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3. A PRODUÇÃO DE UNIDADES RESIDENCIAIS SERIADAS

3.2. ALGUNS SISTEMAS CONSTRUTIVOS UTILIZADOS EM EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS

3.2.2. Sistema Construtivo SICAL

O sistema construtivo da Sical Industrial Ltda. é composto por painéis de vedação interna e externa, e painéis de laje. O material utilizado nos painéis é o CCA – Concreto Celular Autoclavado. O CCA foi desenvolvido na Suécia, em 1924. É produzido a partir de uma mistura de cimento, cal, areia, agente expansor (pó de alumínio) e água. A areia (com alto teor de quartzo) é moída em um moinho de bolas, via úmida, até atingir a granulometria adequada, e armazenada em tanques de homogeneização. Os outros materiais (cimento, cal e alumínio) são estocados em silos.

As matérias primas são pesadas e dosadas automaticamente e conduzidas a um misturador, onde é adicionado, por último, o agente expansor. Posteriormente a mistura é depositada em moldes. O alumínio reage com os componentes alcalinos do cimento e libera gás hidrogênio, gerando a expansão com a formação de inúmeras pequenas bolhas de ar, dispersas igualmente ao longo de todo o material. Após duas horas, a forma lateral é retirada e o material é cortado, conforme programação, utilizando-se arames especiais acoplados à máquina de corte. A cura final do material ocorre em autoclaves, por um tempo médio de dez horas, em ambiente de vapor saturado à pressão de doze atmosferas.

Para a construção de unidades residenciais, pode ser utilizada a alvenaria autoportante, que permite a construção de edificações até quatro pavimentos, ou os painéis autoportantes. Quando utilizada a alvenaria autoportante, o sistema é similar aos conhecidos processos construtivos em alvenaria estrutural de blocos de concreto ou cerâmico. Neste caso presente, as edificações são compostas por blocos com dimensões de 60 x 30 x espessura, canaletas de 30 x 30 x espessura, vergas e contra-vergas e painéis laje, que podem ser utilizados no piso, forro e degraus de escada. As espessuras podem variar de 10 a 30 centímetros, e é o projetista estrutural quem vai defini-las em função das cargas atuantes, da altura efetiva da parede e da resistência do bloco.

No caso dos painéis autoportantes, eles têm comprimento variável até 330 cm, largura de 30 até 55 cm e espessura de 10, 12,5 e 15 cm. Eles possuem armadura composta por malha de aço eletrosoldada, conforme mostra a figura 2, revestida com pintura específica para evitar oxidação. São painéis maciços e leves com densidade de 750 kg / m³ e sobrecarga de 150 kg / m². As propriedades físicas e mecânicas do painel de vedação externa são as mesmas do painel de vedação interna. O que os difere é a possibilidade do painel de vedação externa já sair de fábrica com o

revestimento aplicado. Todos os revestimentos são possíveis, tais como granito, mármore, cerâmica, pastilha, entre outros.

No canteiro de obras, tanto os blocos quanto os painéis devem ser estocados em local plano e arejado, em pilhas de no máximo 1 m de altura, sobre caibros de madeira, protegidos da chuva. O transporte vertical pode ser realizado através de gruas, manualmente ou com guinchos. O transporte horizontal pode ser manual, com carrinhos tipo porta pallets.

A argamassa para assentamento da alvenaria ou dos painéis pode ser industrializada ou moldada "in loco”, definida pelo projetista estrutural. Na falta de um traço específico, de acordo com o fabricante dos painéis, pode-se adotar a argamassa mista preparada "in loco" no traço 1:1:6 (cimento, cal hidratada e areia lavada média - em volume).

Figura 2 – Armação dos painéis Sical

No assentamento dos blocos, a espessura das juntas vertical e horizontal deve situar-se entre 10 e 15 mm. O procedimento é similar ao empregado em alvenaria estrutural, recomendando-se o assentamento diário máximo de oito fiadas, para preservar a estabilidade do conjunto. A figura 3 mostra detalhe de como interromper as paredes durante o assentamento dos blocos.

Figura 3 – Interrupção das elevações de blocos Sical

Os cuidados com a amarração permitem a construção de alvenarias com resistência significativamente superior àquelas onde estes não são considerados. Normalmente considera-se uma defasagem mínima de 40% da altura do bloco (12 cm para h = 30 cm) para as juntas verticais entre fiadas sucessivas. Valores inferiores a estes podem comprometer a estabilidade e contribuem para o surgimento de patologias. A união entre as paredes também requer atenção especial. Os blocos que compõe a interseção deverão ter comprimentos no mínimo iguais a meio bloco (30 cm). Para uma melhor amarração dos cantos e encontros de paredes e também para minimizar os efeitos de tensões de flexão e tração, deverão ser posicionadas armaduras nas fiadas, de acordo com a especificação do calculista. Estes detalhes podem ser vistos na figura 4.

As vergas e contra-vergas (portas e janelas) são executadas juntamente com a alvenaria. São utilizadas peças pré-fabricadas, também de Concreto Celular Autoclavado (CCA), ou blocos tipo canaleta preenchidos com micro-concreto e armadura. As contra-vergas deverão avançar no mínimo 50 cm para cada lado da abertura.

Figura 4 – Amarração da alvenaria de bloco Sical

No caso da utilização de painéis autoportantes, eles são unidos entre si através da face vertical, com argamassa colante, com juntas de espessura máxima de 0,5 cm.

Antes disso, as laterais e cabeceiras devem ser limpas com o auxílio de brocha molhada. Na montagem, os painéis são apoiados em perfis metálicos e EPS; com a ajuda de uma alavanca e de um martelo de borracha eles são pressionados uns contra os outros até a correta distribuição e compressão da argamassa nas juntas. Neste momento são utilizadas também cunhas de madeira (figura 5) para o correto posicionamento dos painéis, verificando-se seu nível e prumo.

Figura 5 – Assentamento dos painéis Sical com utilização de argamassa colante

Após a montagem, o vazio entre os painéis e o piso deve ser preenchido com argamassa de contrapiso, sem a retirada das cunhas de madeira, conforme figura 6. As mesmas só devem ser retiradas após o endurecimento da argamassa.

Figura 6 – Preenchimento do vazio entre os painéis Sical e o piso

As paredes hidráulicas devem exercer apenas função de vedação e devem ser executadas somente após a conclusão de todas as alvenarias autoportantes e lajes. Os sulcos para a passagem de tubulações e conduítes podem ser realizados ainda na fábrica, no caso dos painéis, ou no próprio local de montagem, no caso dos blocos,

através de rasgadores manuais ou elétricos. As tubulações com diâmetro superior a 1/3 da espessura do painel devem ser embutidas em shafts (espaços entre os painéis), que posteriormente devem ser preenchidos com argamassa. O espaço mínimo entre a tubulação e a face do painel ou do bloco deve ser de 1,5 cm. Deve ser inserida tela de reforço metálica galvanizada # ½, fio 24, transpassando 20 cm para cada lado da abertura. O detalhe pode ser visto na figura 7.

Figura 7 – Passagem de tubulação nos painéis e blocos Sical

A fiada de apoio da laje é formada por blocos tipo canaleta. Após a montagem da laje e com o grauteamento destes blocos ocorre a solidarização do conjunto, como pode ser visto na figura 8.

Figura 8 – Detalhe da ligação entre os painéis de laje e a alvenaria Sical

Como qualquer alvenaria autoportante, existe a desvantagem de não permitir alteração ou demolição das paredes resistentes do projeto inicial. Como vantagens, trata-se de material industrializado, com controle de qualidade apurado e com pequena variação nas suas propriedades físicas e dimensões, permitindo revestimentos com espessuras mínimas. Assim como na alvenaria estrutural, ao substituir pilares e vigas, a alvenaria autoportante reduz o consumo de concreto, aço e madeira para formas e escoramento.

A figura 9 mostra detalhes de unidades residências construídas com painéis e blocos autoportantes do sistema construtivo Sical.

Figura 9 – Detalhes de unidades residenciais construídas com painéis e blocos Sical