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SISTEMA REPRODUTOR

No documento METAFISICA DA SAUDE VOL 2 (páginas 75-78)

Antigamente a reprodução humana era compreendida de maneira mais filosófica do que científica. Hipócrates (maior médico da Antiguidade) acreditava que "sementes que emanavam de todas as partes do corpo do homem e da mulher se juntavam para formar o fruto". Aristóteles opinava que os fatores masculinos forneciam o movimento e os femininos forneciam a substância; o sexo do bebe determinado pelos fatores que predominassem.

Os vastos conhecimentos existentes na atualidade sobre a produção humana, em sua maioria, devem-se às investigações realizadas nas últimas cinco décadas. Antes disso, as descobertas seguiam lentas. Em 1672 Graaf observou os nódulos linfáticos de um ovário e erroneamente interpretou que fossem ovos.

O óvulo só foi compreendido em 1827, quando Von Baer traçou seu curso ao longo da tuba uterina até o útero.

No tocante aos espermatozóides, eles receberam essa denominação porque se pensava, originalmente, que fossem "pequenos animais parasitas". Em 1853, a fertilização foi descrita apropriadamente como a entrada do espermatozóide no óvulo. Com o avanço tecnológico dos últimos cinqüenta anos a Medicina pode acompanhar o desenvolvimento do embrião durante toda a gestação.

Atualmente a Medicina compreende que o sexo do bebe é determinado pelos cromossomos que fertilizam o óvulo, bem como as características físicas do homem e da mulher são definidas através das influências hormonais, que distinguem as características dos corpos masculino e feminino.

Acreditava-se, também, que o interesse sexual apareceria no gênero humano na adolescência, quando o aparelho reprodutor estaria apto a funcionar, onde surgiam os primeiros sinais de bigode no rapaz, e a menina via seu corpo ganhar formas nitidamente femininas. Entretanto, a teoria freudiana refutou essa idéia muito difundida. Freud separa a vida sexual da função reprodutora. Segundo ele, a energia sexual do indivíduo baseia-se no desenvolvimento da libido.

Freud descreveu que a libido se manifesta desde o nascimento, percorrendo um caminho em busca do prazer. São os desvios no desenvolvimento da libido na criança que causam as neuroses no indivíduo adulto. A negação da existência do prazer infantil provoca o recalque desses impulsos. A repressão da natureza infantil, no tocante à manifestação da libido, pode gerar traumas ou sentimentos de culpa, que interferem na vida sexual do

indivíduo adulto.

A libido designa a força motriz que induz as pessoas a agir no meio em que vivem e a ter prazer naquilo que fazem. E o instinto sexual, que não se limita aos órgãos genitais, tampouco relaciona-se exclusivamente com a prática do sexo. A libido é a vontade que mobiliza o indivíduo à busca do prazer, é a excitação para a realização daquilo que a pessoa gosta e aprecia.

Ela se manifesta em forma de ternura, que cria laços de amizade e carinho, estabelecendo os elos sociais e afetivos entre as pessoas.

O prazer proporciona satisfações positivas. As fontes de prazer são quase inesgotáveis nos seres humanos. As pessoas podem encontrar prazer em tudo o que fazem, como andar, dançar, alimentar-se, trabalhar, etc. O prazer mobiliza as energias básicas para a concretização dos nossos intentos.

No âmbito da sexualidade repousa a capacidade criativa do ser humano. À medida que nos sentimos atraídos por algo ou alguma pessoa, imediatamente mobilizamos a nossa criatividade para estabelecer um contato ou aproximação com o alvo de nosso prazer.

Na esfera da sexualidade, o ser humano atinge o êxtase da percepção de si. O orgasmo sintetiza o estado de felicidade, que não se mantém no tempo. Finda-se após a relação, exigindo que seja praticado mais vezes o sexo, para experienciar novamente esse estado agradável.

Durante o êxtase, o estado normal de consciência é ultrapassado qualitativamente pelo orgasmo, atingindo a unicidade entre os níveis sensoriais, emocionais e sentimentais, promovendo uma felicidade momentânea.

A estabilidade afetiva e o prazer sexual contribuem significativamente para a conquista da felicidade. Esses fatores são alcançados por meio do relacionamento. No entanto, o outro não proporciona a felicidade almejada por alguém; esta é conquistada pela própria pessoa, que mobiliza seus recursos internos e sua força de expressão para alcançar aquilo que almeja na vida.

Ninguém tem o poder de fazer você feliz e realizado. Delegar esse ler ao outro é perder o referencial de si mesmo, conseqüentemente desconectar-se da fonte interna de onde se originam os atributos necessários para conquistar a própria felicidade.

A harmonia com o ambiente e o bom relacionamento com as pessoas queridas são alcançados por meio da interação verdadeira do indivíduo com aqueles que lhe são caros. Ninguém consegue sentir-se bem diante do parceiro com anulação de si ou sufocando sua essência. Dar vazão à natureza íntima representa um significativo passo na conquista do bem-estar. Usar máscara ou ser formal nas relações afetivas é perder os conteúdos

essenciais para a felicidade.

O mesmo ocorre na intimidade sexual: a sensação do orgasmo é uma experiência individual; obviamente o outro desempenha um significativo papel para saciar a pessoa, mas ela não pode entregar-se a uma completa passividade. É necessário haver a interação para conduzir a intimidade de forma a atingir seu orgasmo. Quem só espera que o outro lhe proporcione prazer, sem participar ativamente daquele momento íntimo, facilmente se frustrará, tornando-se insatisfeito.

A insatisfação sexual ou ausência de desejo estendem-se para as demais áreas da vida. Uma pessoa sexualmente frustrada compromete o prazer de viver, tomando-se indiferente para com as atividades que lhe proporcionavam grandes satisfações. Tão desastroso quanto o prejuízo na intimidade é a perda do sabor pela vida.

O mesmo ocorre em relação aos bloqueios da sexualidade. Em se tratando dos impulsos sexuais, eles são muito intensos nos seres humanos. A atração sexual mobiliza o ser para estabelecer a aproximação com a pessoa que desperta o interesse sexual ou com um objeto de prazer. Movido por esse instinto, a pessoa supera suas dificuldades de personalidade, como a timidez, acanhamento, etc., aproximando-se do objeto do desejo. Por isso, quando os bloqueios prevalecerem sobre a intensa força de desejo e de atração, é porque os recalques que se abatem sobre a pessoa são repressores, com intensidade capaz de comprometer o bem viver.

O âmbito da sexualidade humana representa uma via pela qual as pessoas podem superar suas dificuldades, ser criativas e espontâneas, expressando a natureza íntima. Quando essas qualidades do ser forem acrescentadas à realidade, elas contribuirão para a edificação de uma vida melhor, proporcionando felicidade e realização pessoal.

No documento METAFISICA DA SAUDE VOL 2 (páginas 75-78)