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1 INTRODUÇÃO

1.3 SISTEMA DE INFORMAÇÕES

1.3.1 Sistema de Informação em Saúde - SIS

Existem várias fontes oficiais de informação para o estudo das causas externas, úteis para a avaliação tanto da morbidade quanto para a mortalidade. São elas: o Boletim de Ocorrência Policial (BO); o Boletim de Registro de Acidentes de Trânsito do DENATRAN; a Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT); o Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS); e o Sistema Nacional de Informações

Tóxico-Farmacológicos (Sinitox). Para o estudo das morbidades por causas externas a melhor fonte é a do SIH/SUS através da AIH (BRASIL, 2003).

Além das fontes anteriores, foi aprovado e instituído, através da Portaria n.º 970, de 11 de Dezembro de 2002, o Sistema de Informações para Acidentes e Violências (SISAV), com o objetivo de acompanhar os dados referentes às causas externas, a fim de proporcionar que estas informações sejam confiáveis, para que estudos, pesquisas e políticas públicas possam ser conduzidas nas ações de controle e redução desses agravos (BRASIL, 2002). Apesar disso, o SISAV não está sendo usado.

O conhecimento da situação de saúde de uma população pode ser feito através do diagnóstico de morbidade e mortalidade, bem como através da situação sócio- demográfica e sócio-econômica de um país (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2003).

O Sistema de Informação em Saúde (SIS) consiste em um agrupado de dados de saúde organizado de forma integrada, que tem como objetivo mostrar dados de saúde relevantes à implementação de políticas públicas de ações de saúde, estudos epidemiológicos, bem como a avaliação e vigilância dos serviços de saúde (VERAS; MARTINS, 1994; MELIONE, 2002).

O SUS conta com diversos sistemas de informação em saúde, dentre eles o Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e o Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA), considerado como um dos maiores Bancos de Dados do mundo na assistência à saúde e, portanto, um importante banco para pesquisa e avaliação da assistência à saúde do Brasil (BRASIL, 2002).

Os dados para o estudo das internações podem ser encontrados no Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde, SUS - SIH/SUS, administrado pelo Ministério da Saúde, através da Secretaria de Assistência à Saúde, juntamente com as Secretarias Estaduais de Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde, sendo processado pelo DATASUS - Departamento de Informática do SUS, da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde.

1.3.2 Sistema de Informações Hospitalares - SIH

A criação dos dados do SIH/SUS é baseada na Autorização de Internação Hospitalar - AIH, que consiste em um documento obrigatório, preenchido pelos hospitais na alta do paciente, para pagamento dos custos financeiros decorrentes das internações hospitalares dos pacientes vinculados ao SUS, sejam da rede pública, privada ou filantrópica (CAMPOS e col., 2000; LESSA e col., 2000).

Através do SIH é possível conhecer, além do quantitativo de pacientes atendidos no sistema SUS, divididos por sexo, idade e diagnóstico, o custo da hospitalização, bem como o tempo de permanência e evolução do paciente (LESSA e col., 2000).

Esses dados são enviados pelas unidades hospitalares credenciadas pelo SUS (públicas ou particulares conveniadas), realizados mediante as AIH, para os gestores municipais (se em gestão plena) ou estaduais (para os demais) onde são processadas no DATASUS, gerando os créditos referentes aos serviços prestados e formando uma valiosa base de dados, contendo dados de grande parte das internações hospitalares realizadas no Brasil (DATASUS). Apesar de possuir limitações quanto à abrangência e às vezes quanto à qualidade dos dados, são bastante úteis para o estudo proposto.

Para Lebrão, Mello Jorge e Laurenti (1997), esse banco permite ter um desenho quase completo da morbidade mais grave. Através da AIH é possível, além de distinguir os gastos com a hospitalização, conhecer o tempo médio de permanência hospitalar, a avaliação do tipo de lesão, procedimentos realizados e também algumas variáveis de caráter epidemiológico (MELIONE, 2004).

Sobre essa questão, a confiabilidade dos Bancos de Dados de Morbidade é questionada por apresentarem limitações quanto à qualidade dos seus dados (CAMPOS e col., 2000), mas ao mesmo tempo, são reconhecidos como dados valiosos para estudos epidemiológicos de incidência e prevalência, bem como para implementação de ações de avaliação e melhoria dos serviços de saúde (LAURENTI e col., 1985; CAMPOS e col., 2000).

Esses questionamentos devem-se ao fato da AIH ter como objetivo principal o pagamento das internações, podendo por isso ser manipulada para fins lucrativos, além de poder conter erro no preenchimento dos diagnósticos, muitas vezes feito por profissionais não-médicos e não treinados (PEREIRA, 1995). Apesar disso é dada grande relevância a essas informações, visto que representam dados de uma grande parcela da população e por serem codificadas em tempo, muitas vezes, inferior a um mês (MELIONE, 2002).

Estudos referentes à confiabilidade do SIH/SUS são escassos no Brasil. Veras e Martins (1994) realizaram um estudo no Rio de Janeiro para a verificação da confiabilidade dos dados da AIH preenchidos pelos hospitais privados contratados pelo Inamps, referentes ao ano de 1986, onde demonstraram que é alta a confiabilidade para as variáveis: “sexo”, “idade”, “tempo de permanência”, “procedimentos realizados”, “óbito”, “transferência” e do “diagnóstico principal” com três dígitos da CID (9ª revisão), além de encontrarem maior confiabilidade quando existia apenas um diagnóstico. As variáveis: “tipo de admissão” e “composição da equipe cirúrgica” foram consideradas de baixa confiabilidade. Os problemas encontrados quanto à variabilidade dos diagnósticos demonstraram ser referentes aos processos de anotação, coleta e codificação das informações.

Para Lessa e colaboradores (2000), os problemas nos dados de morbidade, além da falta de informações precisas para o processamento dos dados, é o fato de poder ocorrer transferências de pacientes entre os hospitais, ocasionando assim duplicidade no número de internações, além do sistema não identificar casos de re- internações, o que para as causas externas é mais difícil de ocorrer. Apesar desses problemas, é um banco de dados rico e não deve ser menosprezado, porque a morbidade pode ser utilizada para focalizar a necessidade da população ou o acesso dessa população a serviços de saúde (MEDRONHO e col., 2004).

Apesar de não ter como objetivo principal mostrar a confiabilidade da AIH Escosteguy e colaboradores (2002), com o objetivo de avaliarem a pertinência do uso da AIH na avaliação da qualidade da assistência ao Infarto Agudo do Miocárdio – IAM, para o ano de 1997, no Rio de Janeiro, demonstraram qualidade da AIH

quanto à informação do diagnóstico principal (no caso em questão o Infarto Agudo do Miocárdio), das variáveis demográficas (sexo, idade), das variáveis de processo (procedimentos e intervenções) e das variáveis de resultados (óbito, motivo da saída). Como maior limitação, os autores apontaram a falta ou precariedade de registro do diagnóstico secundário.

Vale ressaltar que a utilização do disquete ao invés do papel no preenchimento e envio da AIH, a partir de 1994, contribuiu para a melhoria da qualidade e confiabilidade dos dados, devido à maior agilidade e detecção de erros no preenchimento antes do seu envio para o processamento dos dados (LESSA e col., 2000). Além disso, a informatização dos dados criou ferramentas interativas para tomada de decisão, devido ao fornecimento de informações completas, relevantes, rápidas e fáceis de serem divulgadas e compartilhadas.

No âmbito das causas externas, um quesito importante na confiabilidade dos dados foi a Portaria GM/MS n.º 1.969, de outubro de 2001, que obrigou o registro de diagnóstico secundário para todas as internações compatíveis com causas externas e de agravos (doenças e acidentes) à saúde do trabalhador na AIH, de acordo com a CID vigente (CID-10), permitindo assim melhorias nos diagnósticos de causas externas.

O SIH é composto de quatro instrumentos: a AIH; o Laudo Médico para a emissão da AIH; a ficha Cadastral do Hospital – FCH e a Ficha Cadastral de Terceiros – FCT (BRASIL, 1998).

Para cada paciente internado é emitida uma AIH, contendo dados demográficos, diagnóstico principal e secundário, procedimentos realizados, instituição hospitalar, data de nascimento, clínica, datas de internação, alta e tipo de saída. Ressalte-se que os dados correspondem somente às internações ocorridas nos hospitais credenciados do SUS, mas que equivalem à aproximadamente 80% do total de internações, sendo o setor público o principal financiador das internações hospitalares no Brasil. Apesar de ser um grande banco de dados, é pouco explorado para informações epidemiológicas (MELIONE, 2002).

Existem dois modelos de AIH: a AIH1 para identificação do paciente quanto à internação e a AIH2 para pacientes crônicos ou psiquiátricos, que permanecem um período maior de hospitalização para o tratamento (LESSA e col., 2000).

Esse banco possui vários arquivos que devem ser integrados de acordo com as variáveis necessárias a determinados estudos. Constitui-se de um banco de dados que deve ser agrupado em um novo banco de acordo com as necessidades da pesquisa (CAMPOS e col., 2000). O SIH – SUS está disponível na home page do DATASUS: www.DATASUS.gov.br e os dados do Espírito Santo estão disponíveis na home page da Secretaria Estadual de Saúde: www.saude.es.gov.br.

Enfim, o SUS só contabiliza como internação quando o paciente permanece no local de atendimento por mais de 48 horas, desse modo, todos os eventos ocorridos que deram entrada em uma unidade de saúde ou hospital, cuja permanência foi inferior a este período, ou seja, os casos agudos, os óbitos e as transferências, não são contabilizados como internação hospitalar (MINAYO; SOUZA, 2002).

Diante disso, podemos prever que o número de pacientes atendidos no hospital seja ainda maior do que os que geraram internação, sem contar aqueles atendimentos nos pronto-socorros e na rede não-conveniada ao SUS, gerando assim uma subestimação.

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