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Sinalização envolvendo Transferência de Movimento (TM) Nos exemplos abaixo, pode-se observar a TM, a mão movendo-

6 CASTRO, N P Configurações de Mão em Libras Rio de Janeiro: LSB

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

4.4 SEGUNDO ESTUDO

4.4.4 Sinalização envolvendo Transferência de Movimento (TM) Nos exemplos abaixo, pode-se observar a TM, a mão movendo-

se para os dois lados em articulação média com os dedos estendendo-se para representar um turista caminhando e, em seguida, o narrador sinaliza colocando o chapéu. Percebe-se que os professores interpretaram

e sinalizaram de acordo com o texto em SignWriting. Observe os recortes:

Figura 49 – Sinal de caminhar

Figura 50 – Sinal de colocar chapéu

Nota-se, na sinalização dos professores, uma estrutura de transferência de movimento presente na cena que está de acordo com a transcrição. Segundo Ferreira-Brito (2010) citado na subseção 2.6.4, para os movimentos da mão, os dedos se mexem durante a sinalização, abrindo, fechando ou estendendo, o que faz com que a mudança de CM seja rápida. Durante a sinalização no espaço neutro, os movimentos de mão podem ser em linha reta, curva, circular ou em diversas direções.

Em seguida, no vídeo o narrador sinaliza um turista vestindo o casaco (puxando para dentro). Dois professores sinalizaram de acordo com a escrita em SignWriting; apenas o professor Caio, ao invés de sinalizar colocando o casaco (puxando para dentro), sinalizou ao contrário, ou seja, tirando o casaco (para fora). Como poderá ser observado abaixo:

Figura 51 – Sinalização de Caio – “vestir casaco”

Mesmo com esse movimento oposto realizado por Caio, percebe-se que o participante-leitor aplicou a estrutura de transferência de movimento, pois as mãos moveram-se no espaço de enunciação durante a sua sinalização para representar o objeto, mesmo que esse objeto tenha sofrido uma alteração de significado.

Em outro momento, o narrador sinaliza um turista após se deparar com a chuva e corre imediatamente pelo zoológico. Desta forma, ele realiza a transferência de movimento, o qual move os braços e mãos fechadas juntas constantemente. Percebe-se que os dois professores realizaram a sinalização de modo diferente: Alice utilizou a CM nº 11, movimento de dentro para fora, já Arrow usou a CM nº 7, fazendo o mesmo movimento que Alice. Apenas o professor Caio sinalizou de acordo com o texto “padrão”, como pode ser observado abaixo:

Figura 52 – Sinal de correr

No final do vídeo, o narrador sinaliza a escolha da árvore em que ele iria se abrigar e logo em seguida o percurso até chegar nessa árvore, depois o narrador sinaliza o turista debaixo da árvore que dá um suspiro de alívio e nesse momento a árvore move-se. Os transcritores escreveram conforme está abaixo:

Figura 53 – Sinal “alívio”

Percebe-se, na leitura dos professores, que eles sinalizaram de acordo com a escrita em SignWriting, como demonstra o símbolo que representa as bochechas durante a execução do sinal, soprando o ar. Os professores realizaram a estrutura de TM fazendo uso do movimento do braço, o que indica que a árvore moveu-se quando o turista encostou para abrigar-se.

Segundo Campello (2008, p. 215) a TM exerce a função de conseguir o equilíbrio visual e pode-se usar diversas maneiras de modo igual ou diferente, como as características de altura, os signos que mostram dualidade, diferença ou oposição. É comum a associação dos

signos visuais com sua concepção de desigualdade, o que passa a diferenciar seus contextos visuais, como nos exemplos apresentados. 4.4.5 Sinalização envolvendo Transferência de Incorporação (TI)

Como citado na subseção 2.6.5, a Transferência de Incorporação pode ser acompanhada dos quatro tipos de transferência e precisa de uma ou das demais transferências para reproduzir, para que a pessoa coloque em ação a incorporação do objeto ou a cena em seu corpo. No exemplo abaixo, o narrador descreve a juba e demonstra os dentes para indicar um animal, conforme segue:

Figura 54 – Sinalização da juba do leão

Percebe-se, no exemplo acima, que os professores, ao ler, produziram de acordo com o texto “padrão”, usando as mãos tensionadas na CM nº 59 para descrever a juba do animal, da mesma maneira que se esperava a juba do personagem com os dentes a mostra.

Em outro exemplo, nota-se que, quando o narrador sinaliza, ambas as mãos estão tensionadas conforme as CMs nº 59, incorporando a boca em movimentos de abrir e fechar para demonstrar um leão rugindo. Observe abaixo que os professores, ao ler, sinalizaram do mesmo modo utilizando a TI, conforme o texto “padrão”. Sua expressão facial também mostra o estado do narrador e a transferência reproduzida na transcrição.

Figura 55 – Sinalização do rugido do leão

Ainda sobre a transferência de incorporação, o narrador sinaliza as mãos abertas com movimentos para frente e para trás ao lado da cabeça e com as bochechas sugadas, conforme os transcritores escreveram, representando as orelhas de um elefante:

Figura 56 – Sinalização das orelhas do elefante

Os professores realizaram essa TI, ao ler, interpretar e sinalizar do mesmo modo que aparecia no texto “padrão”, como é possível ver no recorte. Usaram as mãos abertas movendo-se ao lado da cabeça. Percebe-

se também que eles fizeram uso das bochechas sugadas como os transcritores escreveram.

Por fim, o narrador incorpora o braço esticado com a cabeça apoiada e realizando movimento circular. Essa mão em uma trajetória circular tem como objetivo representar a tromba do elefante. Observa-se que dois dos professores demostraram ter dúvidas ao ler e sinalizaram o braço para trás. Apenas o professor Arrow interpretou o sinal e realizou- o conforme o esperado pelo texto em SignWriting.

Figura 57 – Sinalização da tromba do elefante

Os exemplos acima apresentam a estrutura diretamente ligada à TI, pois na narração encontram-se os elementos em que o narrador coloca o objeto ou a cena no corpo, como um animal, no caso do leão ou do elefante. De acordo com Campello (2008, p. 216), “estas transferências ou descrições imagéticas permitem a configuração de signos para signos visuais e suas estruturas de acordo com o pensamento imagético dos sinais, no ato de descrever as suas naturezas, elementos e muitos outros”.