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RACIMO

SISTEMAS DE CULTIVO

ADENSADO VIÇOSA CRUZADA CERCA VERTICAL

1 173 (0,03) 104 (0,07) 131 (0,07) 68 (0,10) 2 311 (0,04) 144 (0,08) 159 (0,06) 73 (0,07) 3 340 (0,05) 189 (0,05) 201 (0,06) 101 (0,10) 4 354 (0,05) 196 (0,07) 275 (0,04) 131 (0,05) 6 332 (0,05) 214 (0,06) 254 (0,05) 175 (0,05) 7 187 (0,04) 104 (0,11) 175 (0,06) 99 (0,09) 8 103 (0,11) 55 (0,19) 109 (0,10) 38 (0,24) 9 68 (0,09) 55 (0,12) 78 (0,03) 47 (0,09) Média 234 (0,06) 133 (0,09) 173 (0,06) 92 (0,10)

(1)valores entre parênteses representam os valores da taxa de visitação.

Neste estudo, observou-se uma maior taxa de visitação nas plantas mais saudáveis, com menos sobreposição e sombreamento. Estas características estiveram presentes nos tomateiros conduzidos nos sistemas Vertical e Viçosa, e foram determinantes para a atratividade das flores às abelhas. As maiores taxas de visitação por abelhas (Figura 9, Tabela 3) nesses dois sistemas de cultivo foram relevantes economicamente, pois o sistema Viçosa tem sido o mais indicado aos tomaticultores para obter maior lucratividade (Almeida et al., 2015), destacando-se a importância de conservação das comunidades de abelhas e dos habitats naturais próximos dos cultivos de tomate para melhorar os serviços de polinização nessa cultura, em campo aberto.

Conclui-se que no cultivo de tomate a visitação das abelhas está relacionada com a distribuição espacial das plantas, número de flores e atratividade da flor. Plantas cultivadas nos sistemas Vertical e Viçosa foram as que receberam maior número de visitas por planta.

Para a abundância de abelhas e a riqueza de espécies por dia, nos diferentes sistemas de cultivo, houve interação significativa entre a temperatura e a umidade relativa do ar (p < 0,05). Essas variáveis climáticas foram registradas por horário de coleta (Figura 10), sendo que a temperatura foi aumentando ao longo do dia e a umidade relativa seguiu o padrão inverso. Nenhuma das espécies de abelhas registradas seguiu padrões de visitação das flores em função do horário.

28 Em relação ao tipo de vibração da flor do tomateiro por parte das abelhas, observou-se que de manhã (9h) períodos curtos de vibrações eram suficientes para encher suas escopas, a carga de pólen era conseguida com visitação de poucas flores e ficavam somente em uma posição sobre a flor. Porém, a partir das 12h as abelhas realizavam várias vibrações (ao redor de cada flor) por períodos maiores, conseguindo encher suas escopas depois de visitar muitas flores. Nesse horário, as abelhas ficavam mais tempo no cultivo na procura de pólen. Esse tipo de comportamento concorda com o descrito por Buchmann (1983).

O horário de maior atividade dos visitantes florais (maior abundância de abelhas no campo) nos tomateiros em Viçosa foi de 10h às 11h. Neste horário registrou-se uma temperatura média de 25,9°C e uma umidade relativa média de 25% (intersecção das curvas na Figura 10). A partir das 14h, a atividade dos visitantes florais diminuiu consideravelmente, coincidindo com os horários mais quentes e com menor umidade relativa do ar (Figura 10 e 11). Estes resultados assemelham-se com os obtidos em estudos anteriores que concluíram que o estigma da flor de tomate encontra-se mais receptivo de 10h às 14h (Baptistella, 2013) e de 10:30h às 15:30h (Del Sarto et al., 2005).

Figura 10. Temperaturas médias (°C) e umidades relativas médias (%) registradas

durante o período de condução do experimento, na horta de pesquisa em Viçosa, Minas Gerais. 09:00-10:00 10:00-11:00 11:00-12:00 12:00-13:00 13:00-14:00 14:00-15:00 Horário de coleta 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 T e m p e ra tu ra m é d ia ( °C ) 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 U m id a d e r e la ti v a m é d ia ( % ) Temperatura Umidade

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Figura 11. Médias da abundância dos visitantes florais durante o horário de coleta. As

linhas em negrito e as linhas tracejadas representam os valores das médias e desvios padrões, respectivamente.

Na figura 12 é mostrado o comportamento do número cumulativo de espécies em função do esforço de amostragem. Isto foi analisado segundo o modelo assimptótico de Clench, que supõe que quanto maior é o tempo de coleta no campo, maior será a probabilidade de encontrar novas espécies (até um valor máximo), devido ao aumento de experiência no lugar e com a metodologia, que vai se adquirindo em campo (Soberón & Llorente, 1993).

A curva da riqueza observada (S obs) não se estabilizou, o que sugere que é preciso um esforço de coleta maior do que o utilizado para se obter uma amostra que represente melhor o número total de espécies de abelhas presentes nos tomateiros de Viçosa.

Considera-se que um estimador fornece uma estimativa útil da riqueza de espécies se a assíntota dele consegue atingir ou ficar perto do número de espécies observadas. As curvas obtidas através dos diferentes estimadores de riqueza utilizados parecem próximas da estabilização, sugerindo que a maior parte das espécies tenha sido registrada. Os maiores valores de riqueza estimada verificaram-se para ACE, ICE e

30 Jack 1, sendo que o primeiro estimador se baseia na abundância das espécies coletadas e os dois últimos na presença e ausência dos dados.

Portanto, os estimadores de riqueza de espécies mostraram que no estudo foi coletado entre 75,96% (Jack 1) e 88,27% (ACE) das espécies que ocorrem no cultivo de tomate em Viçosa, sendo que a fauna de abelhas seria composta entre 41 e 47 espécies, respectivamente (valor das assíntota das curvas Jack 1 e ACE na Figura 12). Estes resultados não concordam com o afirmado por Azevedo et al. (2008) e Santos et al. (2014), que consideraram o estimador Jack 1 como o único para comunidades de abelhas.

Os singletons e doubletons são definidos como o número de espécies representadas por um ou dois indivíduos, respectivamente (Magurran, 2004). No estudo, foram encontrados oito singletons e um doubleton, eles explicariam melhor a maior estimação de riqueza de ACE, uma vez que este estimador depende diretamente do número de espécies raras (com menos de 10 indivíduos) e do número de singletons presentes na amostra (Magurran, 2004).

Figura 12. Curvas de acumulação dos três melhores estimadores de riqueza das

espécies de abelhas, coletadas durante 144 horas de amostragem. S obs, riqueza das espécies observadas no estudo.

2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Dias de coleta 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 E s p é c ie s d e a b e lh a s S obs ACE ICE Jack 1

31 A interação polinizador-planta na cultura de tomate em Viçosa é afetada pelo sistema de cultivo utilizado. Os dados obtidos neste estudo poderão orientar modificações nos tratos culturais, no sentido de preservar as populações de polinizadores para aumentar a sua eficiência na cultura. Isto, principalmente relacionado à definição de melhores horários para a aplicação de agrotóxicos, com a finalidade de evitar seu efeito direito sobre as abelhas visitantes nos cultivos de tomate.

Conclusões

1. No cultivo de tomate em Viçosa, a visitação das abelhas está relacionada com a distribuição espacial das plantas e o número de flores. Plantas cultivadas nos sistemas Vertical e Viçosa recebem a maior taxa de visitação por planta e por flor. 2. A riqueza de espécies visitantes na parcela conduzida nos sistemas Adensado,

Cerca Cruzada e Viçosa, não diferem entre si, porém é maior que a riqueza conduzida no sistema Vertical.

3. O horário de maior atividade dos visitantes florais nos tomateiros, no município de Viçosa, é de 10h às 11h. A partir das 14h, a atividade dos visitantes florais diminui consideravelmente, coincidindo com os horários mais quentes e com menor umidade relativa do ar.

Agradecimentos

Ao professor Derly José Henriques da Silva e Victor de Souza Almeida pela ajuda na condução dos sistemas de cultivo e tratos culturais durante o desenvolvimento dos tomateiros. Aos professores Fernando Amaral da Silveira e Eduardo Almeida, pela valiosa contribuição na identificação das abelhas coletas neste estudo.

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CAPÍTULO 2

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