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Sistema de Informação Sobre Nascidos Vivos – Sinasc

1 INTRODUÇÃO

1.6 Sistema de Informação Sobre Nascidos Vivos – Sinasc

O SINASC foi implantado a partir de 1990, com o objetivo de reunir e melhorar as informações epidemiológicas referentes aos nascimentos em todo o território nacional, sendo um sistema alternativo ao Registro Civil. Foi desenvolvido

pelo Grupo de Estatísticas Vitais do Ministério da Saúde (GEVIMS) à semelhança de outro SIS, que já se encontrava bem estruturado e em amplo funcionamento, o SIM. (MELLO JORGE et al.; 2007). O anexo A traz o modelo da página de cadastro do SINASC na internet.

O SINASC permite a análise dos nascimentos vivos segundo variáveis, como peso ao nascer, índice de Apgar, duração de gestação, tipo de parto e paridade, acrescidas daquelas já provenientes das informações do Registro Civil (MELLO JORGE et al, 2007).

Com a implantação do SINASC no Brasil, abriu-se a oportunidade de realização de estudos com base populacional sobre nascimentos vivos, além de subsidiar as intervenções relacionadas à saúde da mulher e da criança em todos os níveis do SUS, permitindo, assim, identificar as crianças de risco, apontar possíveis desigualdades na assistência e planejar as intervenções (MASCARENHAS et al., 2006; ROMERO; CUNHA, 2007; MELLO JORGE et al., 2007).

No Paraná, o SINASC foi implantado por resolução da Secretaria Estadual de Saúde (SES) em 1992, primeiramente em Curitiba e, a partir de janeiro de 1994, em todos os municípios do Estado (DAVANSO; RIBAS, 1996).

O documento de entrada do sistema é a Declaração de Nascido Vivo (DN), padronizada em todo o País. A DN (ANEXO B) deve ser preenchida para todas as crianças nascidas no país, a partir do conceito de nascido vivo:

Todo produto da concepção que, independente do tempo de gestação, depois de expulso ou extraído do corpo da mãe, respire ou apresente outro sinal de vida, tal como batimento cardíaco, pulsação do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária, estando ou não desprendida a placenta (CID-10, 1993, p. 136).

A DN deve ser preenchida nos estabelecimentos de saúde para aqueles nascimentos vivos ali ocorridos ou para aqueles que, ocorridos em outro local, tenham tido atendimento imediato nessas instituições. No caso dos nascimentos domiciliares, o preenchimento é realizado nos Cartórios de Registro Civil, no momento do registro (D’ORSI; CARVALHO, 1998; MISHIMA et al, 1999; THEME FILHA et al., 2004).

Vários estudos vêm utilizando o SINASC como fonte de dados, com o intuito de traçar perfis dos nascidos vivos e suas mães, auxiliando o planejamento das

políticas públicas e possibilitando, também, avaliar questões como acesso e acessibilidade aos serviços de saúde, apontando possíveis desigualdades nesse sentido. Esses estudos têm demonstrado que o perfil dos nascimentos não é homogêneo no país, devido principalmente às desigualdades regionais e, sobretudo, pelo baixo nível das condições socioeconômicas (ALMEIDA, 2004; CARDOSO et al., 2005; CARNIEL et al., 2003; D’ORSI; CARAVLHO, 1998; FRICHE et al., 2006; MELLO JORGE, 2007; MISHIMA et al., 1999; SILVA et al., 2001; THEME FILHA et al., 2004; VIDAL et al., 2005; MASCARENHAS et al, 2006; COSTA et al., 2002; PAULUCCI; NASCIMENTO, 2007).

A boa qualidade do banco de dados do SINASC é outro fator de destaque entre os estudos sobre banco de dados em saúde. Um estudo conduzido no município do Rio de Janeiro entre 1999 e 2001 demonstrou que, de maneira geral, o SINASC apresenta baixas taxas de não-informação, com exceção das variáveis “número de filhos nascidos vivos” e “número de filhos nascidos mortos”, com um total de, respectivamente, 34,6% e 57,5% de não preenchimento (THEME FILHA et al., 2004).

Para o Brasil, foi verificado que, entre as variáveis com valores altos de ignorados, destaca-se a escolaridade materna, fato que pode ser explicado devido à falta do dado no prontuário hospitalar, sendo necessário entrevistar a puérpera, além

da variável “número de filhos tidos”. Quando analisado regionalmente, o SINASC

demonstrou melhor cobertura nas Regiões Sul e Sudeste (MELLO JORGE et al, 2007).

Em estudo recente para o Estado do Paraná, em que a qualidade do SINASC foi avaliada para o período de 2000 a 2005, segundo variáveis da mãe, de gestação e parto e do recém-nascido, por meio do percentual de não declaração das variáveis, foi concluído que a qualidade do banco de dados melhorou progressivamente desde o ano de 2000, chegando em 2005 com preenchimento considerado excelente para todas as variáveis, com exceção da variável “ocupação da mãe”, considerada de qualidade regular, ou seja, com percentual de não declaração variando de 3% a 6,99% (SILVA, 2008).

Estudos sobre os nascimentos, de forma regionalizada e que incluam os determinantes socioespaciais, colaboram para um planejamento eficiente das ações em saúde. A regionalização mantém-se, inclusive, presente no contexto do Pacto de Gestão do SUS, uma das três partes do Pacto pela Saúde, sendo um dos meios

para a redução das desigualdades sociais e territoriais, associada à capacidade de diagnóstico e decisão locorregional, além de potencializar o processo de descentralização, fortalecendo estados e municípios para exercerem papel de gestores (BRASIL, 2006a).

Diante disso, este estudo, partindo de variáveis do SINASC, se justifica pela necessidade de se conhecer os perfis de nascimentos e seus indicadores no espaço específico dos três municípios conurbados da RMM, verificando as diferenças intra e inter-urbanas, definindo as áreas que apresentam os piores indicadores e quais as relações com os determinantes socioeconômicos e espaciais, a partir das discussões propostas pelo Observatório das Metrópoles – Núcleo Maringá.

Colaborando, dessa forma, para subsidiar programas ou políticas voltadas para a melhoria da saúde, aumentar a eficiência na utilização de recursos públicos, melhorando a distribuição e o acesso do serviço em saúde, no intuito de contribuir na diminuição das desigualdades em saúde.

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