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Assim sendo, tendo em conta todas as fontes de informação que recolhemos, consideramos que o Mediador/Motivador Pedagógico será aquele que:

a) Dinamiza a procura e actualização de conhecimentos sobre o pensamento, tendências e práticas inovadoras na Educação;

b) Promove, no seio da comunidade aprendente, uma atitude/postura crítica de permanente questionamento sobre as práticas;

c) Partilha novas aquisições de conhecimento científico com a comunidade aprendente, valorizando a importância da formação no desempenho profissional;

d) Reconhece o bom desempenho dos colaboradores, respeitando-os nas suas idiossincrasias pessoais e profissionais;

e) Tem uma noção clara da importância das suas funções, integrando-as numa dinâmica colaborativa;

f) Analisa as ideias e sugestões propostas pela equipa educativa, integrando-as nas práticas da comunidade escolar;

g) Emprega estratégias de motivação, fornecendo feedback construtivo; h) Dá apoio e mostra-se disponível sempre que necessário.

Operacionalização das competências do Mediador/Motivador Pedagógico

A operacionalização da competência a), deverá integrar, na medida do possível, os seguintes indicadores comportamentais:

- suscita a elaboração, por parte dos professores, de planos individuais de formação; - fornece informação relevante e actualizada sobre novas publicações da área pedagógica;

- incita à pesquisa sobre temas actuais relacionados com Educação, numa perspectiva auto e heterodidáctica.

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- incentiva a análise crítica dos métodos de trabalho, encorajando a inovação; - apoia os docentes no desenvolvimento e utilização de formas de avaliar criticamente as suas práticas;

- usa a crítica, de forma construtiva, como parte da sua avaliação.

No que se refere à competência c), deve-se ter em conta os seguintes indicadores: - cria oportunidades adequadas para membros da comunidade partilharem a sua aprendizagem, conhecimentos e competências com outros;

- encoraja a participação em acções e cursos de formação contínua e/ou especializada;

- promove momentos de partilha e divulgação de oportunidades formativas.

Relativamente à competência d), ter-se-á em consideração os seguintes indicadores: - reconhece e celebra os esforços e sucessos de outros (elementos da comunidade educativa);

- favorece a autonomia progressiva dos colaboradores; - reconhece e estimula boas práticas.

No que concerne à competência e), os indicadores comportamentais são os seguintes:

- demonstra estar integrado na comunidade educativa;

- adapta o seu estilo de mediação às diferentes características dos colaboradores; - promove a delegação de tarefas desafiantes, proporcionando assim oportunidades de desenvolvimento individual dos seus colaboradores.

Quanto à competência f), deve-se ter em conta os seguintes indicadores: - incentiva a equipa docente a participar nas estruturas organizacionais; - recolhe sugestões e propõe à equipa temas concretos para inovação;

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No que diz respeito à competência g), são relevantes os seguintes indicadores comportamentais:

- reconhece e elogia em ocasiões públicas acções de inovação;

- interpela os colaboradores sobre as suas práticas de uma forma construtiva;

- transmite uma mensagem positiva e motivadora sobre o desempenho dos colaboradores.

Ao nível da competência h), deve-se considerar os seguintes indicadores comportamentais:

- mantém um canal de comunicação informal, de abertura e de proximidade com os colaboradores;

- propõe ideias, práticas e soluções, com vista à melhoria;

- preocupa-se com as diferentes dimensões da pessoalidade e da profissionalidade dos colaboradores.

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C

ONCLUSÃO

Como foi explanado ao longo do trabalho, o Mediador/Motivador Pedagógico pode/deve despontar nas organizações educacionais como o elo de ligação entre as próprias organizações e os profissionais que aí actuam pedagogicamente, numa perspectiva de construção e solidificação de uma Escola cada vez mais reflexiva.

Esta reflexividade deverá ser consistente, duradoura e fecunda.

Consistente porque, com este elo de ligação, existirá uma maior orientação para o desenvolvimento de práticas reflexivas por parte dos docentes, o que lhes permitirá desenvolver-se e aprender no sentido da fundação de uma pessoalidade e de profissionalidade questionadora, crítica, indagadora.

Duradoura porque, com o apoio deste elo de ligação, este desenvolvimento pessoal e profissional não será efémero. Pelo contrário, possibilitará aos docentes uma predisposição para a prática questionadora e para a reflexão, que os conduzirá a uma autonomia crescente mas sustentada.

Fecunda porque acreditamos que poderá desencadear o efeito “bola de neve”. À acção reflexiva e motivadora do mediador, agregar-se-á gradualmente a acção reflexiva de toda a comunidade docente. É nossa convicção (ousada, se calhar!) que, ao criar esta figura, muitos dos docentes que, com o passar do tempo, caíram na “mesmice”, numa postura amorfa e negativamente acomodada, se tornem progressivamente profissionais reflexivos.

Na nossa opinião, esta figura do Mediador/Motivador Pedagógico poderá surgir em três cenários possíveis:

1) aproveitando a presença, nas instituições educativas, dos cargos de chefia (coordenadores, directores pedagógicos,…) e dotando-os de uma formação adequada (em supervisão/mediação, por exemplo). Estes cargos de chefia, dado o reconhecimento em termos de liderança que possuem, poderão constituir-se como peças-chave na definição deste Mediador. Contudo, é necessário definir com algum grau de exactidão o papel e a função deste Mediador, tendo sempre em atenção que ele existirá não (só) para avaliar mas, acima de tudo, para promover e dinamizar o desenvolvimento destes espaços de reflexão;

2) suscitar o aparecimento, no seio do corpo docente, de um Mediador. No nosso ponto de vista, este cenário poderá trazer consigo o risco de falta de reconhecimento por

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parte do resto da comunidade docente, pelo facto de não pertencer a nenhum cargo de chefia;

3) surgir como elemento exterior à comunidade docente

(consultor/auditor/supervisor externo). Esta terceira hipótese parece-nos, das três, a menos viável, na medida em que será sempre encarado um elemento estranho na organização. Por esse facto, terá sempre dificuldades em conseguir motivar, mobilizar e congregar os professores para um trabalho cooperativo em torno da ascensão da reflexividade.

Posto isto, não nos cabe a nós esgotar este tema, que nos propusemos a analisar, mas pensamos ter dado um contributo válido para o surgimento de uma nova temática a desenvolver num futuro breve. Por este motivo, optamos por não manifestar nenhum tipo de vínculo a qualquer dos cenários por nós propostos, por ser nossa convicção que terão que ser as instituições a optarem pelo cenário que considerem mais adequado à sua realidade.

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B

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A

NEXOS

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Anexo I

Carta de apresentação do inquérito por questionário

Caro(a) Participante,

Somos estudantes da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti, a frequentar a Pós- Graduação de Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores.

No âmbito da disciplina Projecto de Investigação, estamos a realizar um estudo com o objectivo de modelizar um conjunto de competências essenciais que permita enquadrar a figura do mediador (motivador pedagógico) nas organizações educacionais, tendo como ponto de partida a concepção de um profissional/instituição reflexiva.

Deste modo, apelamos à sua colaboração, sem a qual o mesmo estudo não será viável. Salientamos, ainda, que a sua participação é voluntária e que lhe será garantido o total anonimato, sendo as respostas apenas utilizadas para fins estatísticos.

Responda com a maior seriedade e de forma espontânea, pois não existem respostas certas ou erradas.

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Anexo II

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Anexo III

Guião da entrevista realizada ao professor Manuel Rangel

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