CAPITULO 3. REFLEXÕES EM TORNO DAS ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS
3.1 IDENTIFICANDO ALGUMAS ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS DOS SETORES EM ATIVIDADE
3.1.2 SIDEPAR
A SIDEPAR iniciou suas operações no Distrito Industrial de Marabá em janeiro
de 2005. Pertencente ao grupo Valadares Gontijo administrada por Rodrigo Andrade
Valadares Gontijo e Bernardo Andrade Valadares Gontijo, a empresa atua no ramo da
construção civil, prospecções, venda de imóveis residenciais e, a partir de 1993, a
companhia adicionou as competências de reflorestamento e geração de energia às suas
atividades, anteriormente dedicadas à siderurgia e mineração.
Considerada uma das maiores produtoras de Ferro-gusa do polo de Carajás, a
SIDEPAR atualmente funciona com três alto fornos empregando cerca de 450
trabalhadores com uma produção voltada tanto para o mercado externo quanto interno.
No mercado interno a SIDEPAR teve um histórico de relacionamento comercial com a
Arcelor Mittal, enquanto que no mercado externo esta tem como clientes as empresas
Norte Americanas: Environmental Materials Corp, Consolidated Mill Supply, Gallatin
Steel Company, Stena Metal, Cargill Inc Ferrous, Toyota Tsusho América, America
Metals Trading, Servetsal Colombus, Stemcor USA, National Materials Trading e
Primetrade (INSTITUTO ETHOS, 2012, p. 90).
Por volta de 2005, antes de sua inauguração o grupo empresarial que controla a
SIDEPAR adquiriu uma mina de minério de ferro para que esta pudesse suprir suas
necessidades na produção do Ferro-gusa para o Distrito Industrial de Marabá. Em
agosto de 2006, a empresa apresentou o Relatório de Impactos Ambientais (RIMA) do
denominado projeto chamado Mineração Floresta do Araguaia, cujo objetivo era
explorar as minas de ferro batizadas de Big Mac I e II:
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Figura 4: Mina Big Mac I do projeto ferro em Floresta do Araguaia de propriedade da
SIDEPAR. Fonte: CRUZ NETO (2011).
Localizada no município de Floresta do Araguaia a 320 km de Marabá, a mina
da SIDEPAR segundo as pesquisas minerais estão estimadas em um “quantitativo de
20,3 milhões de toneladas de minério de ferro com teor médio de 60% de Fe2O3,
constituindo formação ferrífera maciça e formação ferrífera bandada” (RIMA, 2006, p.
7). O transporte do minério até a siderúrgica é feito via rodovia por caçambas bitrens
que pertencem à própria empresa.
No âmbito das estratégias Juliana Faria
56, gerente administrativa financeira da
SIDEPAR, afirmou que o empreendimento só continua funcionando por que eles são
proprietários de mina de minério de ferro, e assim tendo domínio da principal matéria
prima, se consegue produzir um Ferro-gusa mais competitivo no mercado mundial. Isto
é tanto verdade que em 2008 a SIDEPAR não foi afetada da forma como as outras
siderúrgicas justamente por não depender do minério de ferro fornecido pela Vale, que a
época continuou aumentando o preço da commodity. Outro fator preponderante e que
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diminui bastante os custos no beneficiamento do minério de ferro está ligado ao
domínio da logística para o transporte que é feito por caçambas bitrens pertencente à
própria empresa SIDEPAR:
Figura 5. Carreta Bitrem pertencente a SIDEPAR saindo da mina carregada de minério.
Fonte: CRUZ NETO (2011).
Em relação ao carvão vegetal, a SIDEPAR possui “46.000 hectares de terras no
estado do Pará, onde em 2006 foram reflorestados 3.200 hectares. Até o final de 2007 a
empresa já teria atingindo um total de 7.200 hectares de plantio com 7.912.800 árvores”
(Polo Sustentável - ano 1, 2007, n° 1, p. 6). Nesse ritmo a empresa teria previsão de
alcançar a autossustentabilidade em 2014. Para Juliana Faria
57, gerente administrativa
financeira da SIDEPAR, a empresa não deve alcançar a autossustentabilidade esse ano,
haja visto que até 2013 plantou-se cerca de 16.000 hectares de floresta de eucalipto.
Mesmo com todo esse esforço da SIDEPAR em suprir de forma legal a demanda
por carvão vegetal, o que se percebe conforme já vimos no capitulo anterior, é que esta
foi enquadrada e multada pelo IBAMA nas operações Apiti realizada em 2007 e na
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operação Saldo Negro realizada em 2011. Segundo o IBAMA foram apreendidos 10 mil
toneladas de Ferro-gusa da SIDEPAR produzidas com carvão ilegal, que se
encontravam no entreposto local da Vale, de onde seriam transportadas por ferrovia até
o Maranhão e, de lá, de navio para os Estados Unidos. Foram constatados também que a
empresa recebeu 671 mil metros de carvão de desmatamento com Guias Florestais
fraudadas de 25 carvoarias (11 delas fantasmas e 14 de fachada), e acabou autuada em
R$ 201 milhões. A empresa também era a única que utilizava frota própria para buscar o
carvão ilegal nas carvoarias clandestinas. Na operação foram identificados 96
caminhões e reboques da SIDEPAR usados neste transporte. Dezessete deles foram
apreendidos durante a fiscalização na indústria
58.
As multas impuseram à empresa um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)
no qual esta se comprometia a regularizar a aquisição de carvão vegetal de origem legal.
Neste sentido a estratégia da SIDEPAR foi criar a Carvopar Comércio e Transportes de
Carvão Vegetal Ltda. para que esta pudesse suprir e oferecer de forma legal o carvão
vegetal para a produção do Ferro-gusa no DIM. Atualmente a Carvopar atende a
diversos clientes, pois possui mais de 1.000 fornos licenciados no sudeste do Pará para a
produção de carvão vegetal, inclusive oferecendo a entrega do produto através dos seus
mais de 30 veículos com capacidade para transportar mensalmente mais de 30.000m³ de
carvão.
Para produzir tal montante de carvão a Carvopar declarou ter projetos de
reflorestamento no estado do Pará nos municípios de Ulianópolis com a fazenda Soma
com 6.000 hectares plantados, em Ipixuna do Pará com a fazenda São Pedro com 3.000
hectares plantados e em Paragominas com a fazenda Piquiá com 7.000 hectares e as
fazendas Formosa, Croatã e Jordânia que se encontram com plantios de eucalipto em
andamento
59.
58 Informação disponível em: http://www.araraazulfm.com.br/index.php/noticia.php?id=1436 acessado em 28 de novembro de 2014.
59 Informação disponível em: http://www.carvopar.com.br/servicos/reflorestamento acessado em 28 de novembro de 2014
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No documento
MARCELO MELO DOS SANTOS
(páginas 96-100)