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SISTEMA SUAS (SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL)

No documento Gestão da educação (páginas 71-76)

A Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social de 2005 institucionalizou os princípios do Sistema Único de Assistência Social, reiterando a universalidade da política e a responsabilidade do Estado.

Conforme Bichir (2016), o governo federal se tornou responsável por determinar diretrizes gerais e parâmetros objetivos para transferências de recursos federais, enquanto os municípios ficaram responsáveis por implementar a política seguindo as regras nacionais.

A Norma Operacional Básica também hierarquizou e padronizou os serviços socioassistenciais e definiu, mais claramente, os papéis de cada esfera de governo, de modo a determinar que cabe aos municípios a responsabilidade por implantar e gerir as unidades do Centro de Referência de Assistência Social.

Também, no mesmo momento, foi criada nova sistemática de financiamento fundamentada nos pisos de proteção (básica e especial), com critérios de partilha baseados em indicadores municipais, pois, segundo Palotti e Costa (2011), somente com a Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB-SUAS) é que foram definidos claros incentivos para a habilitação dos municípios ao SUAS19.

muitos: o assistencialismo, cuja lógica acaba reforçando práticas clientelistas, patrimonialistas etc.

Diante das diretrizes presentes na Norma Operacional Básica (2005), o controle social assume papel central no processo de organização da política de assistência, o que reafirma, como principais mecanismos, os conselhos de assistência social e as conferências.

O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) introduz uma concepção de sistema orgânico em que a articulação entre as três esferas de governo constitui-se em elemento fundamental, sendo articulada entre as esferas municipal, estadual e federal.

Portanto, Carvalho (2006), ao registrar os principais avanços decorrentes do Sistema Único de Assistência Social, destaca que este: traduz e delimita os serviços socioassistenciais em todo o território nacional e, por conseguinte, para todos os cidadãos que dele necessitar, pois regula um sistema único (federativo e descentralizado) que define os serviços de acordo com as complexidades; elege a família como unidade de intervenção, buscando, assim, a possibilidade de romper com as tradicionais segmentações de seu público-alvo; elege o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) como equipamento e serviço de proteção social básica, sendo a porta de entrada para o sistema; elege o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) como equipamento de referência da proteção social especial de média e alta complexidade, responsável pelo atendimento das famílias que se encontram sem referência

Assim, os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), vinculados à proteção social básica, e os Centros Especializados de Assistência Social (CREAS), vinculados à proteção social especial, representam a presença do Estado na concepção da política de assistência social.

A proteção básica, ofertada no Centro de Referência de Assistência Social, apresenta-se como possibilidade de prevenir:

[...] situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situações de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e/ou fragilização de vínculos afetivos – relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). (BRASIL, 2004, p. 34).

Para Teixeira (2010), no Centro de Referência de Assistência Social ou no CREAS (Centros Especializados de Assistência Social), os recursos humanos representam um dos principais aspectos para que a política de assistência social cumpra seus objetivos.

Assim, considerando que o Sistema Único Assistência Social não opera por tecnologias substitutivas, o trabalho social, realizado pelas equipes de referências, torna-se imprescindível para a concretização das diretrizes expressas pelos diversos documentos normativos.

Nesse sentido, Raichelis (2010) alerta que o movimento de implantação do Sistema Único de Assistência Social é caracterizado por uma grande complexidade e impõe diversos desafios aos profissionais, pois a própria implementação das políticas sociais e públicas carrega uma série de tensões que precisam ser desvendadas criticamente.

Raichelis (2010) comenta que as respostas do Estado à questão social se inserem em um modelo caracterizado pela fragmentação e pela setorização das necessidades sociais, que as recorta em problemas sociais distintos ou “particulares”, como a fome, o desemprego, a violência, o analfabetismo, a doença e outros.

Porém, a simples existência física desses espaços não garante a viabilização concreta dessa referência; há, ainda, a necessidade de se aprofundar o debate sobre o significado desses espaços, o que inclui discussões sobre os serviços, a estrutura, os acessos, os processos de qualificação e de avaliação, as interfaces e o controle social, o que, sem dúvida, pode ser qualificado por subsídios oriundos de processos investigativos e de avaliação da gestão do próprio sistema.

Assim, a partir do exposto acima, justifica-se a realização da presente pesquisa, já que uma das formas de organizar os espaços ligados ao Sistema Único de Assistência Social pode ser através da intersetorialidade, o que envolve a escola como possibilidade de implantação de possíveis estratégias.

Sabemos que o Serviço Social se justifica pelas assimetrias e desigualdades sociais. Ao tratarmos da Cidade de Camargo, nosso estudo não encontrou indicadores de subcidadania, nem elementos de pobreza. Destacamos o Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) de 2010, que é 0,736, o que situa esse município na faixa de Desenvolvimento Humano Alto (IDHM entre 0,700 e 0,799).

Além do mais, a pesquisa realizada (documental e bibliográfica) não contempla uma análise de dados qualitativos sobre desigualdade social em Camargo. Partimos da análise da constituição de políticas públicas municipais, que vamos apresentar detalhadamente no capítulo 6. Por ora, detalhemos como se deu o passo a passo da construção da presente Dissertação, apresentando cada uma das escolhas metodológicas do estudo.

5 METODOLOGIA DA PESQUISA

A pesquisa é um conjunto de procedimentos sistemáticos, baseado no raciocínio lógico, que teve por objetivo encontrar soluções para problemas propostos, mediante a utilização de métodos científicos, organizados e orientados a partir de uma proposta metodológica (ANDRADE, 2003).

Podemos entender metodologia científica como um conjunto de etapas e de instrumentos pelo qual o pesquisador direciona seu projeto de trabalho com critérios de caráter científico para alcançar dados que suportam ou não sua teoria inicial (CIRIBELLI, 2003). Dessa forma, a metodologia científica dá o valor e a confiabilidade científica à pesquisa.

A partir do objetivo geral deste trabalho, foram analisados índices e indicados os impactos de como se deu uma concepção da política educacional (Educação - em Tempo - Integral) em relação intersetorial (transversal) com a Assistência Social em Camargo/RS. Este capítulo detalhará a metodologia de pesquisa utilizada para atingir os objetivos neste estudo.

Para concretização da presente pesquisa, foi realizada, primeiramente, uma pesquisa bibliográfica e, na sequência, uma pesquisa documental a partir de um estudo de caso sob a perspectiva da pesquisa qualitativa. Segundo Lüdke e André (1986), o estudo de caso vai estudar um único caso. No presente estudo, o caso é a implantação de uma política educacional do Município de Camargo/RS. Considerou-se, assim, esse caso como uma situação singular, particular, ou seja, um caso bem delimitado, o qual buscamos deixar seus contornos claramente definidos no desenvolver do estudo (LÜDKE; ANDRÉ, 1986). Para tal, nos detemos em sete características principais:

1 – Os estudos de caso visam à descoberta; 2 – Os estudos de caso enfatizam a ‘interpretação em contexto’; 3 – Os estudos de caso buscam retratar a realidade de forma completa e profunda; 4 – Os estudos de caso usam uma variedade de fontes de informação; 5 – Os estudos de caso revelam experiência vicária e permitem generalizações naturalísticas; 6 – Estudos de caso procuram representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista presentes numa situação social e 7 – Os relatos de estudo de caso utilizam uma linguagem e uma forma mais acessível do que os outros relatórios de pesquisa. (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 18-20).

Para alcançar os objetivos, o pesquisador usou uma variedade de fontes (bibliográfica, documental), a partir da delimitação do estudo, seguindo para a coleta de dados; e, em um terceiro estágio, realizou a análise sistemática dos dados coletados dada à complexidade da situação particular, porém, com foco na problemática global do estudo (LÜDKE; ANDRÉ, 1986). Assim, a metodologia de pesquisa utilizada neste trabalho está organizada em três momentos: pesquisa bibliográfica, pesquisa de Estado do Conhecimento e pesquisa documental.

No documento Gestão da educação (páginas 71-76)