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Marco Antônio Baleeiro Alves

4. Sistemas ciberfísicos

Recentemente a IBM criou o Watson, uma plataforma de computação cognitiva, que permite a interação entre ele e o homem. O interlocutor faz uma pergunta ao Watson e com base em seu banco de dados ele responde ao questionamento. Existem muitas invenções as quais a ficção criou e que hoje é uma realidade. Os

drones, os ipads, smartphones, carros elétricos, impressoras 3D

entre outras. Tudo isso convergiu para que fosse possível, a criação da internet das coisas, uma forma de conectar os itens usados no dia a dia à rede mundial de computadores. A Figura 3 mostra um fluxograma que representa a interligação entre os campos ou setores tecnológicos os quais estão sofrendo os impactos das evoluções proporcionadas pela quarta Revolução Industrial.

Figura 3. A Quarta Revolução.

Nesse mundo dos sistemas ciberfísicos e de grandes transformações que estão em ritmo acelerado, trazem consigo uma problemática bem antiga e que já levou o mundo a várias guerras, tendo como causa dessas guerras, as desigualdades socioeconômicas. O problema do qual se fala, não é a desigualdade social propriamente dita. Esta última é consequência.

O fator preocupante está ligado ao acesso, ou seja, países que não tiverem acesso aos benefícios e invenções da quarta revolução industrial ficarão reféns das políticas econômicas dos países desenvolvidos. O respeitado Fórum Econômico Mundial, ocorrido em Davos em 2016, tendo como tema a quarta revolução industrial, alerta que até 2020 poderemos ter uma queda de 47% dos postos de trabalho, causados pela automação da indústria e do serviço, isso representa algo em torno de 5 milhões de empregos a menos.

Diferente do que houve no passado entre os anos de 1811 e 1812 na Inglaterra, onde os Ludistas invadiam as fábricas e quebraram máquinas e outros equipamentos que consideraram os responsáveis pelo desemprego, alguns especialistas alertam que há esse risco sim, mas o verdadeiro causador desse desemprego, segundo João Alfredo Delgado, Diretor Executivo de Tecnologia da ABIMAQ (2017), será a falta de qualificação dos trabalhadores, isso porque, tudo agora está automatizado. Para ele, o Brasil vai sofrer mais porque o país tem muitos trabalhadores despreparados. Por outro lado, há quem descarte esse futuro incerto de fatores negativos. O ex presidente do CEO Siemens em Portugal, Carlos Melo Ribeiro, que na época do Fórum de Davos, ocorrido em 2016 era o presidente da Companhia, acha pouco provável que as máquinas roubem o espaço do homem, uma vez que para ele o homem será o líder criativo e pensador. Diante do exposto, não se pode dizer que ela (revolução 4.0) só trará males, mesmo porque, os efeitos positivos são sentidos no presente enquanto que o futuro nebuloso são especulações fundamentadas em argumentos

parecidos com argumentos do passado, ditos nas revoluções industriais anteriores.

Os Engenheiros Eduardo Mario Dias e Vidal Melo, em entrevista a IHU On-Line em 2017, destacam alguns fatores importantes de melhoria por consequência da revolução 4.0. Uma delas é a área da saúde que, para eles será impactada em relação aos seus resultados. Essas inovações, segundo eles, nos permitirão viver mais tempo, com melhor qualidade de vida. Na área industrial, o nível de automação e customização será excelente. Certamente a indústria 4.0 traz consigo não só um novo conceito de indústria, mas toda uma cadeia de produção baseada em uma comunicação inteligente, através da internet das coisas que engloba interação entre máquinas, robótica, engenharia genética e outras tecnologias. Infelizmente isso ainda não é uma realidade para o Brasil.

De acordo com o Sebrae (2017), a indústria Brasileira ainda está em grande parte em transformação passando da Indústria 2.0, caracterizada pela utilização de linhas de montagem e energia elétrica, para a Indústria 3.0, que aplica automação por meio da eletrônica, robótica e programação. Para o Brasil, o desafio será entrar na revolução 4.0 de forma unilateral, considerando que somente alguns setores têm acesso às tecnologias de ponta e capital humano qualificado para tal empreendimento.

Quando se fala de forma unilateral, tem-se em mente a diversidade social econômica e cultural que o Brasil apresenta, uma vez que o país tem dimensões continentais e sua característica não é a mesma em todas as regiões do país. Existem estados e cidades com índices em educação, saúde e renda comparados a países tidos como “desenvolvidos”, enquanto outras cidades os índices de desenvolvimento humano são parecidos e até mesmo iguais a países como o Haiti.

O Brasil esbarra novamente no fator educação, isso porque, para reverter esse quadro, a saída está na educação atrelada à inovação. Pesquisador na Universidade Federal do ABC, o

consultor e especialista em Indústria 4.0 Paulo Roberto Santos, entende que “os gestores ainda não entendem os conceitos e não conseguem mensurar quais os impactos e benefícios para a sua implantação. Faltam, ainda, cursos de especialização na área e profissionais habilitados. ” (SANTOS, 2017). Com, ou sem a ajuda do governo Brasileiro, a quarta revolução industrial veio para ficar e dar continuidade a esse processo de inovações que não param mais.

Diferente do que há no Brasil, a revolução 4.0 começou a ser tema de discussão após um plano estratégico do governo Alemão em 2011, no qual teve como objetivo constituir a fábrica inteligente, um modelo de fábrica sustentado pela digitalização completa da manufatura, ligando a automação industrial e a internet das coisas. O motivo de tal decisão, representa para a empresa e consequentemente para a economia, alguns benefícios como por exemplo: redução na quantidade de erros causados por funcionários, otimização do tempo, pois os próprios equipamentos poderão fazer uma leitura estratégica para então tomar decisões assertivas, entre outros. Além disso, haverá uma grande redução do desperdício e economia de energia.