-Inconfidentes e Malveira/Assusbac)

* Reaproveitamento de alimentos (Cristiane/UFMG e Janaína/UFMG) * Recreação (Daniel/UFMG, Dáfine/UFMG, Pedro/UFMG)

* Criação de Suínos (Tiago/UFMG,)

* Criação de Caprinos (Geraldinho/Assusbac, * Artesanato com garrafa pet (Márcia/Januária) * Introdução à informática (Equipe UFMG)

As oficinas foram realizadas nas escolas das comunidades de Sumidouro, Sambaíba e Bom Jantar e além de professores e estudantes foram convidados também os moradores das comunidades. A ampla divulgação realizada pela Cáritas favoreceu o sucesso do evento que contou com aproximadamente 50 pessoas na escola de sumidouro, 100 pessoas na escola de Sambaíba e mais de 200 na escola de Bom Jantar. As inscrições eram realizadas nas escolas a partir das 8:00 horas, as oficinas começavam ás 9:00 horas tinham uma pausa para o almoço às 12:00 horas e recomeçavam às 14:00 com término previsto para às 17:00 horas.

3.6.1 Semana do meio ambiente – Comunidade de Sumidouro

expressiva embora a escola tenha se mostrado bastante receptiva. Segundo relatos da Cáritas e da Assusbac, desde o início das mobilizações das comunidades para a elaboração do Projeto de Revitalização do Rio dos Cochos a comunidade de Sumidouro tem se mantido pouco participativa – devido à descrença dos moradores quanto ao projeto, uma vez que, na comunidade o rio se encontra praticamente seco – em contraste com a comunidade de Cabeceira dos Cochos que sempre marca presença com um número relativamente maior de representantes.

Diante da presença reduzida de pessoas, o número de oficinas também foi reduzido. Como já era esperado que a comunidade não participasse com grande número de representantes, parte da equipe das universidades não ofereceu oficinas nesse dia, priorizando assim as escolas onde era esperado um número maior de estudantes e moradores das comunidades. As oficinas ofertadas à escola de Sumidouro foram:

• Artesanato com garrafa PET • Criação de Bovinos e Suínos

• Recreação

Os participantes se mostraram muito interessados nos temas com exceção da professora que se recusou a participar das oficinas e se retirou da escola pouco depois do início das mesmas, deixando os estudantes sobre a tutela dos oficineiros. Ao exemplo das outras atividades realizadas a professora da escola de Sumidouro não se rendeu á proposta do Projeto de Revitalização do Rio dos Cochos, no entanto, dessa vez, não se portou como opositora ao projeto. Mesmo não participando das oficinas concordou em ceder o dia de aula para a realização das mesmas.

Os estudantes representavam maioria entre os participantes. Maior parte deles participou da oficina de recreação e uns poucos da oficina de artesanato em garrafa PET. Os participantes da comunidade se dividiram entre a oficina de criação de suínos e artesanato em garrafa PET.

A oficina de recreação buscou trabalhar as já tradicionais brincadeiras infantis como: amarelinha, pula-corda, queimada, futebol, etc. Como era de se esperar, as crianças participaram intensamente das atividades que se estenderam até as 17:00 horas.

A atividade de artesanato em garrafa PET trabalhou principalmente com técnicas de corte, aquecimento e pintura do PET, objetivando, naquele momento, moldar o material para a montagem de vasos e flores para enfeites de decoração. Tudo isso utilizando como matéria prima o PET. Os participantes se mostraram bastante

Helena uma simpática moradora da comunidade de Sumidouro que além de nos presentear com a sua descontração e alegria também adorava contar as histórias do lugar, principalmente da escola onde ela também estudara. Segundo dona Helena, naqueles tempos a escola era lugar de medo, a palmatória era o principal instrumento de repressão e todos temiam a professora.