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2. Genealogia da SAN

2.3. SISAN

De acordo com a lei orgânica de SAN publicada em 2006, o Conselho e as Conferências de Segurança Alimentar e Nutricional integram o Sistema Nacional de

Segurança Alimentar (SISAN) que também é composto pela Câmara Interministerial (CAISAN) e pelos CONSEA’s municipais e demais órgãos e instituições de Segurança Alimentar nos municípios.

A Conferência Nacional é a instância máxima de participação onde são definidas as diretrizes que irão nortear as políticas e ações de SAN no país. Em contrapartida, não obstante seu caráter consultivo cabe ao CONSEA convocar a CNSAN, bem como definir seus parâmetros de composição, organização e funcionamento, por meio de regimento próprio.

Cabe ao CONSEA também uma série de outras funções como propor ao executivo federal mecanismos e instrumentos de efetivação do direito humano à alimentação adequada e saudável (DHAA), bem como definir prioridades da Política e do Plano, sempre respeitando as diretrizes definidas nas Conferências.

À CAISAN cabe fazer interlocução com os gestores estatais, bem como acompanhar as ações governamentais para prestar contas ao CONSEA. É uma espécie de órgão que faz o elo entre as instâncias governamentais e o Conselho e as conferências (BRASILCONSEA, 2006).

O CONSEA, ao contrário de outros conselhos de composição paritária, tem a particularidade de ser formado majoritariamente pelas organizações da sociedade civil. Do total de conselheiros, 2/3 é formado por segmentos da sociedade civil, sendo também presidido por um membro não governamental. Essa proporção também é aplicável na eleição dos delegados que tem direito a voz e voto nas Conferências.

Atualmente o CONSEA é composto pelas seguintes organizações da sociedade civil: Ação da Cidadania, Agentes de Pastoral Negros (APN), Associação em Áreas de Assentamento no Estado do Maranhão (ASSEMA), Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN), Associação Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO), Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD), Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme/ Aty Guaçu), Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Articulação dos Povos Indigenas da região Sul (ARPINSUL), Articulação no Semi-árido Brasileiro (ASA), CÁRITAS Brasileira, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Comissão Nacional da Rede da Educação Cidadã , Confederação Nacional dos Trabalhadores

da Agricultura (Contag), Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores (CNPA), Conselho Nacional das Populações Extrativistas, Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Coordenação Nacional de Pastorais Sociais, Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil (FETRAF), Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (FENACELBRA), Força Sindical, Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), Fórum Brasileiro de Economia Solidária, Fórum Nacional de Reforma Urbana (FNRU), Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional de Povos de Terreiro, IFIBE, Instituto de Estudos Socieconômicos (INESC) , Instituto Alana ,Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), NOVAFAPI, Pastoral da Criança , Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS), Rede de Mulheres Negras para a Segurança Alimentar e Nutricional (Mulheres Negras SAN), Rede de Informação e Ação pelo Direito a se Alimentar (FIAN), Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde, Rede Nacional de Mobilização Social (COEP), Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (IBFAN), Terra de Direitos, União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (UNICAFES), UFCE, UFPR, UNB, UNICAMP.

Deste modo os conselheiros e delegados são os representantes da sociedade civil nos espaços participativos de Segurança Alimentar, responsáveis diretos pelo processo de tomada de decisões. Vale destacar ainda que o CONSEA é um órgão de assessoramento direto do executivo federal, a quem dirige suas demandas e propostas. Já a CAISAN é composta pelos representantes governamentais que fazem parte do CONSEA.

Portando é possível notar que o CONSEA e as Conferencias são os principais canais de participação social no âmbito da SAN. E que esses espaços constituem uma via de mão dupla. Isto porque, embora as Conferências, realizadas a cada quatro anos, sejam convocadas pelo Conselho, somente elas têm a atribuição de definir as diretrizes para as políticas públicas nos anos seguintes, até que haja outra conferência.

Entretanto como são realizadas em um lapso relativamente longo de tempo, isto é, somente no início de cada mandato presidencial, pois são convocadas com o fim específico de definir metas e prioridades, bem como fazer uma avaliação geral das ações realizadas; tem

uma capacidade reduzida de debater, controlar, decidir e influenciar as ações públicas de SAN ao longo de um governo.

Deste modo cabe ao CONSEA operacionalizar as decisões emanadas das Conferências durante determinado governo. O Conselho exerce essa capacidade através das plenárias ordinárias, onde são debatidos temas pertinentes ao campo da SAN, registrados nas atas, e por meio das exposições de motivos e recomendações, instrumentos que permite ao CONSEA interpelar o poder público, seja fazendo proposições a políticas, programas e legislações do governo, no primeiro caso, seja emitindo parecer sobre determinado assunto, no segundo.

Os temas das plenárias são definidos previamente, podendo ser revisados ao longo do ano. Antes de serem submetidos à plenária, os temas são analisados previamente pelas instâncias (comissões permanentes ou grupos de trabalho), que elaboram propostas e pareceres.

As comissões permanentes são organizadas por temas (ex.: Sistema e Política de SAN) e/ou grupos populacionais específicos (ex.: SAN dos povos indígenas) e os grupos de trabalho possuem duração determinada, visando a elaboração de uma proposta específica sobre um determinado tema.

Por fim vale ressaltar que não existe nenhum dispositivo jurídico que obrigue o governo a implementar as decisões oriundas dessas instituições participativas, caracterizando- as sobretudo como espaços de debate, proposição e fiscalização de políticas (BRASIL- CONSEA, 2006). Porém, enquanto órgão de monitoramento e fiscalização, o CONSEA tem a prerrogativa de influenciar as decisões que afetam a área de segurança alimentar.

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