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CAPÍTULO II – E XPLORAR

2.4 Sistemas construtivos utilizados

A utilização da MLCC tem vindo a crescer nos últimos anos, existindo um grupo de edifícios em altura que já estão concluídos e ainda outros que se encontram em fase de estudo. Contudo, neste ponto importa perceber qual o nível do conhecimento atual, bem como fazer um resumo geral e sucinto daquilo que são as soluções existentes e utilizadas até ao momento.

A utilização da MLCC na construção em altura pode-se dividir em três diferentes abordagens, e como forma de explicar cada uma delas é apresentado um exemplo representativo.

13  SISTEMA INTEGRAL DE MLCC

O Stadhaus, imagem 5, o primeiro edifício em

altura construído com MLCC em Inglaterra, com nove pisos e aproximadamente 30 metros de altura, localiza-se em Hackney, no leste de Londres. É um paralelepípedo com uma implantação de 17 por 17 metros, e ocupa uma

área de 289 m2 sendo constituído por 29 apartamentos.

Concluído em 2009, o Stadhaus é destinado para

habitação, sendo apenas o rés-do-chão projetado para acolher a atividade comercial. Alberga 29 apartamentos, dos quais onze são de tipologia T1, dez T2, cinco T3 e três T4. Foi integralmente construído com painéis de MLCC, incluindo as caixas de elevador e de escadas, no entanto o rés-do-chão foi construído em betão armado, dada a suscetibilidade da madeira à humidade.

Imagem 5 -Stadhaus, Londres 7  SISTEMA HÍBRIDO MLCC-BETÃO

Com a intenção de se atingir cérceas mais elevadas, surgem as soluções híbridas, que combinam a MLCC com materiais como betão armado ou o aço. Este tipo de abordagem recorre ao betão armado para a conceção dos núcleos de distribuição vertical do edifício e do rés-do-chão, na tentativa de ganhar resistência e dar mais estabilidade às solicitações laterais da construção. Para se poder explicar sucintamente esta abordagem à utilização da MLCC na construção em altura, é apresentado um exemplo, construído na Áustria, o primeiro edifício residencial de sete andares em MLCC concluído neste país, no ano 2013.

O Wagramer Straße, (ver imagem 6) em termos estruturais, apresenta os seis últimos pisos construídos em painéis sólidos de MLCC e o rés-do-chão em betão armado, para assim cumprir os regulamentos da construção de Viena (Wiener Bauordnung) para edifícios com mais de quatro

andares. Este distingue-se do Stadhaus, apresentado anteriormente, por apresentar os três

núcleos de distribuição vertical também em betão armado, com a finalidade de obter um reforço geral do edifício e também para uma melhor distribuição das cargas.

Imagem 6 -Wagramer Straße, Viena 8

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Fonte: http://www.e-architect.co.uk/london/stadthaus-murray-grove (acedido em 9/10/14)

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 RECENTES DESENVOLVIMENTOS:FFTTSYSTEM E BARENTS HOUSE

Com o objetivo de explorar os aspetos positivos inerentes à construção de madeira em altura, existem alguns conceitos inovadores em desenvolvimento. São projetos que procuraram tirar o máximo partido das capacidades da MLCC e que, através de soluções hibridas, procuram conceber edifícios com cérceas mais elevadas e com espaços interiores mais amplos. Na imagem 7 apresentam-se dois exemplos desta nova abordagem: o Barents House em Kirkenes, Noruega e o FFTT System – Find the forests through the trees.

Imagem 7 – Barents House, Noruega (à esquerda); FFTT System, Canadá (à direita) 9

O Barents House foi projetado para atingir uma altura de 17 pisos, e apresenta um sistema construtivo estrutural que combina pilares de madeira lamelada colada (MLC), pavimentos e paredes em MLCC e um núcleo central em betão armado (imagem 8). A utilização dos elementos lineares de MLC prende-se com a vontade de obter espaços mais amplos e de conseguir aberturas maiores para o exterior e o recurso ao betão armado justifica-se com o aumento da rigidez do edifício e com a reposta aos requisitos relacionados com a resistência ao fogo.

Imagem 8 - Sistema Estrutural do Barents House 10

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Fonte Imagem Esquerda: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=886016 (acedido a 9/10/14)

Fonte Imagem Direita:http://www.archdaily.com/220779/michael-green-presents-the-case-for-tall-wood-buildings/ (acedido a 9/10/14)

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15 Por outro lado, o sistema FFTT propõe suportar um edifício de 30 andares com recurso a uma solução construtiva que combina pilares e vigas de MLC, paredes, pavimentos e núcleo central em MLCC, e vigas de aço ancoradas no núcleo central. Nesta combinação de materiais, utilizam-se os elementos de madeira para resistir a forças gravíticas, enquanto os elementos de aço resistem às forças laterais assegurando uma maior rigidez do edifício (imagem 9).

Imagem 9 – Pormenores do Sistema Construtivo FFTT 11

Ao nível estrutural, ambas as soluções exploram os pontos fortes de cada material

empregue, contudo o FFTT System, ao recorrer a elementos em aço, consegue uma maior

flexibilidade e amplitude espacial. Outra questão inovadora explorada por ambas as soluções é a exposição dos elementos estruturais em MLCC e MLC, conseguida através de fachadas de vidro, que ao exporem estes elementos asseguram a sua proteção do ambiente exterior.

As abordagens à utilização em MLCC apresentadas acima são diferentes entre si e todas elas procuram maximizar as suas capacidades. Contudo, e apesar de as novas possibilidades serem cada vez mais ambiciosas, é fácil continuar a apontar os pontos fracos de cada uma das soluções. Assim sendo, a problemática do uso da MLCC prende-se com o facto de o sistema construtivo impor limitações ao arquiteto, estando ele preso a um sistema de paredes resistentes que dá origem a uma grande quantidade de planos verticais e como tal à excessiva compartimentação do espaço interior. A motivação deste trabalho levanta-se exatamente com esta problemática, e procura encontrar soluções que permitam contornar os pontos fracos acima referidos.