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Sinais de empoderamento: participação em eventos, conquistas sociais,

7 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DAS INFORMAÇÕES

7.1 Categorias Emergentes

7.1.6 Sinais de empoderamento: participação em eventos, conquistas sociais,

No quadro 7, a seguir, consta a caracterização dos sinais de empoderamento, segundo os sujeitos do estudo. Sobral-Ceará, 2009.

Quadro 7 - Caracterização dos sinais de empoderamento, segundo os sujeitos do estudo. Sobral-Ceará, 2009.

Participação em eventos Conquistas sociais e políticas Avaliação das sessõs do grupo focal

Comissão de Formação Pró- Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência do Município de Sobral-Ceará. Encontro Estadual das pessoas com deficiência.

I Semana Sobralense da Pessoa com Deficiência: iguais nas diferenças.

Manifesto público realizado no encerramento da Semana Sobralense da Pessoa com Deficiência.

Projeto de Acessibilidade das Faculdades INTA de Sobral- Ceará.

Inserção no Conselho Municipal dos direitos da pessoa com deficiência ocupando os cargos de presidente e vice-presidente. Organização e realização do

encontro de “acessibilidade como exercício da cidadania”.

Referido encontro contou com a presença de diversos segmentos políticos e sociais.

Entrega da Carta de Reinvindicações aos presentes com cópia para o Secretário de Saúde e Ação Social.

Cooperação, motivação, organização, conscientização(GF3, Rosa Dália; Glicínia).

Lazer (GF3, Cacto). Incentivo (GF 3, Gérbera).

Empatia (GF3, Crisântemo Branco).

Comunicação geral de todos (GF 3, Camélia Vermelhaa).

Aprendizagem(GF4, Alfazema). Resgate da APNE (GF4, Cacto; Gerbéra; Crisântemo Vermelho; GF 3, Anêmona).

Amizade, companheirismo, empoderamento (GF6, Rosa Dália; Girassol).

As sessões do grupo focal permitiram a participação no grupo de pré-formação do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência no Município de Sobral. Tal movimento alavancou discussões para a mobilização da formação do Conselho, assim como a participação no Encontro Estadual das pessoas com deficiência. Conforme ressaltaram, em setembro de 2008 aconteceu a II Conferência Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência realizado em Fortaleza-Ceará. Referido evento teve como objetivo propor diretrizes para a fundamentação dos Planos Estadual e Nacional de Políticas de Atenção à Pessoa com Deficiência. Todo o esforço avaliativo desenvolvido ao longo da programação buscou (re) pensar, criticamente, os percursos da inclusão, participação e desenvolvimento de políticas, na esfera estadual, tomando como referência as deliberações das Conferências Municipais e as proposições das Reuniões Ampliadas, devidamente consolidadas em uma síntese avaliativa e na Conferência Magna, nos seguintes Painéis: Saúde e Reabilitação Profissional, Educação Inclusiva, Acessibilidade, Geração de Ocupação e Renda e os debates

da plenária. A II Conferência contou com a presença de 151 pessoas entre membros das organizações não-governamentais, governamentais e sociedade civil. Compareceram 26 municípios, Conselheiros Estaduais, observadores e convidados, além de representantes de seis Conselhos Municipais dos dez criados no Estado (CEARÁ, 2008).

A participação em eventos também é decisiva para o empoderamento. Representantes do grupo focal tiveram a oportunidade de comparecer ao encontro de 2009 por estarem organizados, especialmente no grupo de formação do pré-conselho, constituído por uma equipe multidisciplinar: assistentes sociais, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonaudiólogos, enfermeiras, educadores e representantes do Serviço Nacional de Emprego / Iinstituto de Desenvolvimento do Trabalho (SINE/IDT), presidente da APNE, Pastoral dos Surdos e representantes do grupo focal. Assim, integrar um grupo multiprofissional é motivador e encorajador para as pessoas, independente de ter ou não deficiência.

Com base nas discussões e reflexões do grupo de formação do pré-conselho, organizou-se, por meio de várias reuniões, a I Semana Sobralense da Pessoa com Deficiência. Este evento foi fundamental para o empoderamento dos participantes do grupo focal, assim como para a comunidade de pessoas com deficiência e para o município de Sobral. Neste momento ocorreu a formação do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência. As pessoas com deficiência presentes ao evento tiveram direito de votar e serem votadas. Foram, então, eleitos dois membros do grupo focal para os cargos de titular e suplente do Conselho, os quais demonstraram satisfação pela possibilidade de exercitar seus direitos de cidadão, e, assim,poderem participar do manifesto público programado para o encerramento da I Semana Sobralense. Destaca-se, sobretudo, a organização do encontro intitulado “Acessibilidade como exercício da cidadania”, com vistas a validar a coleta de dados do grupo focal e demonstrar o empoderamento do grupo para a comunidade sobralense. Reafirma-se: a ação intersetorial se efetiva nas ações coletivas. Porém a construção da intersetorialidade se dá como um processo, já que envolve a articulação de distintos setores sociais, possibilitando a descoberta da caminhada para a ação (CORMELATO et al., 2007; SOUZA et al., 2006).

Como mencionado, é expressivo o número de pessoas que possuem alguma deficiência no mundo e em especial no Brasil. Para estas pessoas, é ainda mais urgente a necessidade de empoderamento. Ser empoderado exige reflexões por meio da educação, como fator fundamental para a conquista da cidadania. Desse modo, as pessoas com deficiência poderão alcançar uma vida com qualidade, digna e satisfatória, a partir do entendimento das

características e necessidades individuais. Consequentemente, obterão o compromisso com o atendimento às diferenças presentes na humanidade. Para qualquer pessoa, quer viva ela com uma deficiência ou não, a educação constitui o grande diferencial para se consiguir êxito nos propósitos almejados (GAIO, 2004).

Muitas vezes, acredita-se que as pessoas precisam refletir sua existência independente da situação de deficiência ou não, no intuito de avaliar as formas de enfrentamento, com vistas a obter mudanças positivas, voltadas ao empoderamento. Estar empoderado significa ter liberdade para tomar as próprias decisões, munidos de informações para isso (NEVES; CABRAL, 2008).

Na contemporaneidade, a informação perpassa pelo contexto da participação social do envolvimento com políticas públicas. Para os (as) enfermeiros (as), em particular, isso envolve processo de gestão como pessoa, mas, também, como profissional imbuído da responsabilidade social de cuidar do outro tanto na assistência hospitalar quanto nos serviços de saúde em geral.

Para ampliar sua situação, este profissional deve participar das interrelações na gestão social, e, desse modo, colaborar para a efetivação das políticas públicas, como fator de empoderamento. Assim, como o atual contexto da gestão social exige, o conjunto das políticas públicas e as instituições que as programam devem redimensionar o processo de formular e operacionalizar suas estratégias e ações. Além disso, cabe instaurar modelos flexíveis e participativos que envolvam negociação e atuação dos usuários e demais interlocutores nas decisões e ações das diversas políticas públicas.

As atitudes de participação social representam sempre uma forma de poder. Este poderá se transformar em relações partilhadas entre Estado e sociedade e por isso passam a determinar mudanças na cultura das instituições públicas e de seus agentes nas capacidades propositivas (CORMELATO et al., 2007).

Consoante se acredita, o empoderamento advém, sobretudo, da educação, formação, informação, conhecimento, participação social, reflexões aprofundadas, associado a diversos fatores. Entre estes, os expostos na figura 3, síntese dessa pesquisa, inerente aos resultados das sessões do grupo focal. Como consta nesta figura, o empoderamento deverá ser algo construído a partir de uma base de discussões, como ocoreu nas sessões do grupo focal, seguida por todas as conquistas alcançadas pelo grupo, por meio de pequenos ensaios de participação, até a entrega da carta de reivindicações ao poder público.