• Nenhum resultado encontrado

3. A Modelação Sistémica da tríade Jogo-Treino-Análise

3.1. O Modelo de Jogo

3.3.3. Sistema de Observação e Análise

Desde o início da época que foi definido um sistema de observação e análise do jogo, a forma como os analistas da equipa devem olhar para jogo e analisá-lo, corresponde à forma como está estruturado e definido o modelo de jogo e todos os seus comportamentos. Basicamente, este sistema de observação modela o trabalho dos analistas, definindo em que momentos e fases dividem o jogo e como trabalham os vídeos de análise.

Como foi anteriormente referido, o programa de análise utilizado pela equipa técnica é o

VideObserver. É nele que são realizados e armazenados todos os cortes efetuados pelos analistas

nos jogos da própria equipa e nos jogos dos adversários. Todas as etapas do microciclo de trabalho, tal como estão descritas no ponto anterior, são executadas no programa.

O sistema de observação e análise foi então criado no VideObserver para que os analistas da equipa pudessem realizar o trabalho de análise definido. Todos os momentos e clips de vídeo

81 de análise dos jogos da própria equipa foram cortados segundo este sistema e guardados na base de dados do VideObserver. Todos eles foram também numerados seguindo uma lógica idêntica e os clips de vídeo foram catalogados em função do sistema de observação.

Sistema de Observação

Organização Ofensiva (quando a equipa tem bola, e esta está controlada e procura posicionar-se para atacar a baliza adversária):

 Construção – processo em que jogadores mais recuados no campo tem a posse de bola e procuram ligar o jogo com jogadores posicionados mais à frente, seja por ligações interiores, exteriores ou em profundidade;

 Criação – processo em que se pretende a entrada nos últimos 30 metros, em que os jogadores conseguem criar uma situação de vantagem espacial ou numérica que lhes permite atacar a baliza com vantagem sobre o adversário. Pode existir após a ligação de jogadores mais recuados no terreno (Construtores), com os mais avançados (Desequilibradores) ou diretamente dos jogadores mais recuados para os últimos 30 metros, neste caso as categorias de Construção e Criação fundem-se;

 Finalização – situação de ataque à baliza (remate ou cruzamento) realizada nos últimos 30 metros;

Organização Defensiva (quando a equipa não tem a bola e está posicionada ou deve estar posicionada para defender a sua baliza):

 Pressão – processo em que existe claramente a intenção de retirar a posse de bola à equipa adversária, caracterizado pelo corte de soluções de passe e pela mudança de velocidade dos jogadores;

 Organização – processo em que a equipa se encontra organizada e procura fechar todas as soluções que possibilitem a entrada do adversário nos últimos 30 metros, mas em que não tem intenção clara de retirar-lhe a posse de bola;

 Setor Defensivo – situação de demonstre as relações que se estabelecem entre os 4 elementos do setor defensivo;

 Setor Médio - situação de demonstre as relações que se estabelecem entre os 4 elementos do setor médio;

 Setor Avançado - situação de demonstre as relações que se estabelecem entre os 2 elementos do setor avançado;

Transição Ofensiva (quando a equipa recupera a posse de bola e todas as ações imediatamente seguintes até chegar ou a situação de finalização ou voltar ao momento de organização ofensiva):

82  1º Momento – processo imediatamente a seguir à recuperação da bola que dura até ao momento em que existe a decisão ou de criar situação de finalização ou de voltar ao momento de organização ofensiva;

 Desenvolvimento – Situações que se desenvolvem após a decisão de criar situação de finalização;

 Finalização - situação de ataque à baliza (remate ou cruzamento) realizada nos últimos 30 metros que acontece imediatamente após a situação de recuperação de bola e da consequente decisão de ataque a baliza;

Transição Defensiva (momento que acontece desde que a equipa perde a posse de bola até ao momento que consegue voltar ao posicionamento de organização defensiva ou, por outro lado, até ao momento imediatamente a seguir, em que o adversário conseguiu criar situação de finalização):

 1º Momento – situação no momento da perda da posse de bola e ações dos jogadores imediatamente a seguir a essa perda;

 Desenvolvimento – processo que acontece se a equipa permite ao adversário sair da zona de pressão imediatamente após a perda da bola;

Esquemas Táticos Defensivos (quando a bola é jogada após uma paragem no jogo e a equipa se encontra a defender a sua baliza):

 Cantos – situação de bola jogada diretamente para a área da equipa de forma longa ou de forma curta;

 Livres - situações de livres quer diretos quer indiretos;

 Lançamentos - situações de lançamentos de linha lateral jogados no meio-campo defensivo;

Esquemas Táticos Ofensivos (quando a bola é jogada após uma paragem no jogo e a equipa se encontra a defender a sua baliza):

 Cantos – situação de bola jogada diretamente para a área do adversário de forma longa ou de forma curta;

 Livres – situações de livres quer diretos quer indiretos;

 Lançamentos – situações de lançamentos de linha lateral jogados no meio-campo ofensivo.

Numeração dos Cortes de Vídeo

A numeração dos cortes de vídeo é realizada seguindo uma nomenclatura, cada corte de vídeo fica numerado e nomeado. Cada nome de cada vídeo inicia-se com o símbolo do #, logo a seguir tem a sigla do momento de jogo que o corresponde OD, OO, TD ou TO e por último escreve o número do corte correspondente, sendo o número de cortes daquele momento realizados desde o inicio da época. Exemplo: #OD119.

83 Para especificar ainda mais o corte de vídeo e para facilitar a pesquisa e a organização da informação de todos os cortes, coloca-se ainda o sub-momento do momento específico do corte de vídeo após a colocação de um hífen. Exemplo: #OD119 – Organização.

Por último, para separar todos os cortes e facilitar as fases de recolha e tratamento dos mesmos, coloca-se uma cor correspondente relacionada com a apresentação de vídeo, vermelho para os cortes que têm comportamentos que a equipa deve melhorar, verde para os cortes que têm comportamentos que a equipa deve manter.

Foi sempre segundo este sistema que foram trabalhados todos os vídeos dos jogos da própria equipa e que foram efetuados os vídeos de análise para apresentar à equipa.

Em relação à apresentação do vídeo de análise à equipa e à estrutura da apresentação, nunca foi definido em reunião entre os membros da equipa técnica uma estrutura obrigatória e estanque para o vídeo de análise, deixou-se então ao critério do analista da própria equipa.

Em conversas com todos os treinadores da equipa técnica, semana após semana, o vídeo sofreu sempre ajustes na sua estrutura, consoante aquilo que era mais importante apresentar aos jogadores, mas este sempre foi realizado e apresentado seguindo dois tópicos: Comportamentos a Melhorar e Comportamentos a Manter. A quantidade de comportamentos, a quantidade de momentos de jogo e a quantidade de cortes de vídeo foi sempre ajustada semana após semana.

Em suma, o processo de observação e análise está estreitamente relacionado com o modelo de treino que, por sua vez, está também estreitamente relacionado com modelo jogo. Este triângulo cíclico que consiste em definir, realizar e observar, para aperfeiçoar os comportamentos da equipa, esteve sempre presente e foi base de trabalho da equipa técnica do Clube Desportivo de Mafra.

84

4. Observação e Análise da Própria Equipa ao longo

Documentos relacionados