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Sistema de Informação Ambiental

1 INTRODUÇÃO

2.2 Sistemas de Informação

2.2.1 Sistema de Informação Ambiental

Historicamente, a crescente preocupação com o meio ambiente, precedida por movimentos ambientais na década de 60, culminou com a criação do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) cujo objetivo primordial foi a coleta de dados e informações sobre o meio ambiente. Neste período, os recursos computacionais já eram aplicados à pesquisa ambiental e uma década mais tarde, o primeiro SIA internacional foi criado, o INFOTERRA. A parir de então, os computadores tornaram-se mais acessíveis e com maior capacidade de processamento de dados, sendo adotados para a criação de modelos ambientais. Hoje, é impossível pensar a pesquisa ambiental dissociada da utilização da modelagem ambiental, bem como das tecnologias digitais (HAKLAY, 1999).

O SIA (em inglês Environmental Information Systems – EIS), que integra esse conjunto tecnológico, corresponde a uma “coleção de informações e

conjuntos de dados com alguma relevância para o estudo e/ou monitoramento e/ou exploração do meio ambiente” (HAKLAY, 1999, p. 3). Esse sistema envolve bases de dados, modelagem computacional, sensoriamento remoto, aplicações de Sistema de Informação Geográfica (SIG) e outras tecnologias que estão sendo desenvolvidas, em todo o mundo, para abordar uma série de questões ambientais, desde as alterações climáticas à perda da biodiversidade. Tais tecnologias são destinadas a produzir novas verdades, novas relações sociais, novas formas de tomada de decisão política e, em última análise, um meio ambiente renovado (FORTUN, 2004). Dessa forma, os pesquisadores podem começar a resolver problemas complexos que surgem na relação entre sistemas de informação, organizações e sustentabilidade ambiental (MELVILLE, 2010).

O desenvolvimento destes sistemas está fortemente ligado à consciência ambiental das últimas três décadas, desempenhando um papel importante na tomada de decisão ambiental (HAKLAY, 1999). Assim sendo, instrumentos de comando e controle inserem, em suas disposições legais, a necessidade de SIA, caso observado por Haklay (1999), na Agenda 21 (capítulos 12 e 40) e em documentos do Banco Mundial, que desenvolveu seu próprio sistema.

No presente, iniciativas internacionais e nacionais são facilmente identificadas. Exemplificando, a União Europeia (UE) desenvolve o Sistema de Informação Ambiental Compartilhado (Shared Environmental Information System - SEIS) que visa estabelecer, entre os países membros, um sistema compartilhado, possibilitando a coleta, fluxo e utilização de informações e dados, relacionados com as políticas e legislações ambientais da UE. O sistema integrado à web pretende simplificar e modernizar os processos existentes, baseando-se em tecnologias, como Internet, sistemas de satélite e banco de dados. Dessa maneira, os relatórios impressos serão substituídos, tornando a informação ambiental prontamente disponível, de forma transparente e de fácil

entendimento para os governantes e público em geral (SHARED ENVIRONMENTAL INFORMATION SYSTEM, 2016).

Em uma breve análise sobre o modelo americano, é possível identificar dois sistemas de informação, com público-alvo distintos. O primeiro, denominado Rede de Intercâmbio de Informação Ambiental (Environmental Information Exchange Network - EIEN), é um sistema baseado na Internet, utilizado pelos Estados e demais parceiros, para disponibilizar de forma segura as informações ambientais e de saúde entre si e com a Agência de Proteção Ambiental Americana (United States Environmental Protection Agency – EPA), substituindo a necessidade de compartilhar dados em papel, discos ou outros meios de comunicação ou via e-mail (ENVIRONMENTAL INFORMATION EXCHANGE NETWORK, 2016). O outro sistema, My Environment, prioriza a melhora contínua ao acesso imediato do público às informações e aos dados de qualidade ambiental, para qualquer localização geográfica do país. A partir da análise, a população se torna apta a tomar as melhores decisões sobre a proteção da saúde humana e do ambiente, por intermédio de seções transversais sobre água, ar, solo, clima, energia, saúde e comunidade.

Outro SIA que merece destaque é o indiano ENVIS (Environmental Information System), criado em 1982. O sistema cuja finalidade é integrar esforços, em todo o país, na coleta de informação ambiental, agrupamento, armazenamento, recuperação e disseminação para todos os interessados, fornece informação científica, técnica e semi-técnica sobre várias questões ambientais. É apontado como a espinha dorsal da formulação de políticas e da gestão ambiental em todos os níveis de governo, bem como da tomada de decisões que visam à proteção do ambiente e sua melhoria, para a manutenção de uma boa qualidade de vida a todos os seres vivos (ENVIRONMENTAL INFORMATION SYSTEM, 2016).

As propostas nacionais de SIA são: o Sistema Nacional de Informação sobre o Meio Ambiente (SINIMA) e o Sistema de Informações Gerenciais do Meio Ambiente (Sigma). Por ser um sistema corporativo do Ministério do Meio Ambiente (MMA) concebido para atender às demandas dos Programas e Projetos financiados com recursos externos e o gerenciamento de projetos inteiramente financiados com recursos nacionais (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2016a), o Sigma, não será detalhado. Ao passo que, o SINIMA será descrito em função dos eixos estruturantes.

Por intermédio da Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA (Lei nº 6.938/81), que estabeleceu, como instrumento dessa lei, no inciso VII do artigo 9º, o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente (BRASIL, 1981), o SINIMA foi instituído. O referido sistema representa uma plataforma conceitual baseada na integração e compartilhamento de informações entre os diversos sistemas existentes ou a construir no âmbito do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, conforme Portaria nº 160, de 19 de maio de 2009 (MMA, 2016b). O objetivo básico dessa Portaria é a criação e manutenção do SINIMA, ampliando sua conceituação, ao viabilizar o acesso público aos documentos, expedientes e processos administrativos que tratem de matéria ambiental e fornecer todas as informações ambientais que estejam sob sua guarda, no âmbito do SISNAMA ou na iniciativa privada. Ademais, o uso de outros canais digitais, além da Internet, como o telefone celular, é considerado fator potencializador, de forma exponencial, da eficiência do sistema e da efetividade do atendimento ao público (MMA, 2009).

O SINIMA estrutura-se sobre três eixos: i) desenvolvimento de ferramentas de acesso à informação; ii) integração de bancos de dados e sistemas de informação, tratando de ferramentas de geoprocessamento; iii) fortalecimento do processo de produção, sistematização e análise de estatísticas e indicadores relacionados com as atribuições do MMA (MMA, 2016b). O software foi

disponibilizado em 2006, permitindo o cruzamento da informação de 12 bancos de dados diferentes, em níveis de abrangência municipal, estadual, regional e nacional, além de agrupar, em uma única fonte, informações sobre legislação, cobertura florestal, áreas prioritárias de preservação da biodiversidade, terras indígenas, unidades de conservação, licenças ambientais e poços de água em todos os municípios do país (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO, 2006). Com propósito de melhor encaminhar os trabalhos relativos aos indicadores, um Grupo de Trabalho foi criado em 2008, com relatório parcial publicado em 2011. Na atualidade, a plataforma não se encontra disponível, todavia, o site teve 14.373 acessos durante o período de 31/07/2006 até 06/04/2007, como afirma Silva (2007, p.48), quando era um bom exemplo de qualidade de fontes de informação produzidas pelo poder público na Internet (SILVA, 2007, p.52).

Neste momento uma ponderação se faz necessária visto que o foco desse estudo repousa sobre os recursos hídricos, e todos os SIA supracitados referem- se ao meio ambiente como um todo. Portanto, é relevante apresentar os SIA relacionados à água e sua gestão, que se torna impossível sem conhecimento suficiente sobre os sistemas naturais e sociais e previsão de seus estados futuros. Para isso, deve-se apoiar em análise de cenários e sistemas baseados em computadores, aquisição de dados, modelagem, previsão, otimização, apoio à decisão e ferramentas de gestão do conhecimento, muitas vezes referida como sistemas de Hidroinformática (UNESCO-IHE, 2016).