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O STM é de origem inglesa, e surgiu no Manchester Royal Infirmary, quando em 1994, um grupo composto por médicos e enfermeiros sob a direção do médico Dr. Kevin Mackway-Jones, reunia-se com objetivo de criar normas de triagem, visando o desenvolvimento de nomenclaturas e definições comuns, além do desenvolvimento de uma sólida metodologia de triagem, de um programa de formação, e de um guia de auditoria para a triagem. Constituído o grupo, foi feito levantamento da linguagem dos sistemas de triagem até então existentes, visando a identificação de temas comuns e, a partir da discussão das escalas existentes, chegou-se a um acordo sobre um novo sistema de nomenclatura, o STM

(CORDEIRO JÚNIOR; MAFRA, 2010). A partir do ano 2000, o uso do STM tem se expandido para diversos países de diferentes realidades geográficas e populacionais como Áustria, Brasil, Alemanha, México, Noruega, Portugal e Espanha (CORDEIRO JÚNIOR et al., 2015).

Assim como nos sistemas ATS, CTAS e ESI, o STM estratifica em cinco os níveis de gravidade, de acordo com a queixa principal apresentada pelo paciente no momento da avaliação na chegada ao serviço de urgência. É estruturado em algoritmos, também chamados de fluxogramas de apresentação, e discriminadores chaves, associados a tempos de espera simbolizados por cores. A Tabela 3 apresenta a estratificação de riscos proposta pelo STM.

Tabela 3 - Escala de triagem estabelecida pelo Sistema de Triagem de Manchester

Número Nome Cor Tempo-resposta

máximo (min.)

1 Emergente Vermelho 0

2 Muito urgente Laranja 10

3 Urgente Amarelo 60

4 Pouco urgente Verde 120

5 Não urgente Azul 240

Fonte: CORDEIRO JÚNIOR; MAFRA, 2010.

O método de classificação de risco proposto pelo STM tem o objetivo de fornecer ao profissional que realiza a triagem uma prioridade clínica, que por sua vez reflete aspectos de uma apresentação/queixa particular do paciente. A prioridade clínica não está precisamente associada ao diagnóstico clínico, uma vez que o tempo ideal proposto para avaliação na classificação de risco é de 3 minutos, o que leva ao fracasso qualquer tentativa de se estabelecer diagnóstico clínico para o paciente (CORDEIRO JÚNIOR; MAFRA, 2010).

Desta forma, o STM foi pensado para permitir que médicos e enfermeiros atribuíssem rapidamente uma prioridade clínica ao doente em situação aguda. Para tanto, é baseado em categorias de sinais e sintomas organizados em 52 fluxogramas, sendo 50 utilizados para situações rotineiras e dois para situação de múltiplas vítimas. Estes fluxogramas devem ser selecionados a partir da

situação/queixa apresentada pelo paciente (CORDEIRO JÚNIOR; MAFRA, 2010). Cada fluxograma contem discriminadores que orientarão a coleta e análise de informações para a definição da prioridade clínica do paciente. Para garantir a uniformidade de compreensão e aplicação dos conceitos, todos os discriminadores encontram-se previamente definidos e apresentados em um quadro de notas ao lado de cada fluxograma, e também ao final do protocolo. Cabe ressaltar que a resposta positiva a um discriminador, ou a incapacidade de negar completamente a presença do mesmo no paciente determina o seu nível de risco (CORDEIRO JÚNIOR; MAFRA, 2010; CORDEIRO JÚNIOR et al., 2015). O Apêndice A exemplifica como usar o STM a partir de um caso clínico fictício.

No Brasil, o Grupo Brasileiro de Classificação de Risco é o único representante legal do Manchester Triage Group e do Grupo Português de Triagem, sendo o responsável pela implantação do STM nas instituições de saúde e pela capacitação dos profissionais para utilização do mesmo. O GBCR é constituído por médicos e enfermeiros e considera a premissa da necessidade de manutenção do padrão internacional para garantir que o STM se mantenha seguro, não só para o cidadão, mas também para o profissional de saúde que o aplica. Contribui também para o desenvolvimento do Protocolo de Manchester nas discussões internacionais (CORDEIRO JÚNIOR et al., 2015).

De acordo com o GBCR, as seguintes etapas devem ser seguidas na implantação do STM em uma instituição de saúde:

 1ª Etapa: Sensibilização e Capacitação do Sistema Manchester de Classificação de Risco: capacitação de médicos e enfermeiros na utilização do STM. O treinamento pode ser presencial, com média de 12h de duração, ou à distância com duração de 30h, por meio de uma plataforma virtual de aprendizagem disponibilizada no site do GBCR;

 2ª Etapa: Implementação da Classificação de Risco;

 3ª Etapa: Acompanhamento Presencial da Classificação de Risco;

 4ª Etapa: Capacitação acerca do STM: Curso de Auditor Interno para verificar se os profissionais estão classificando corretamente os pacientes;

 5ª Etapa: Acompanhamento das Auditorias Internas;  6ª Etapa: Auditoria Externa.

De acordo com a necessidade e tipologia de cada instituição, o GBCR se disponibiliza a auxiliar na formatação de um processo de implantação que atenda da melhor maneira possível, cada instituição. Cada serviço, onde tenha sido implantado o STM deverá designar profissionais médicos e enfermeiros que serão responsáveis pelo processo de implementação e interlocutores junto ao GBCR (CORDEIRO JÚNIOR, et. al., 2015).

No Brasil, o STM tem sido adotado na maioria dos serviços de urgência como instrumento direcionador da classificação de risco, sendo atualmente utilizado em 16 (61,5%) dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal (GRUPO BRASILEIRO DE CLASSIFICÇÃO DE RISCO, 2014). Não obstante, ainda existem poucos estudos direcionados à avaliação da validade e confiabilidade do STM, sobretudo estudos de origem brasileira. O Apêndice B apresenta o artigo “Produção científica sobre a validade e confiabilidade do Protocolo de Manchester: revisão integrativa da literatura”. Trata-se de artigo, subproduto desta tese, elaborado com o objetivo de analisar as produções científicas acerca da validade e confiabilidade do protocolo de Manchester, publicado na Revista da Escola de Enfermagem da USP (SOUZA; ARAÚJO; CHIANCA, 2015).

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