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Sistemas de contenção de emergência

2. Tipos de sistemas de contenção de fachadas de alvenaria

2.3. Sistemas de contenção de emergência

Em cenários de emergência, nomeadamente após a ocorrência de um evento de natureza sísmica, derrocada ou explosão, os sistemas de contenção têm como principal objetivo suster as fachadas que se encontrem debilitadas e/ou passíveis de colapsar sobre os arruamentos contíguos. A estrutura de contenção a elevar, tem que contemplar um sistema de apoio que controle ou anule os deslocamentos fora-do-plano, enquanto operações de socorro são levadas a cabo, possibilitando a passagem de pessoas e

12 autoridades locais de socorro (Grimaz, Barazza, et al. 2010, Espasandin e Casas 2009, U.S.Army 2009, 2012, FEMA 1998, 2000).

Visto que se tratam de estruturas que devem ser rapidamente executadas, sistemas estruturais simples devem ser considerados. Nesse sentido, e considerando sistemas de equilíbrio de forças e princípios de apoio simplificados, são apresentados na Figura 4 três esquemas representativos da distribuição das forças destes sistemas a utilizar em cenários de emergência. Estes sistemas têm em conta as principais características intrínsecas dos edifícios antigos, assim como as condicionantes associadas ao enquadramento do edifício na malha urbana (Grimaz, Barazza, et al. 2010).

Sistema 1 Sistema 2 Sistema 3

P rinc ípi o de a poio S ist ema de e quil íbrio de for ça s

Figura 4 - Representação esquemática do sistema de forças, adaptado de Grimaz, Barazza, et al. (2010)

O Sistema 1 de contenção tem como principal objetivo a transmissão das forças resultantes do movimento da fachada para fora do seu plano, através de elementos estruturais que estarão maioritariamente à compressão. Este sistema tem a vantagem de permitir a execução de ligações entalhadas, o que se traduz em redução de custos associados às ligações entre elementos estruturais.

O Sistema 2 de contenção é utilizado em arruamentos com largura reduzida e assenta no mesmo princípio de apoio do caso anterior mas com transferência de cargas para os edifícios contíguos. A utilização dos edifícios vizinhos como apoio à estrutura de contenção está condicionada as seguintes aspetos: i) à disponibilidade dos proprietários

13 destes edifícios em permitir que a estrutura assuma tal configuração; e ii) à capacidade resistente destes edifícios, que em muitos caso podem apresentar níveis de degradação elevados.

Relativamente ao Sistema 3, é considerado uma solução estrutural mista composta por elementos lineares e cabos. Este esquema estrutural tem como principal vantagem a não utilização dos arruamentos e de construções vizinhas.

Com vista a uma melhor perceção das vantagens associadas a cada sistema de contenção, serão apresentados os esquemas estruturais que é possível desenvolver para cada um dos tipos de contenção referidos.

Sistema de contenção do tipo 1

O Sistema de contenção do tipo 1 ilustrado na Figura 5 aplica-se a edifícios isolados ou edifícios localizados perto de largos ou praças. A solução estrutural deverá contemplar um esquema de contenção do tipo escora que tenha em conta as condicionantes do arruamento confinante, que pode apresentar um perfil transversal regular (Figura 5 a) ou irregular (Figura 5 b). No caso de a cota do perfil transversal do arruamento ser coincidente com a cota da base da fachada, pode ser considerada a execução de uma base de apoio em que o elemento vertical é ligado a um elemento horizontal segundo o mesmo alinhamento (Figura 5 a.1) e 5 a.2). Na eventualidade do arruamento exibir um perfil transversal que não permita a colocação de uma base de apoio, pela presença de escadas ou entulhos decorrentes de colapsos, pode ser considerada uma solução do tipo escora, cuja base de apoio passa a apoiar-se num único ponto, conforme ilustrado nas Figura 5 b.1) e 5 b2) (Grimaz, Barazza, et al. 2010, Grimaz, Cavriani, et al. 2010).

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Perfil transversal do arruamento regular

Perfil transversal do arruamento irregular

a) b)

a.1) a.2) b.1) b.2)

Figura 5 - Sistemas de contenção do tipo 1, adaptado de Grimaz, Barazza, et al. (2010): a.1) contenção com base de apoio horizontal e única; a.2) contenção com base de

apoio horizontal e duplo; b.1) contenção sem base de apoio e único; b.2) contenção sem base de apoio e duplo

Sistema de contenção do tipo 2

O Sistema de contenção do tipo 2 ilustrado na Figura 6 é utilizado quando a largura dos arruamentos impossibilita a utilização estruturas de contenção do tipo escora. Este sistema tem como princípio a utilização dos edifícios, ou estruturas estáveis, do lado oposto do arruamento como apoio às estruturas de contenção. A necessidade de intervenção de autoridades de proteção civil deve ser considerada na escolha da solução estrutural a executar. Neste contexto é necessário que estas estruturas não criem um obstáculo à passagem de viaturas e/ou equipamentos de auxilio, permitindo que estas operações decorram com segurança. Na escolha do sistema estrutural a utilizar deve ainda ser tida em conta a altura da fachada a conter e da fachada que vai servir de apoio à estrutura de contenção.

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Fachada a conter com altura superior a fachada oposta

Fachada a conter com altura inferior a fachada oposta

a) b)

a.1) a.2) b.1) b.2)

Figura 6 - Sistemas de contenção do tipo 2, adaptado de Grimaz, Barazza, et al. (2010): a.1) fachada a conter com altura superior em arruamentos estreitos; a.2) fachada a conter

com altura superior em arruamentos largos; b.1) fachada a conter com altura inferior em arruamentos estreitos; b.2) fachada a conter com altura inferior em arruamentos largos.

Sistema de contenção do tipo 3

O sistema de contenção do tipo 3 ilustrado Figura 7 na prevê a utilização de cabos de aço por forma a cintar as fachadas de alvenaria, prevenindo que estas não colapsem sobre os arruamentos. Estas estruturas podem ser executadas através de uma cintagem simples, apenas com cabos de aço, ou com uma solução mista de cabos de aço e barrotes de madeira ou perfis de aço. Nos edifícios isolados a cintagem pode ser executada em todo perímetro do edifício conforme ilustra a Figura 7 a) e d). Em edifícios em gaveto ou em banda, onde a cintagem integral não seja possível, os cabos de aço podem ser ancorados nas paredes transversais, desde que esteja garantido que estas ancoragens não estejam localizadas em zonas de potencial rotura (Figura 7 c) e f). Podem ainda ser utilizadas as aberturas de vãos existentes como forma de atravessamento dos cabos de aço pelo interior do edifício (Figura 7 b). Existe ainda a possibilidade de atravessamento difundido, através da parede de fachada, de cabos de aço que ligam os elementos horizontais opostos, prevenindo elevados

16 esforços de flexão nos elementos horizontais (Figura 7 e) (Grimaz, Barazza, et al. 2010, Grimaz, Cavriani, et al. 2010).

Nas zonas de curva do cabo de aço deve ser ainda preconizada uma solução construtiva que suprima arestas salientes que podem comprometer a eficiência do sistema estrutural.

a) b) c)

d) e) f)

Figura 7 - Sistemas de contenção do tipo 3, adaptado de Grimaz, Barazza, et al. (2010): a) cintagem simples periférica; b) cintagem simples com atravessamento nas aberturas existentes; c) cintagem simples com ancoragem; d) cintagem mista periférica; e) cintagem

mista com atravessamento difundido da fachada; f) cintagem mista com ancoragem.

2.4. Sistemas de contenção de fachadas