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Com a implementação do JIT as características do sistema produtivo são alteradas, criando-se a necessidade de verificar como estas mudanças influenciarão a performance do

sistema. Nesse momento, a empresa deve elaborar um sistema de avaliação de desempenho industrial para o novo ambiente.

De acordo com Tubino e Danni [38] , o objetivo de qualquer sistema de avaliação de performance é aferir, ou seja, mensurar, a empresa de modo a gerenciar sua performance para que determinados objetivos sejam atingidos.

Nos trabalhos de Tubino e Danni [38] e Danni [22] foram propostas várias medidas de avaliação do desempenho operacional para produção em ambiente JIT, baseadas nas diretrizes apresentadas por Lessner na referência [39] . As medidas de desempenho propostas são:

1. Volume de produção (VP ): tem como objetivo medir a quantidade de produtos

produzidos em um determinado período de tempo. No ambiente JIT, entende-se por volume de produção a quantidade de produtos fabricados e vendidos interna e externamente. O estoque é considerado como um ponto negativo para essa medida, pois geram custos e não agregam valor ao produto. O volume de produção é medido pela seguinte relação:

VP = Quantidade produzida / Quantidade vendida

O valor ideal para essa medida é 1. Se o valor for menor que 1 indica que a empresa não está conseguindo atender a demanda e se o valor for maior que 1 estará gerando estoques desnecessários, piorando assim o seu desempenho.

2. Tempo de passagem (TP ): é o período de tempo que um produto ou lote consumiu

desde o momento da solicitação à produção até a sua entrega para o cliente. O tempo de passagem pode ser calculado da seguinte maneira:

TP = Data da entrega − Data do pedido

Quanto menor for o tempo de passagem melhor, pois aumentará a capacidade de resposta ao mercado consumidor.

3. Lead-time de produção (LP ): é o tempo compreendido entre a solicitação do item

e a sua entrega ao supermercado que o solicitou, suprindo a carência desse item através dos

Kanbans. Os valores do lead time médio indicam a velocidade de resposta dos recursos

produtivos ao atendimento da demanda. Quanto menor o lead time de produção, mais rápida será a adaptação da produção ao mix da demanda. O lead time máximo é utilizado no cálculo das quantidades de Kanbans nos supermercados do sistema produtivo. O lead time de produção é calculado da mesma forma que o tempo de passagem.

4. Estoque em processo (WIP4): uma das principais metas da filosofia JIT é a redução dos estoques em processo. Nos sistemas tradicionais de produção o estoque é considerado como uma peça estratégica do sistema produtivo contra alguma alteração de demanda. O estoque em processo necessário para atender uma determinada demanda relaciona-se de forma direta com a eficiência do sistema produtivo, pois quanto maior o seu nível, maior serão os custos diretos e indiretos agregados ao produto final. A redução do estoque em processo deve ser vista como resultado da melhoria contínua do processo produtivo no ambiente JIT.

5. Percentual de Kanbans cheios (KC ): é o percentual médio de Kanbans fixados a

contenedores cheios alocados nos supermercados em relação a quantidade total de Kanbans disponíveis no sistema.

KC = quantidade de Kanbans cheios / total de Kanbans no sistema Como resultado desta relação teremos o percentual dos estoque que estão sendo efetivamente utilizados no processo produtivo e também a quantidade de Kanbans vazios esperando para serem produzidos.

6. Taxa de utilização dos centros de trabalho (TUCT ): como no JIT só se produz

havendo o consumo, essa medida de desempenho avalia o balanceamento dos elos da cadeia

produtiva. É também uma forma de avaliar a flexibilidade do sistema produtivo. Para dois sistemas produzindo a mesma quantidade de produtos acabados, o sistema com menor taxa de utilização (em função, por exemplo, de uma maior racionalização da realização dos setups ) pode absorver melhor um aumento da demanda.

7. Taxa de utilização do recurso gargalo (TURG ): tem por função, além das mesmas

do item acima, indicar o limite mínimo do tamanho do lote para o qual é possível suprir a demanda. Essa medida de desempenho é empregada para a determinação da capacidade desse recurso em absorver uma redução na quantidade de peças por Kanban, com conseqüente aumento do número de setups efetuados, limitando a redução do tamanho dos lotes.

8. Número de backorders (NB ): essa medida representa o número de pedidos de

venda que não foram atendidos em função da escassez de produtos nos estoques. É empregada para indicar a necessidade do aumento do número de Kanbans de produção dos centros de trabalho.

9. Taxa de utilização de mão-de-obra (TUMO ): no ambiente JIT, o operário deve

participar não só da produção direta do produto, mas também na manutenção preventiva das máquinas, limpeza e organização da área de trabalho, participar da análise e solução de problemas, etc. Conseqüentemente, seria incorreto medir a produção individual da mão- de-obra, devendo sim analisar quanto de recursos humanos (operadores, ferramenteiros, manutenção, supervisores, etc.) foi utilizado na produção do produto. Dessa maneira, pode- se medir a utilização da mão-de-obra através da seguinte relação:

TUMO = horas totais trabalhadas / produç˜ao do per´ıodo

Na medida em que a equipe produza uma quantidade maior de produtos dentro de um mesmo período, ou que para a mesma demanda seja utilizada uma equipe menor ou um

tempo menor de produção, a taxa de utilização da mão-de-obra elevar-se-á, aumentando a produtividade da mão-de-obra.

10. Taxa de Utilização do espaço físico (TUEF ): com a organização do trabalho

haverá conseqüentemente uma maior racionalização do espaço físico produtivo. A maneira mais imediata de avaliar o resultado da organização desse espaço é através da seguinte relação:

TUEF = espaço f´ısico utilizado/ produç˜ao do per´ıodo

Quanto menor a área utilizada no processo produtivo, maior será a taxa de utilização do mesmo. Deve-se considerar como área produtiva o espaço físico utilizado com o maquinário, armazenagem e as atividades de apoio, como manutenção, programação, etc.

11. Margem de segurança (MS ): representa o quanto as vendas podem ser alteradas

sem afetar o lucro da empresa. A margem de segurança depende fundamentalmente da flexibilidade dos recursos produtivos quanto ao volume e ao tipo de produtos fabricados. Esta medida resulta na mensuração da flexibilidade econômica da empresa em relação à demanda.

MS = volume m´aximo de produç˜ao/ volume m´ınimo de produç˜ao Este índice deve ser obtido para cada produto ou família de produtos em cada posto de trabalho. Quanto maior for o índice maior a flexibilidade da empresa em absorver as mudanças de demanda.

O conjunto de medidas de desempenho apresentadas acima está direcionado para avaliar o chão-de-fábrica JIT, não devendo-se desconsiderar que cada empresa tem seu próprio sistema de produção e deverá desenvolver o seu modelo de avaliação, levando em conta as suas metas.

Como exemplo desse tipo de estudo pode-se citar o realizado por Savsar et al. [40] . O modelo foi desenvolvido na linguagem SIMAN, sendo utilizado para realizar diferentes experimentos de forma a responder a questões relativas a performance da produção JIT. Os experimentos realizados nesse trabalho buscaram avaliar os efeitos randômicos dos tempos de processo, do número de Kanbans entre estações de trabalho, da variabilidade da demanda, do tamanho da linha de produção e de diferentes políticas de administrar o sistema Kanban. As medidas de avaliação utilizadas para aferir a performance dos sistemas produtivos foram a taxa de produção, estoque em processo e a taxa de utilização das estações de trabalho. O sistema produtivo modelado era constituído de uma linha de produção operando com o sistema Kanban, produzindo somente um tipo de peça. Em todos os experimentos de simulação realizados, o fornecimento de matéria prima no início da linha esseve sempre disponível, enquanto que a demanda de produtos acabados na saída da linha foi fixa ou, variava randomicamente em função do tesse proposto.

Os resultado dos experimentos realizados foram apresentados na forma de gráficos, a partir dos quais o comportamento do sistema produtivo foi analisado. A partir da análise, os autores apresentaram conclusões sobre o comportamento do sistema modelado em relação as variáveis em estudo, que entretanto são de difícil extrapolação para outros sistemas pelo fato da simplicidade do sistema modelado.

Outro autor que propôs um método analítico para avaliar a performance de sistemas de Kanban de um cartão foi Mascolo [41] , onde a demanda estava relacionada com um determinado processo. Este trabalho utilizou modelagem matemática como ferramenta de análise.

Farahmand e Heemsbergen [42] desenvolveram um modelo para rastreamento de estoque no chão-de-fábrica para um Kanban de produção. A performance do modelo foi

monitorada através do rastreamento do estoque em processo (WIP), ordens de produção completadas, tempo médio no sistema e o ‘‘throughput ’’ de produção em um ambiente JIT/Kanban.

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