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Será verificado o efeito do valor expoente fracionário 𝑞, mas agora para um tempo 𝑡 = 1000 dias para uma melhor visualização. Novamente, consideremos a ordens sendo 𝑞 = 0.7, 𝑞 = 0.8, 𝑞 = 0.9 e 𝑞 = 1. Nesse caso como teremos 𝑅0 > 1, então não se tem

controle da epidemia. Para esse caso é interessante adicionarmos campanha de vacinação como meio de erradicar a epidemia. Consideramos a nova tabela de valores abaixo.

Parâmetros Valor

𝛿 0,9

m 0,004

𝜇 0,14

Tabela 2 – Valores dos parâmetros do sistema (5.1)

Para estes valores encontramos 𝑅0 = 6.25. Com isso vamos primeiro analisar o

sistema usando 𝑣 = 0, ou seja, nenhuma campanha de vacinação será aplicada. Para tais valores temos 𝐸1 = (0.16, 0.0233).

Podemos perceber pelas figuras6 e 7 que ambas as ordens convergem para o ponto de equilíbrio endêmico como esperado, isto é, a doença nunca sera extinta. Observamos também que para ambas condições iniciais o modelo de ordem inteira apresenta maior oscilação que o modelo de ordem fracionária, assim temos que o modelo de ordem fracio- nária possui nesse caso, uma convergência amortecida para o ponto de equilíbrio endêmico 𝐸1.

Capítulo 5. Resultados Numéricos 67

(a) 𝑞 = 1 (b) 𝑞 = 0.9

(c) 𝑞 = 0.8 (d) 𝑞 = 0.7

Figura 6 – Gráficos das soluções para 𝑅0 = 6, 25 sem campanha de vacinação para a

Capítulo 5. Resultados Numéricos 68

(a) 𝑞 = 1 (b) 𝑞 = 0.9

(c) 𝑞 = 0.8 (d) 𝑞 = 0.7

Figura 7 – Gráficos das soluções para 𝑅0 = 6, 25 sem campanha de vacinação para a

condição inicial (b)

Desse modo uma maneira de tentar erradicar de vez a doença, fazendo com que o sistema convirja para o ponto de equilíbrio livre de doença 𝐸0, é usando campanha

de vacinação. Vimos na Proposição 2.5.2 que 𝑣𝑐 = 1 − 𝑅10 é a proporção miníma de

vacinação que governa a dinâmica do sistema. Então, calculando a proporção miníma temos 𝑣𝑐= 0.84, ou seja, isso nos diz que para erradicar a doença é preciso aplicarmos uma

campanha de vacinação na qual 84% dos recém-nascidos da população sejam vacinados. Usando os mesmos dados que a simulação anterior e tomando 𝑣 = 𝑣𝑐 para 𝑡 = 300 dias

Capítulo 5. Resultados Numéricos 69

(a) 𝑞 = 1 (b) 𝑞 = 0.9

(c) 𝑞 = 0.8 (d) 𝑞 = 0.7

Figura 8 – Gráficos das soluções para 𝑅0 = 6, 25 com campanha de vacinação para a

Capítulo 5. Resultados Numéricos 70

(a) 𝑞 = 1 (b) 𝑞 = 0.9

(c) 𝑞 = 0.8 (d) 𝑞 = 0.7

Figura 9 – Gráficos das soluções para 𝑅0 = 6, 25 com campanha de vacinação para a

condição inicial (b)

Podemos observar pelas figuras8 e 9que quando 𝑣 = 0, 84, o sistema passa a con- vergir para o ponto de equilíbrio livre de doença 𝐸0 mesmo tendo um 𝑅0 > 1, erradicando

assim de vez a epidemia. Analisando os gráficos, observamos que há uma maior velocidade de convergência para o modelo de ordem inteira. Por outro lado, com essas simulações demonstramos numericamente a Proposição 2.5.2. Portanto, de fato 𝑣𝑐= 1 −𝑅10 é a pro-

porção miníma de vacinação capaz de governar o sistema para o ponto de equilíbrio livre de doença.

Capítulo 5. Resultados Numéricos 71

Agora, notemos que se ao invés de adicionarmos 𝑣 = 𝑣𝑐, adicionamos uma cam- panha de vacinação na qual 50% dos recém-nascidos sejam vacinados, ou seja, 𝑣 < 𝑣𝑐.

Então analisando os novos gráficos da figura 10 e figura 11, para 𝑡 = 1000 dias, observa- mos que agora todas as ordens do sistema convergem para o ponto de equilíbrio endêmico 𝐸1 = (0.16, 0.0094) como era de se esperar pela Proposição 2.5.2, isto é, a epidemia di-

minui consideravelmente com a aplicação da campanha de vacinação de 50%, mas não ao ponto da doença ser extinta de vez. Podemos observar nessas simulações que novamente o sistema de ordem fracionária possui uma convergência sem oscilações para o ponto de equilíbrio endêmico, enquanto o sistema de ordem inteira apresenta oscilação em torno do ponto de equilíbrio endêmico. Concluímos que o modelo fracionário apresenta um amor- tecimento da convergência quando o sistema converge para o ponto de equilíbrio 𝐸1. Por

outro lado, quando a convergência é para o ponto 𝐸0 observamos um mesmo comporta-

mento, porém a medida que aumentamos a ordem do sistema o mesmo apresenta uma convergência mais rápida para o ponto 𝐸0.

Concluímos aqui que o modelo de ordem fracionária possui propriedade de memó- ria, a qual está presente em qualquer fenômeno infeccioso e, portanto, o modelo fracionário é uma proposta mais fidedigna a realidade.

Capítulo 5. Resultados Numéricos 72

(a) 𝑞 = 1 (b) 𝑞 = 0.9

(c) 𝑞 = 0.8 (d) 𝑞 = 0.7

Figura 10 – Gráficos das soluções para 𝑅0 = 6, 25 com campanha de vacinação de 50%

Capítulo 5. Resultados Numéricos 73

(a) 𝑞 = 1 (b) 𝑞 = 0.9

(c) 𝑞 = 0.8 (d) 𝑞 = 0.7

Figura 11 – Gráficos das soluções para 𝑅0 = 6, 25 com campanha de vacinação de 50%

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Conclusão

Neste trabalho estudamos as equações diferenciais ordinárias de ordem inteira e não inteira como proposta para a modelagem epidemiológica. Para isso, foi necessário estudar a teoria sobre equações diferenciais ordinárias que são bem conhecidas, bem como a teoria sobre Cálculo Fracionário. Neste trabalho apresentamos uma breve da sua origem e ainda um apanhado das ferramentas necessárias para o desenvolvimento e resolução de equações de ordem fracionária. Por exemplo, as transformadas de Laplace e as funções especiais, assim como resultados fundamentais como integrais e derivadas de ordem não inteira.

Nossa contribuição com este estudo pode ser dividido em três pontos. Primeiro apresentamos a modelagem epidemiológica SIR com dinâmica vital e vacinação constante. Estudamos os efeitos na qual a entrada de uma constante de vacinação pode causar no modelo. Desse modo, foram obtidos resultados de proporção miníma de vacinação a ser escolhida para se governar o sistema de forma que a solução converge para o ponto de equilíbrio livre de doença.

Segundo apresentamos resultados de existência e unicidade de solução, tanto para o sistema de ordem inteira quanto para o sistema de ordem não inteira. Desse modo foram obtidos resultados mais completos, com lemas e definições que complementaram a demonstração de um trabalho já disponível na literatura (ZHOU; JIAO; LI, 2009).

Por fim apresentamos resultados numéricos onde comprovamos os resultados teóri- cos de estabilidade e comparamos as soluções usando ordem inteira e fracionária. Assim, vimos que ao variar a ordem do sistema, obtemos um amortecimento da convergência quando o sistema converge para o ponto de equilíbrio endêmico 𝐸1. Concluímos que o

modelo de ordem fracionária apresenta propriedade de memória, a qual está presente em qualquer fenômeno infeccioso. Foi possível também demonstrarmos, através de simulações numéricas, que existe uma proporção miníma de vacinação capaz de erradicar uma doença contagiosa, governando assim o sistema SIR para o ponto de equilíbrio livre de doença.

Como trabalhos futuros, pretendemos estudar outros modos de campanha de vaci- nação, nesse mesmo modelo e bem como outros modelos relacionados, de forma a acelerar a erradicação da doença e reduzir o custo governamental com campanhas. Portanto, a execução deste trabalho foi fundamental para adquirir um melhor e mais amplo conheci- mento na área de matemática, mais especifico na área de calculo fracionário, de forma a usar em um problema real a teoria matemática adquirida durante toda a graduação e usá-la na prática.

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