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4 DO ARTIGO 28 DA LEI DE DROGAS SOB A ÓTICA DA

4.1. Sistema nacional de políticas públicas sobre drogas e o tratamento dado ao usuário e

A proibição do porte de drogas para consumo pessoal, nos moldes que hoje estão vigentes em nosso ordenamento foi introduzida pela lei 11.343/2006 que, de maneira ambiciosa, procurou estabelecer o sistema nacional de políticas públicas sobre as drogas – SISNAD. Percebe-se, dessa maneira, que já não cabe ao Estado brasileiro o combate e o extermínio do fenômeno social trazido pelo consumo de entorpecentes. Mas sim, a lide e o convívio com essas circunstâncias. Ora, se até a mesmo a norma penal, tradicionalmente identificada com a repressão a certos comportamentos não mais identifica uma política contra as drogas, mas sim sobre as drogas. A partir daí se extrai qual seria as intenções de nosso legislador sobre o tema.

Nesse mesmo sentido é que o primeiro artigo da referida norma utiliza-se do termo prescrever para se referir as normas que serão relativas à lide para com os usuários e dependentes de drogas. Ora, a referida expressão é bastante presente no vocabulário médico e tem a sua utilização vista como forma de se orientar o operador do direito no sentido de que o direito a ser aplicado ao usuário já não seria aquele do criminoso mas sim o do paciente a ser tratado pelo Estado.Tanto é assim que assim que se fala em atenção e reinserção do usuário . Ademais, as tais medidas de prevenção do uso das drogas não seriam devidas a todo o tipo de uso. Mas tão somente ao uso indevido, nos dizeres da lei. Ora, a qualificação do adjetivo uso nessa situação, foi bastante eloqüente. No sentido de que a lei não pode utilizar palavras em vão. Se houve esforço do legislador para qualificar o nome, esse esforço deve ser considerado pelo hermeneuta. Dessa forma, seria correto pensar que nem todo uso de substâncias tidas como droga é indevido.

Colaborando com esse pensamento é que o Estado estabelece ressalvas à probição das drogas. Dessa maneira, permite-se o uso dessas substâncias. Nesse sentido, o art. 32.4. da

declaração de Viena aduz que o Estado em seu território nasçam, naturalmente ( ou seja, a disseminação do vegetal se deu sem a intervenção humana) plantas de características psicotrópicas arroladas em uma lista orópria trazida pela convenção e utilizados por pequenos grupos em rituais niotidamente caracterizados por elementos mágicos e religiosos. Dessa maneira, o Brasil ratificou a referida convenção com a referida ressalva, permitindo-se o uso de substância psitrópicas para certas práticas religiosas. Nos dizeres de Renato brasileiro de Lima:

Importante lembrar que o art. 2º, caput, não autoriza de per si, o cultivo de plantas de uso ritualístico- religioso. Para tanto, também se faz necessária a autorização legal ou regulamentar. É o que ocorre , por , exemplo, com o chá da ayahuasca, produto da decocção do cipó banisteriopsis caapi e da folha psychotria viridis, utilizado pelo movimento religioso conhecido como santo daime . A respeito dessa bebida um relatório apresentado pelo grupo multidisciplinar do conselho nacional de políticas sobre drogas concluiu que o uso ritualístico e religioso da ayahauasca consitui-se manifestação cultural indissociável da identidade das populações tradicionais da Amazônia e de parte da população urbana do país, cabendo o Estado não só garantir o pleno exercício dessa manifestação cultural, como também , mas também protegê-lo por quaisquer meios de acautelamento e prevenção. Nos termos da lei 11.343/2006 caput e artigos 214 e 216 da cfb.

O SISNAD ocupa todo o título um da lei 11.242/2006. Nessa oportunidade o legislador nacional procurou criar uma sistemática administrativa que integre os entes federados em todas as esferas de poder. União , estados, distrito federal e municípios, todos são chamados a contribuir para a prevenção do uso e para a repressão do tráfico de drogas. Dessa maneira, tenta-se condicionar a administração pública para que haja um trabalho conjunto e presumivelmente mais eficiente o que tange à problemática das drogas. Nos termos da própria lei o Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as atividades de prevenção, atenção, reinserção social e repressão.

A organização do Sisnad tem como escopo pensar uma política centralizada e garantir uma execução descentralizada. É nesse ambiente que, surgem muitos órgãos ligados ao executivo nas esferas federais e municipais com o objetivo de se por em prática a tal execução descentralizada da política de drogas.

Nesse contexto surge o Conad, órgão de cúpula responsável pela articulação e o estabelecimento de contatos com os mais diversos níveis de pessoas jurídicas, tanto públicas quanto privadas, e físicas que exerçam atividades voltadas as finalidades afetadas às questões das drogas, efetivando as combinações possíveis na consecução de metas comuns.

Nesse ínterim a própria lei visa criar uma rede de proteção e reinserção social ao usuário e ao dependente, aqui tratados como elementos tipológicos distintos e repressão a produção e ao tráfico de drogas.

A integração administrativa trazida pela lei em comento ao Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas faz com que o órgão de cúpula possa trazer para si uma espécie de comando em relação, não só aos órgãos de prevenção, mas também às entidades responsáveis pela repressão ao tráfico de drogas. Dessa maneira, pode-se dimensionar a importância que a referida norma dá a esse órgão de cúpula. Tornando-o gestor maior da questão das drogas exercendo grande influência política para que haja atividade conjunta entre os entes políticos e as entidades administrativas. Tanto no setor público, quanto no setor privado, no que lhe couber.

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