• Nenhum resultado encontrado

No ano de 1991, trabalhei participando de vários projetos de comunicação visual para a agência Conceito Gráfico, também situada em Portugal. O projeto Silnox foi executado no ano de 2005 e seu diretor, José Loureiro, gentilmente nos disponibilizou o dossiê do processo de criação, digitalizado no site da agência para este trabalho.

Este projeto não foi de criar uma marca nova mas de reformular uma já existente. O designer tinha que redesenhar a marca Silnox, de um fabricante de talheres de aço. Isso deixa a criação mais restrita pois a inovação deverá dosar o nível de interferência na marca para que o seu consumidor ainda possa identificá-la e reconhecê-la no ponto-de-venda.

“Trata-se de uma marca que é líder de mercado, cujo logotipo foi desenvolvido faz 10 anos pelo Conceito Gráfico, e que agora se redesenhou. O trabalho já está no mercado neste momento, e envolve a mudança de cerca de 300 embalagens. A empresa mudou de donos, foi comprada por espanhóis que já têm 2 empresas concorrentes desta, uma em Espanha e outra em Portugal. Entretanto, decidiram criar uma marca de 1º preço, que é comercializada pelas 3, o que libertou esta marca Silnox, para um posicionamento mais elevado. Por outro lado, “caiu” a referência ao fundador António da Silva.

É isto! Também estamos a renovar a identidade da empresa espanhola do mesmo dono”. (José Loureiro em e-mail, 19/04/2005 14:14) 25.

No processo não há desenhos ou esboços à mão e começa pelo briefing. Fizemos um relatório resumido de todo o projeto apresentado ao cliente:

1. Relação das necessidades e expectativas em relação ao produto – identidade visual ou assinatura - fornecidas pelo próprio cliente.

2. Apresentação do layout e seu desenvolvimento: • assinatura ou marca

• aplicação em blisters, rótulos, caixas de embalagens 3. Opções de layout ou estágios do processo criativo: • alterações no tipo de letra da palavra Silnox • alterações de cores

• acréscimo do logotipo e justificativa • simplificação de linhas

• aplicação de conceitos à marca como elegância e refinamento • alteração no desenho das letras – mais delicada e feminina • opções de cores

4. Seleção final e comparação com logotipo anterior mais alterações no movimento da palavra, da letra inicial e da combinação de cores entre a 1ª letra e o resto da palavra.

Apresentamos o processo de transformação da marca até o produto final. Entretanto, em nossos documentos constam duas pranchas chamadas “abordagens desenvolvidas” em que a agência apresenta quatro opções para o logotipo que empregam uma tipografia totalmente diferente daquele utilizado pelo produtor, como vemos nas pranchas das figuras 79 e 80. Estas opções representavam uma inovação muito maior do que a escolhida pelo cliente, punham em risco o reconhecimento do consumidor e portanto, foram deixadas de lado. Na figura 81 vemos as “propostas de linha gráfica” que é um estudo da aplicação da marca na embalagem. A figura 82 mostra a aplicação da marca na caixa aberta, visualização do produto final já com cores e imagens.

Com o advento das tecnologias digitais e poderosos softwares gráficos, os estudos tornam- se layouts e cada layout passou a ter acabamento de arte-final. Esse fator aumenta o

número de opções para a equipe e cliente, melhora a visualização e cria menos insatisfação com o produto final. A impressão digital tem muito mais proximidade com o trabalho produzido industrialmente ou na gráfica, do que com aquele produzido à mão com técnicas de ilustração e pintura. A digitalização chega, inclusive, a criar o simulacro do produto gráfico. Por ser produzido individualmente permite maior controle sobre as quantidades de tinta e qualidade de impressão e às vezes fica melhor do que o produto final.

Podemos concluir pelos documentos da criação que neste processo há uma tendência maior às questões estéticas para chegar a um produto mais atraente e para relacionar a marca a um grau maior de “modernidade”. Ao conjugar diferentes tipologias e associar formas, o designer tornou a marca mais contemporânea. A marca foi bastante remodelada, mantendo apenas o próprio nome. O “s” foi alterado em forma e cor, e a marca ainda foi acrescida da assinatura DESIGN AT HOME. O processo foi direcionado para criar identificação com o universo feminino através da composição de cores e formas curvilíneas, o que não existia no logotipo anterior. A tipologia teve um tratamento pós-moderno com uso de tipos diferentes dentro da mesma palavra: os caracteres em minúscula e maiúscula mais a alteração de cor romperam a linearidade de leitura da marca. Este designer, ou equipe de

75.

76.

76 e 77 são duas pranchas do desenvolvimento de estudos apresentando os estágios do movimento da criação do logotipo.

77. “Intervenção ao nível do elemento gráfico, ao qual se confere um carácter ‘simbólico’, determinante no desenvolvimento das aplicações orientativas dos aspectos organizativos da aplicação da marca.”

criação, manteve um olhar para dentro, através do cuidado com cores e formas, para um produto que seria lançado no mercado português e espanhol. Pela mensagem do diretor da Conceito Gráfico, o cliente ficou satisfeito com o resultado e contratou a empresa para outros serviços.

82.

82. A embalagem de cada produto tem o predomínio de uma cor, o que facilita e acelera a identificação. A aplicação da marca compõe esteticamente o conjunto; além da posição bem destacada, a cor da ponta do “s” varia entre tom e fundo.

Nosso próximo caso é o da agência In Design.

Documentos relacionados