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7. CIRCUITO DO RECEITUÁRIO

7.2. Dispensação de Medicamentos mediante Apresentação de Prescrição Médica

7.2.2 Sistemas de Comparticipação de Medicamentos

A entidade responsável pela comparticipação da maioria dos medicamentos em Portugal está a cargo do SNS. Nem todos os MSRM são comparticipados, e mesmo estes, podem ser comparticipados por outras Entidades ou pelos laboratórios - Programas de Apoio Especial. Para além dos MSRM, existem PS que estão sujeitos a compartipação, como descreve o subcapítulo 7.6.4.

A comparticipação é o valor suportado pela entidade responsável em cada medicamento. No caso do SNS, prevê-se a existência de um regime geral e um regime especial de comparticipação.

No Regime Geral de Comparticipação de Medicamentos, existe um sistema de escalões (Tabela 2) e a atribuição do escalão depende da classificação farmacoterapêutica, sendo os medicamentos utilizados em doenças incapacitantes ou crónicas alvo de uma comparticipação superior, diminuindo o encargo financeiro do utente.26

Tabela 2 – Grupo de Medicamentos Comparticipados pelo Regime Geral de Comparticipação e respetivo escalão correspondente, de acordo com a portaria em vigor.

Alguns medicamentos incluídos no Escalão A, por serem considerados impriscindíveis à vida, são comparticipados a 100% (em ambos os regimes de comparticipação).27

SISTEMAS DE ESCALÕES E GRUPOS DE MEDICAMENTOS COMPARTICIPADOS ESCALÃO A – 90% DE COMPARTICIPAÇÃO DO PVP

- Medicamentos específicos para a hemodiálise.

- Medicamentos anti-hemofílicosi e anti-infecciosos (AntituberculososI e AntilepróticosI).

- Hormonas e medicamentos usados no tratamento das doenças endócrinas (por ex. insulinas, homorna do crescimentoII).

- Medicamentos usados para Sistema Nervoso Central (SNC) (por ex. antiparkinsónicos; antiepiléticos e anticonvulsivantes).

- Medicamentos usados em afeções oculares,

- Medicamentos antineoplásicosI e imunomoduladoresi.

ESCALÃO B – 69% DE COMPARTICIPAÇÃO DO PVP

- Medicamentos anti-infecciosos; Sangue; Aparelhos cardiovascular, digestivo, respiratório, locomotor e geniturinário.

ESCALÃO C – 37% DE COMPARTICIPAÇÃO DO PVP

- Medicamentos Anti-infecciosos (anti-helmínticos);

- Medicamentos para SNC (por ex. antieméticos, analgésicos e estupefacientes). - Medicação antialérgica.

- Nutrição e Metabolismo. - Vacinas e Imunoglobulinas.

ESCALÃO D – 15% DE COMPARTICIPAÇÃO DO PVP

O Regime Especial de Comparticipação de Medicamentos compreende dois tipos de comparticipação28:

Em função dos beneficiários: para os pensionistas cujo rendimento não exceda o valor estabelecido pela legislação descrita, acresce ao Escalão A uma comparticipação 5% superior e nos Escalões B, C e D uma comparticipação de 15% superior. É possível uma comparticipação de 100% caso optem por um dos cinco medicamentos com preço mais baixo do Grupo Homogéneo (GH) em que estão incluídos.29

Em função das patologias ou de grupos especiais de utentes: nestes casos, o Médico prescritor deve indicar na receita o diploma correspondente. Os principais Diplomas que regem as comparticipações especiais nas farmácias encontram-se resumidos abaixo (Tabela 3).

Tabela 3 – Patologias, Percentagem de Comparticipação e respectiva legislação abrangidas pelo Regime Especial de Comparticipação de Medicamentos.

Fonte (Infarmed, Regimes excecionais de comparticipação)

Despacho n.º 11387-A/2003

Lúpus, Hemofílicos, Hemoglobinopatias (100%)

Despacho n.º 13020//2011

Doença de Alzheimer (37/52%)

Portaria n.º 281/2017

Artrite reumatoide espondilite anquilosante (100%)

Despacho n.º 21094//1999

Psicose maníaco-depressiva (90/95%)

Despacho n.º 1234/2007

Doença inflamatória intestinal (90/95%)

Despacho n.º 4521//2001

Paramiloidose (100%)

Portaria n.º 331/2016

Dor oncológica moderada a forte (90/95%)

Lei n.º 6//2010

Psoríase (90/95%)

Portaria n.º 329/2016

Dor crónica não oncológica moderada a forte (90/95%)

Despacho n.º 5635-A/2014

Ictiose (90/95%)

Despacho n.º 10910//2009

Quando bem fundamentado, pode ocorrer exclusão ou alteração da comparticipação de um determinado medicamento. São exemplo: eficácia ou efetividade não demonstrada; menor valor terapêutico comparativamente com medicamentos comparticipados com a mesma finalidade terapêutica; reclassificação como MNSRM, nos termos do Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto30.

No decorrer do estágio, o Dolenio® e outros medicamentos com 1500 mg de Sulfato de

Glucosamina, até então classificado como MSRM comparticipado, foi reclassificado como MNSRM, perdendo a comparticipação por parte do SNS.29

Para além do SNS, existem acordos estabelecidos entre a ANF com Outras Entidades (OE) ou Programas de Apoio Especial (PAE) que comparticipam ou dão apoio em medicamentos e outros PS.

A dispensação de medicamentos faturados a OE pode ser efetuada de duas formas, em Complementaridade com o SNS ou Faturação diretamente à Entidade (ou em certos casos as duas modalidades para a mesma entidade), como esquematizado abaixo.

Outras Entidades

Complementaridade com o SNS

Recolha obrigatória do número de beneficário e validação online do cartão. A não validação do cartão poderá gerar Retificações das Entidades.

RM e REM - cópia da receita, uma faturada ao SNS e a cópia á entidade complementar

RED - Talão de faturação impresso automaticamente pelo sistema informático, assinado pelo utente e devidamente carimbado e assinado pelo responsável da dispensação

Exemplos: Caixa Geral de Depósitos (CGD), Serviços de Assistência Médica (SAMS), Sávida.

Faturação direta à

entidade Mais comum nos acordos com as Seguradoras

A comparticipação poderá ser suportada na totalidade pela entidade

Os modelos de receita são definidos por cada Acordo

É impresso apena um documento de Facturação à entidade, datado e assinado pelo responsável da dispensação

A dispensação de medicamentos abrangidos pelos PAE processa-se de forma similar à dos restantes medicamentos. Ocorre essencialmente em laboratórios responsáveis pela comercialização dos medicamentos abrangidos. São exemplos: Betmiga®, Exelon®,

Saxenda®, entre outras especialidades farmacêuticas.

7.2.2.1 Medicamentos Genéricos e Preços de Referência

O crescente e elevado consumo de medicamentos, tanto em Portugal como nos restantes países da União Europeia, determinou a necessidade de implementar medidas de racionalização dos medicamentos, numa prespectiva de rentabilização da despesa para o

utente e para o Estado. 31

Neste sentido, desde a prescrição à dispensa de medicamentos, os profissionais de saúde

envolvidos devem informar o utente da existência de MG.31

Um MG é um medicamento com a mesma substância activa, forma farmacêutica e dosagem e com a mesma indicação terapêutica que o medicamento original, que serviu de referência.32

Desde que demonstrada a bioequivalência com base em estudos de biodisponibilidade ou da equivalência terapêutica através de estudos de farmacologia clínica, a AIM dos MG está dispensada de apresentação de ensaios pré-clínicos e clínicos.32

O sistema de preços de referência é um subsistema de comparticipação aplicado quando existem MG comparticipados. Define-se como o valor de comparticipação do estado no PVP dos medicamentos inseridos num determinado GH, de acordo com o escalão.29 Este

simboliza o preço médio dos cinco medicamentos com PVP mais baixo do mercado, sendo isto revisto periodicamente.

Fazem parte de um determinado GH, medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, forma farmacêutica, dosagem e vias de administração, no qual pelo menos se inclua, um MG disponível no mercado.32

A legislação obriga que todas as farmácias devem ter disponível, no mínimo, três medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem, de entre os que correspondam aos cinco preços mais baixos de cada GH.22 Quando esta situação não se

necessárias ao fornecimento de determinado medicamento que não esteja disponível em stock.33 Assim, durante a dispensação, é da responsabilidade do Farmacêutico informar o

utente da existência de MG similares ao prescrito, comparticipados pelo SNS, e qual o de menor valor. Quando o utente opta por um medicamento de valor superior ao dos cinco mais baratos, paga essa diferença, exercendo o direito de opção.15,22

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