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1 INTRODUÇÃO

3.4 O sistema de informação da APS

Atenção Primária em Saúde é a atenção essencial à saúde baseada em tecnologias e métodos, cientificamente comprovados e socialmente

aceitáveis, tornando universalmente acessíveis a indivíduos e famílias na comunidade por meios aceitáveis para eles e a um custo que tanto a comunidade como o país possa arcar em cada estágio de seu desenvolvimento, um espírito de autoconfiança e autodeterminação. É o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, levando a atenção à saúde o mais próximo possível do local onde as pessoas vivem e trabalham, constituindo o primeiro elemento de um processo de atenção continuada à saúde (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE - OMS, 1978).

Encontramos definida a APS também como sendo:

[...] provisão de serviços de atenção à saúde de forma integrada e acessível por profissionais de saúde que se responsabilizam em manejar a grande maioria das necessidades das pessoas, desenvolvendo uma parceria sustentada com os pacientes, atuando no contexto da família e da comunidade (INSTITUTE OF MEDICINE - IOM, 1994).

A Atenção Primária à Saúde é ainda vista como o “conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção de saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde” (BRASIL, 2006 p.12). Esta atenção é desenvolvida por práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, por meio do trabalho em equipe, direcionadas a um território delimitado, com responsabilidade sanitária e considerando a dinâmica do território (BRASIL, 2006).

De acordo com Starfield (2002), a Conferência de Alma Ata acentuou que os componentes fundamentais da APS eram a educação em saúde, saneamento ambiental, especialmente de água e alimentos, programas de saúde materno- infantis, incluindo imunização e planejamento familiar, prevenção de doenças endêmicas locais, tratamento adequado de doenças e lesões comuns, fornecimento de medicamentos essenciais, promoção de boa nutrição e a medicina tradicional.

Nesta prestativa de territorialização, para Mendes et al. (1993), o entendimento de território tem duas orientações de pensamento: uma referente à estrutura no espaço físico geográfico (território-solo), que dá sustentação à visão topográfico-burocrática; e a outra visão, se refere ao território-processo em permanente construção, produto da dinâmica social sob as influências políticas, culturais, econômicas e epidemiológicas. É ainda entendido como espaço do acontecimento do processo social de mudanças das práticas sanitárias e permite o exercício do modelo assistencial.

O reconhecimento do território permite caracterizar a população e seus problemas de saúde, assim como avaliar o impacto dos serviços de saúde sobre os níveis de saúde desta população específica, num dado momento e lugar, com problemas e necessidades de saúde determinados, cuja solução deve ser compreendida pelos profissionais da saúde, fazendo recurso às informações disponíveis no SIS, um ponto de partida para a realização das funções da APS.

O território define o perfil demográfico, epidemiológico, administrativo, político, social e cultural que o caracteriza e se expressa em um processo de construção permanente (MONKEN, 2005). Neste contexto ele vai permitir que os profissionais de saúde focalizem as causas da doença, abordando-as mais corretamente, e não focalizem as sequelas das doenças, consumindo uma proporção considerável do seu tempo de trabalho. Esse fato tem estreita relação com a não utilização das informações disponíveis nos sistemas de informação, relevando-se por isso a necessidade da educação permanente dos profissionais da saúde bem como a avaliação permanente das dificuldades da utilização dos SIS (MONKEN, 2005).

O processo de capacitação possibilita o aperfeiçoamento profissional, a criação do vínculo com a comunidade e o desenvolvimento do trabalho em equipe (MONKEN, 2005). A compreensão de todo o sistema, e não apenas do preenchimento adequado das fichas do sistema de informação, pode ser realizado mediante um processo de capacitação e sensibilização sistemáticos e contínuos dos profissionais.

Para Teixeira, Paim e Vilasboas (1998), a vigilância em saúde tem uma vertente que corresponde à análise da situação da saúde, priorizando grupos populacionais definidos em função de suas condições de vida e sua distribuição nos diferentes territorios e contextos. A informação gerada é fundamental para a compreensão das relações entre condições de vida e saúde, e para o planejamento do acesso da população aos serviços de saúde. De acordo com os autores, alguns estudos têm demonstrado que as desigualdades sociais são acompanhadas de desigualdades em saúde, uma vez que a existência de diferentes níveis socioeconômicos dentro de uma mesma comunidade resulta em diferentes índices de saúde e de qualidade de vida.

No Sistema Único de Saúde do Brasil, o Sistema de Informação da Atenção Básica em Saúde (SIAB), foi criado em 1998 pelo Departamento de Informação e Informática do SUS (DATASUS), para o acompanhamento e avaliação das atividades realizadas pelos agentes comunitários de saúde (ACS), agregando e processando os dados provenientes das visitas domiciliares e do atendimento dos médicos e enfermeiros realizados nas unidades de saúde (BRASIL, 2006). O SIAB utiliza três formulários de entrada de dados, sendo um para o cadastramento das famílias, outro para as informações de saúde e outro para as informações de produção e marcadores para avaliação.

Entre os sistemas de informação em saúde no Brasil, o SIAB, diferenciando-se dos outros, é territorializado. Esse sistema de informação organiza os serviços baseados na prática de vigilância em territórios determinados, podendo imprimir qualidade às ações por considerar os dados demográficos, de morbidade referida e de condições sociais locais, possibilitando a construção de indicadores simples e práticos, no monitoramento e avaliação das ações que o serviço se propôs a fazer. Propõe, com isso, que se conheçam as condições de saúde da população adstrita, bem como os fatores determinantes do processo saúde-doença. (BRASIL, 2000).

3.5 Os países em desenvolvimento, entre as tecnologias de informação

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