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SIDEPAR

No documento MARCELO MELO DOS SANTOS (páginas 96-100)

CAPITULO 3. REFLEXÕES EM TORNO DAS ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS

3.1 IDENTIFICANDO ALGUMAS ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS DOS SETORES EM ATIVIDADE

3.1.2 SIDEPAR

A SIDEPAR iniciou suas operações no Distrito Industrial de Marabá em janeiro

de 2005. Pertencente ao grupo Valadares Gontijo administrada por Rodrigo Andrade

Valadares Gontijo e Bernardo Andrade Valadares Gontijo, a empresa atua no ramo da

construção civil, prospecções, venda de imóveis residenciais e, a partir de 1993, a

companhia adicionou as competências de reflorestamento e geração de energia às suas

atividades, anteriormente dedicadas à siderurgia e mineração.

Considerada uma das maiores produtoras de Ferro-gusa do polo de Carajás, a

SIDEPAR atualmente funciona com três alto fornos empregando cerca de 450

trabalhadores com uma produção voltada tanto para o mercado externo quanto interno.

No mercado interno a SIDEPAR teve um histórico de relacionamento comercial com a

Arcelor Mittal, enquanto que no mercado externo esta tem como clientes as empresas

Norte Americanas: Environmental Materials Corp, Consolidated Mill Supply, Gallatin

Steel Company, Stena Metal, Cargill Inc Ferrous, Toyota Tsusho América, America

Metals Trading, Servetsal Colombus, Stemcor USA, National Materials Trading e

Primetrade (INSTITUTO ETHOS, 2012, p. 90).

Por volta de 2005, antes de sua inauguração o grupo empresarial que controla a

SIDEPAR adquiriu uma mina de minério de ferro para que esta pudesse suprir suas

necessidades na produção do Ferro-gusa para o Distrito Industrial de Marabá. Em

agosto de 2006, a empresa apresentou o Relatório de Impactos Ambientais (RIMA) do

denominado projeto chamado Mineração Floresta do Araguaia, cujo objetivo era

explorar as minas de ferro batizadas de Big Mac I e II:

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Figura 4: Mina Big Mac I do projeto ferro em Floresta do Araguaia de propriedade da

SIDEPAR. Fonte: CRUZ NETO (2011).

Localizada no município de Floresta do Araguaia a 320 km de Marabá, a mina

da SIDEPAR segundo as pesquisas minerais estão estimadas em um “quantitativo de

20,3 milhões de toneladas de minério de ferro com teor médio de 60% de Fe2O3,

constituindo formação ferrífera maciça e formação ferrífera bandada” (RIMA, 2006, p.

7). O transporte do minério até a siderúrgica é feito via rodovia por caçambas bitrens

que pertencem à própria empresa.

No âmbito das estratégias Juliana Faria

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, gerente administrativa financeira da

SIDEPAR, afirmou que o empreendimento só continua funcionando por que eles são

proprietários de mina de minério de ferro, e assim tendo domínio da principal matéria

prima, se consegue produzir um Ferro-gusa mais competitivo no mercado mundial. Isto

é tanto verdade que em 2008 a SIDEPAR não foi afetada da forma como as outras

siderúrgicas justamente por não depender do minério de ferro fornecido pela Vale, que a

época continuou aumentando o preço da commodity. Outro fator preponderante e que

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diminui bastante os custos no beneficiamento do minério de ferro está ligado ao

domínio da logística para o transporte que é feito por caçambas bitrens pertencente à

própria empresa SIDEPAR:

Figura 5. Carreta Bitrem pertencente a SIDEPAR saindo da mina carregada de minério.

Fonte: CRUZ NETO (2011).

Em relação ao carvão vegetal, a SIDEPAR possui “46.000 hectares de terras no

estado do Pará, onde em 2006 foram reflorestados 3.200 hectares. Até o final de 2007 a

empresa já teria atingindo um total de 7.200 hectares de plantio com 7.912.800 árvores”

(Polo Sustentável - ano 1, 2007, n° 1, p. 6). Nesse ritmo a empresa teria previsão de

alcançar a autossustentabilidade em 2014. Para Juliana Faria

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, gerente administrativa

financeira da SIDEPAR, a empresa não deve alcançar a autossustentabilidade esse ano,

haja visto que até 2013 plantou-se cerca de 16.000 hectares de floresta de eucalipto.

Mesmo com todo esse esforço da SIDEPAR em suprir de forma legal a demanda

por carvão vegetal, o que se percebe conforme já vimos no capitulo anterior, é que esta

foi enquadrada e multada pelo IBAMA nas operações Apiti realizada em 2007 e na

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operação Saldo Negro realizada em 2011. Segundo o IBAMA foram apreendidos 10 mil

toneladas de Ferro-gusa da SIDEPAR produzidas com carvão ilegal, que se

encontravam no entreposto local da Vale, de onde seriam transportadas por ferrovia até

o Maranhão e, de lá, de navio para os Estados Unidos. Foram constatados também que a

empresa recebeu 671 mil metros de carvão de desmatamento com Guias Florestais

fraudadas de 25 carvoarias (11 delas fantasmas e 14 de fachada), e acabou autuada em

R$ 201 milhões. A empresa também era a única que utilizava frota própria para buscar o

carvão ilegal nas carvoarias clandestinas. Na operação foram identificados 96

caminhões e reboques da SIDEPAR usados neste transporte. Dezessete deles foram

apreendidos durante a fiscalização na indústria

58

.

As multas impuseram à empresa um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)

no qual esta se comprometia a regularizar a aquisição de carvão vegetal de origem legal.

Neste sentido a estratégia da SIDEPAR foi criar a Carvopar Comércio e Transportes de

Carvão Vegetal Ltda. para que esta pudesse suprir e oferecer de forma legal o carvão

vegetal para a produção do Ferro-gusa no DIM. Atualmente a Carvopar atende a

diversos clientes, pois possui mais de 1.000 fornos licenciados no sudeste do Pará para a

produção de carvão vegetal, inclusive oferecendo a entrega do produto através dos seus

mais de 30 veículos com capacidade para transportar mensalmente mais de 30.000m³ de

carvão.

Para produzir tal montante de carvão a Carvopar declarou ter projetos de

reflorestamento no estado do Pará nos municípios de Ulianópolis com a fazenda Soma

com 6.000 hectares plantados, em Ipixuna do Pará com a fazenda São Pedro com 3.000

hectares plantados e em Paragominas com a fazenda Piquiá com 7.000 hectares e as

fazendas Formosa, Croatã e Jordânia que se encontram com plantios de eucalipto em

andamento

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.

58 Informação disponível em: http://www.araraazulfm.com.br/index.php/noticia.php?id=1436 acessado em 28 de novembro de 2014.

59 Informação disponível em: http://www.carvopar.com.br/servicos/reflorestamento acessado em 28 de novembro de 2014

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No documento MARCELO MELO DOS SANTOS (páginas 96-100)